Aulas Para Uma Virgem - Amanda Plath

capítulo 5

A minha primeira semana no set de filmagens passa voando, eu ainda não sei onde é cada lugar, e por mais que o meu papel seja mais dar ideias de como melhorar o roteiro, já que não sou a roteirista principal, fico mais na parte administrativa da coisa. Vejo com frequência os outros roteiristas, exceto Emilly, ela sempre está no set dando um jeito de ver Henry. Eu nunca mais vi ele, aliás. Eu tento pensar em alguma coisa para incrementar o roteiro, as cenas, pra deixar tudo ainda melhor, as ideias pulam da minha cabeça e eu as coloco no papel, a mesa de Emily está sempre vazia, se ela continuar assim logo será despedida. Os outros roteiristas que entraram juntos comigo são bastante esforçados, um deles se chama Giovanni, um italiano de quase 1,90 de altura. Ele fala muito bem a língua e é sempre muito simpático, o seu nariz adunco dá um visual exótico a ele. Ele lembra um ator famoso que agora não lembro o nome, aliás, já percebi que sou péssima nisso.

Na hora do almoço eu pego a minha bolsa e saio da sala e na porta está Henry, encostado no batente.

—Oi.—ele diz me dando um largo sorriso.

—Se está procurando sua amiguinha ela já saiu pra te procurar.—eu digo me esquivando dele.

Ele agarra a minha mão e nós nos olhamos, seus olhos azuis penetrantes me deixam tonta. Ele interrompe e diz.

—Na verdade eu estava procurando por você.

—Por mim? Por quê? —eu digo surpresa enquanto agarro a minha bolsa em uma tentativa de proteção.

—É, ia te chamar pra almoçar. Conheço um restaurante bem bacana aqui perto.

—E o que te faz pensar que eu aceitaria? —eu digo dando uma risada sarcástica.

—A fome? Olha, não me leve a mal, mas você não é tudo isso pra todo homem só se aproximar de você com segundas intenções.

—Não sou tudo isso? Que belo cavaleiro você é heim. —eu olho para baixo envergonhada.

—Desculpe, me expressei mal. Você é sim muito bonita. Muito mesmo. E não um bonita do tipo capa de revista, e sim bonita do tipo misteriosa, que instiga e faz querer descobrir tudo sobre você. —ele põe as mãos no bolso envergonhado, depois de se dar conta do que acabou de dizer.

—Uau. Não sabia que você poderia ter esses pensamentos. Geralmente só mulheres tem esse tipo de pensamento.

—Como? —ele se inclina para perto de mim, surpreso.

—Sei lá, homens geralmente não veem além da beleza exterior. Geralmente mulheres tem esses pensamentos, sobre beleza magnética e exótica e tal. Como o Giovanni. Ele é bonito pra mim, mas algumas mulheres sem a minha profundidade podem não achar ele bonito o suficiente.

—Giovanni? —ele muda de expressão rapidamente. O maxilar está levemente cerrado e posso ver uma pequena faísca em seus olhos.

—Desculpa. Acabei falando demais. —eu me encolho.

—É o seu namorado? —ele diz tentando parecer relaxado.

—Não, é só um cara que eu tô afim.

—E ele ainda não chegou em você? —ele questiona, curioso.

—Ele nem sabe. —eu olho para o lado, constrangida.

—E porque você não diz isso a ele?

—Não consigo. Sou tímida demais pra isso, eu nem sei se conseguiria... como reagiria se ele quisesse...

—Quisesse o que? Transar?

—Beijar. E isso também, é claro.

—Então você tá me dizendo que nunca beijou ninguém?

Ele muda de repente, agora parece realmente se importar. Ele me escuta fielmente até que eu diga.

—Eu não tive muito tempo pra isso, sabe? Eu trabalhava e estudava muito, quando não era isso eu cuidava de casa. Até apareceram uns carinhas mas as coisas nunca foram adiante.

—Então você ainda é virgem?

Um silêncio constrangedor toma conta do lugar.

—É, acho que tenho uma resposta. —ele diz passando a mão nos cabelos, enquanto eu me encolho mais ainda.

—Não quero falar sobre isso aqui. —eu digo olhando para os lados.

—Então você aceita almoçar comigo? Eu quero saber mais de você.

—Certo.

Nós andamos até fora do prédio e ele abre a porta do carro, na calçada vejo Emilly olhando furiosa. Eu a ignoro e me concentro. Afinal de contas, o que diabos eu estou fazendo indo contar da minha vida a um estranho? Ideia idiota, Louise. Ideia idiota.