Capítulo 06 - Engfa

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Engfa's point of view

Não acreditei que colocaram aquela garota na mesma cela que eu! Não consegui me controlar, eu nunca tinha batido em alguém antes, nem dentro da prisão e nem fora dela. Acho que deixei o ódio e a situação do momento me consumir.

Quando me dei por conta já estava em cima da novata, por algum motivo eu me senti imóvel, apenas olhava para ela e via lágrimas descer e molhar seu rosto pálido, ela estava assustada. Eu não podia fazer aquilo.

Abaixei meu punho que estava cerrado e me levantei saindo de cima da garota, porém ela nem percebeu, acho que estava muito assustada, voltei para minha cama e me deitei olhando para a parede, eu estava torcendo para ninguém vir até a cela mas ela tarde demais, ouvi o barulho das chaves e uma voz, com certeza era Lisa, então nem me virei para verificar.

- Charlotte! - Ela chamou autoritária

Era melhor não ser "teimosa" naquele momento, já fiz errado em ter avançado na garota. Desci da beliche sem falar e sem olhar diretamente para as duas, Lisa me algemou me guiando para fora da cela e me deu um empurrão, porra precisava disso?

- Vamos. - Ela disse friamente.

Charlotte permaneceu na cela enquanto Lisa me levava para longe, depois de uns segundos caminhando estávamos no banheiro, lá não tinha câmeras. "Estranho" eu pensei, previ que ela me bateria até ficar desacordada, então já estava me preparando para os socos e tapas, talvez ela verdadeiramente fosse idiota como as outras policiais.

- Ai! - Murmurei ao sentir ela me empurrar, cai sentada no vaso sanitário, por sorte a tampa estava para baixo.

- Qual seu problema?! - Ela perguntou furiosa.

Não respondi.

Vi ela levantar a mão em minha direção e fechei os olhos me preparando para sentir meu rosto queimar com o tapa.

- Olhe.

Ela ordenou e abri meus olhos, ela estava com uma carta na mão.

- O que é isso?

- Uma carta, não está vendo?

"Estúpida", pensei.

- Sim, eu sei que é uma carta.

- Então por que perguntou? Idiota.

Não respondi.

- Escute, eu sei... que exportava produtos ilegalmente.

- Fale baixo! - Eu sussurrei.

- Ow. - Ela debochou. - Está com medo? Quem diria...

- Escute... - Eu iniciei a fitando. - Eu tive motivos para fazer isso, eu precisava ajudar minha família Lalisa... era um meio de...

- Xiu! Não quero saber do seu conto se fadas. Escute, ninguém sabe sobre isso além de mim, se você escolher se comportar continuará sendo assim.

- O quê? - Questionei confusa. - Isso não é errado?

- Ninguém irá saber. - Ela sussurrou com um leve tom de deboche em sua voz.

- Isso é errado. "Porra! Cala boca Engfa!", eu mesma me repreendi em mente.

- Olhe... - Ela iniciou e começou a abrir a carta, Lalisa me mostrou um nome ao lado do celo na carta, havia um nome... um nome conhecido.

- Kirk... - Eu disse baixinho.

- Conhece esse rapaz? - Ela perguntou e eu a fitei.

- Isso não interessa a você... - Eu ao menos terminei de falar e sentir Lisa agarrar meu maxilar, mantendo nossos rostos próximos. Por acaso ela era lésbica? - Ri com meu pensamento.

- Do que está rindo sua idiota?!

- N-nada... - Estava com dificuldade de falar por conta de sua mão apertando minha mandíbula.

- Escuta garota, eu estou sendo muito legal e tentando lhe ajudar, então se quiser sair daqui em alguns meses, é melhor cooperar ok? - Ela disse vagarosamente.

Apenas afirmei com a cabeça e ela soltou minha mandíbula.

- Por que está fazendo isso?

- Eu faço as perguntas, entendido Engfa?

- Sim. - Concordei e rolei os olhos.

Conhece esse rapaz, sim ou não?

- Sim, eu conheço.

- Ele é um dos meus companheiros, ele também me incriminou.

- E você chama isso de "companheiro" ? - Ela disse e riu.

-Isso não tem graça!

-Eu achei engraçado.

"Foda-se" . Eu pensei.

Sabe mais alguma coisa?

Claro que sei, ele era meu parceiro.

Me conte mais...

Olha... - Iniciei. - Você não tem nada haver com isso, por quê se preocupa?

- Escute Engfa, eu apenas não gosto de injustiça e sei quem verdadeiramente cometeu crimes aqui dentro e quem é inocente, só não gosto de injustiças, só precisa saber disso.

Achei essa historinha e esse discurso meio fraco, mas pelo menos ela estava do meu lado, porém se foderia se as polícias soubessem. - Ok. - Eu disse e afirmei com a cabeça. - Se quer informações vou lhe contar tudo.

- Ótimo. - Ela disse e cruzou os braços. - Estou ouvindo.

Bom... - Iniciei.

Alguns minutos depois eu tinha contado tudo que sabia de Kirk para Lalisa, "espero ter feito a coisa certa", eu pensei.

Bom trabalho, garanto que isso vai te tirar daqui em alguns meses, porém preciso de mais informações.

- Pode perguntar o que quis...

- Não, não agora, podem perceber que você está fora da cela e que eu não estou presente rondando o lugar, não quero que desconfiem de mim, isso estragaria tudo.

- Certo. - Eu disse e afirmei com a cabeça.

- Semana que vem, faça alguma burrice e eu vou buscá-la novamente.

- Burrice?

- Sim, como...

- Como bat...

- Não! Não bata na novata, ela também é inocente.

- Como tem tanta certeza?

- Apenas olhe para ela, ela é muito doce para estar aqui.

- Hum. - resmunguei. - Você se interessa muito por mulheres não é? Principalmente pela Jen...

- Calada! Vamos, tenho que verificar a cela sete ainda hoje.

- Claro. - Eu disse e rolei os olhos. - A cela da sua namoradinha.

- Se falar isso novamente levará outro soco na cara. - Ela disse baixinho mas furiosa, o que fez eu rir.

- Perdão Sr. Lalisa. - Debochei e me levantei. - Tenha uma boa noite com sua garota.

- Argh! - Ela resmungou. - Vamos!

A CRIME FOR LOVE • EnglotOnde histórias criam vida. Descubra agora