09 ‧ Suguru

293 56 169
                                    

Eu acordei antes dele e pensei que seria melhor se ele não acordasse e surtasse por eu estar na cama dele. Saí de baixo das cobertas, vesti uma camisa e fui fazer um café da manhã para nós. Levei a bandeja de café descafeinado e torradas para o quarto e ele acordou.


— Bom dia. — eu disse, incapaz de não sorrir.

— Mmm — disse ele, tentando acordar.

— Café da manhã na cama hoje. — eu disse.

Ele se sentou, encostado na cabeceira da cama, com os olhos turvos.

— Oh, bom dia.

— Como você está se sentindo?

— Bem. — ele olhou para o meu lado desarrumado da cama. — Ah. Me desculpe pela noite passada.

Deslizei a bandeja para a cama.

— Não se desculpe. Foi bom. Na verdade, eu, hm, dormi como um morto.

Ele murmurou.

— Eu também. Dormi a noite toda. Tirando o pesadelo... mas quando você estava aqui, foi... bom. Melhor sono que já tive.

Eu entreguei a ele o café.

— Você se lembra do pesadelo?

Ele balançou a cabeça.

— Não. É só escuridão e queda. É horrível. — ele tomou um gole do café e suspirou. — Mas eu tive o outro sonho de novo, eu acho. Depois. Não sei. Não faz muito sentido na minha cabeça. É difícil dizer se é um sonho ou realidade. Se estou me lembrando de algo ou se é apenas um sonho.

O outro sonho?

— O que era?

Ele fez uma careta.

— O sonho do pôster.

— Ah, certo. O pôster da Harley Davidson.

— Não sei. É como um cartaz ou um pôster, eu acho. Se é apenas um sonho ou se eu o vi uma vez, não sei.

Eu ri e mordi um pedaço de torrada.

— Sonha com motos com frequência?

Ele riu baixinho, largou a xícara e pegou uma fatia de torrada.

— Na verdade não. Este pôster da Harley é uma repetição.

— Você sonha com isso muitas vezes?

Ele assentiu enquanto mastigava e engolia.

— Achei que poderia haver algo parecido aqui. É como se devesse estar em casa. Tem algum cartaz na oficina?

— Não. Tem um pôster da KTM, que você colocou lá. E um da Yamaha que o representante nos deu para combinar com o seu da KTM, como uma piada. E apenas alguns calendários de motos e pôsteres promocionais de pneus e outras coisas. Mas nada de Harleys. Mas fomos a algumas feiras comerciais. Talvez você tenha visto algo lá. A médica disse que o que volta para você pode ser aleatório.

Ele deu de ombros.

— Algo não aleatório seria bom. — ele engoliu o resto da torrada com um gole de café. — Deus, eu queria poder cortar esse gesso. Coça pra caralho. Estou de saco cheio. Temos alguma serra lá embaixo? Uma rebarbadora?

— Você não vai usar uma rebarbadora no seu braço.

— Uma serra?

— Eu vou dizer um não firme para isso também. Vou te levar para o hospital e você pode implorar para eles tirarem o gesso antes de tentar usar ferramentas elétricas.

Pieces of Us | SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora