01 ‧ Satoru

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vamos aos avisos de sempre?

- é uma adaptação da trilogia de mesmo nome da autora nr walker
- a história se passa na Austrália
- como dito na sinopse, os satosugu já namoravam e moravam juntos antes do acidente do gojo
- tem um pouco de angst no começo, mas com o tempo vai diminuindo, prometo, eles são bem fofuxos juntos

acho que é só isso, por enquanto, boa leitura e espero que vocês gostem ♡

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Suguru deslizou uma caneca de café na bancada da cozinha na minha frente.

— Você vai precisar ir na van hoje — disse ele, acenando para o dia nublado e sombrio.

Suspirei.

— Obrigado — murmurei antes de tomar um gole.

Eu não tinha certeza se aquela ordem vinha do meu namorado ou meu chefe. Embora isso fosse provavelmente injusto. Suguru era namorado e chefe, e nunca tivemos problemas com linhas borradas antes. Eu só estava irritado.

Eu não estava de mau humor, não exatamente. Eu só não era uma pessoa matinal. O tempo chuvoso não ajudava, considerando que eu seria o mecânico atendendo em domicílio, o que significava que eu estaria trabalhando na chuva hoje. Eu adorava meu trabalho e amava Suguru. Eu só não gostava das manhãs. Suguru apertou meu braço e conteve um sorriso enquanto ele saía da cozinha.

Conheci Suguru quando eu tinha vinte e cinco anos. Eu tinha acabado de voltar a Newcastle depois de passar dois anos em Darwin. A melhor oficina mecânica de motos da cidade estava à procura de um novo mecânico, e eu era a pessoa perfeita para o trabalho. Eles queriam um especialista em KTM¹ dedicado e esforçado, e foi isso que conseguiram. Eu estava procurando um emprego e certamente não estava procurando ativamente por um namorado, mas junto com o emprego perfeito, encontrei um cara que combinava perfeitamente comigo.

Ele era alto e lindo, com cabelos escuros e penetrantes olhos ametistas. Ele também era do tipo forte e tranquilo, trabalhador, exigente, mas justo, e todos o respeitavam. Ele também era gentil e doce, tinha um senso de humor peculiar e faria qualquer coisa para ajudar alguém. Também ajudou que compartilhássemos a paixão por motos e nenhum de nós se importava com as unhas manchadas de graxa e o cheiro permanente de óleo em nossa pele.

Ser gay e mecânico já era bastante difícil. Nunca me ocorreu ficar olhando para um cara em qualquer oficina em que trabalhei. Normalmente, as oficinas tinham calendários de mulheres nuas e homens que se gabavam de suas transas e o placar do futebol no fim de semana.

Mas Suguru não era assim, e nem sua oficina. Ele era diferente. E quando comecei a trabalhar com ele, pensei que estava imaginando a forma como o olhar dele se demorava um pouco demais ou como ele parava e sorria para mim... porque de jeito nenhum ele me olharia assim.

Não fazia muito tempo que eu trabalhava lá quando Hakari, outro mecânico e um bom amigo de Suguru, me perguntou se eu tinha namorada. Eu ri, balançando a cabeça, não querendo revelar minha sexualidade, mas então ele perguntou se eu tinha namorado.

Eu congelei, e em algum lugar da oficina uma chave inglesa bateu no chão de concreto.

— Está tudo bem. — dissera Hakari, sorrindo um pouco demais. — Quero dizer, estamos de boa com isso aqui. Né, Suguru?

Eu olhei para Suguru, onde ele estava pegando sua chave inglesa enquanto eu tentava não surtar e me perguntava a melhor maneira de negar tudo.

— Claro que está tudo bem. — Suguru murmurou, olhando furioso para Hakari antes de voltar para a moto em que estava trabalhando.

Pieces of Us | SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora