17.

65 11 3
                                    

O mundo de Beatrice parecia ruir de forma avassaladora, como se a própria terra tivesse se aberto sob seus pés, engolindo cada pedaço de sua existência

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O mundo de Beatrice parecia ruir de forma avassaladora, como se a própria terra tivesse se aberto sob seus pés, engolindo cada pedaço de sua existência. Os fragmentos de sua vida, antes intactos, agora eram meras lembranças estraçalhadas, impossíveis de serem coladas de volta. Seus olhos, antes cheios de esperança, agora eram poços de desespero. Mesmo inundados de lágrimas, ela não conseguia enxergar nada além do vácuo que se expandia à sua frente, uma escuridão que ameaçava consumi-la por completo.

Os sons do hospital, os ecos distantes de vozes que a cercavam, eram nada além de ruídos irreconhecíveis, como se estivesse mergulhada em um oceano profundo, submersa naquelas águas turvas de incredulidade e angústia.

Cada passo que dava para longe daquele lugar parecia uma derrota amarga. Seu corpo se movia por pura inércia, os joelhos quase cederam sob o peso insuportável da verdade que acabara de descobrir. As pernas tremiam tanto que ela mal conseguia manter o equilíbrio. Seu peito doía com uma força esmagadora, como se o coração, em algum momento, houvesse desistido de bater de maneira regular, e agora estivesse apenas em um ritmo caótico, tentando resistir à dor.

As palavras... aquelas malditas palavras repetiam-se incessantemente, uma tortura que ecoava como um sino fúnebre na sua mente: “Foi a sua mãe.”

Minha mãe...

O pensamento explodiu em sua cabeça com uma brutalidade que quase a derrubou ali mesmo, no meio da calçada fria. A noite estava afiada, cortando sua pele com o vento gelado, mas nada, absolutamente nada, podia tirá-la do torpor que a envolvia. Sentia-se como uma alma perdida, vagando em um mundo que já não reconhecia. A minha mãe? A pergunta era um grito silencioso, uma prece desesperada por respostas que ela sabia que jamais receberia.

Cada respiração era uma luta, o ar parecia pesado demais, quase impossível de absorver, como se o próprio oxigênio a estivesse traindo.

E então veio a náusea, uma onda impiedosa que subia em sua garganta, ameaçando sufocá-la com o peso insuportável da verdade. Ela parou por um momento, agarrando-se a um poste, tentando não desabar ali, naquele asfalto duro e implacável. Seus dedos cravaram-se no metal frio, mas nem isso trazia conforto. Nada traria. Seu corpo todo tremia, o estômago revirado, o pânico apertando seu peito com garras afiadas.

Como ela pôde fazer isso? Como sua mãe, a mulher que a amamentou, que cuidou dela em seus momentos mais frágeis, podia ser a mesma pessoa que tentou destruir a vida de seu pai? As perguntas perfuravam sua mente como adagas, girando sem misericórdia, e Beatrice não conseguia encontrar as respostas.

O gosto amargo da traição queimava sua língua. O choque e a revolta misturavam-se, formando um turbilhão insuportável. Beatrice se sentia órfã de mãe, mesmo sabendo que a mulher ainda estava viva. Como se todas as memórias, todas as risadas e momentos compartilhados tivessem sido manchados para sempre. Era como se a mulher que ela sempre conheceu tivesse morrido naquele momento, e uma estranha, fria e implacável, tivesse tomado seu lugar.

Revenge (Jeon Jungkook)Onde histórias criam vida. Descubra agora