15 ‧ Suguru

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A semana seguinte foi cheia de pequenas melhorias. Satoru conseguiu se livrar da tipoia que ele odiava tanto, e ele estava andando cada vez mais. Ele ainda usava a scooter, principalmente na oficina, mas no apartamento ele ficava de pé. Ele tentou usar uma muleta, mas agravou o braço dele e ele ficou frustrado com ela em cerca de dez segundos e voltou para a scooter.

Eu brinquei com o fisioterapeuta dele que tudo devia ser com rodas. Se você quer deixar Satoru feliz, dê algo com rodas a ele.

Ele voltou ao neurologista e o médico estava satisfeito com a saúde de Satoru. Ele teve uma consulta com a doutora Ieiri, e ela ficou tão feliz com as melhorias dele e as memórias recuperadas que quase chorou. Ou talvez fosse porque Satoru ficou emocionado quando estava contando a ela e ela se encheu de simpatia.

Ele se lembrou de algumas outras coisas durante a semana. Coisas pequenas, aparentemente sem importância e aleatórias, como um par de sapatos, quando íamos às corridas e ele ganhou cinquenta dólares em um cavalo, e quando Squish ainda era um filhote. Mas cada pequena peça do quebra-cabeça tornava a imagem um pouco mais clara.

Ele terminou de trabalhar nos dois motores antigos que apelidamos de seus quebra-cabeças de terapia e ele começou a ajudar Choso em alguns pequenos trabalhos. Porém, ele nunca se forçava e conhecia seus limites porque sabia muito bem que se se esforçasse demais, ficaria um caco o dia inteiro.

Então ele trabalhava algumas horas todas as manhãs e parava quando sua enfermeira chegava. Ele almoçava e tirava uma soneca no sofá com Squish, e começava a preparar o jantar antes de eu subir.

Ele até pesquisou algumas receitas no telefone, e para mim isso foi um sinal óbvio de que ele estava melhorando. Ele estava tomando a iniciativa e pensando no futuro. Após o acidente, Satoru ficou em um estado tão nebuloso que ele apenas sentava e esperava, concordando com tudo o que eu sugeria. Agora ele estava lendo mais e assistindo a mais programas na TV que exigiam raciocínio.

Era fácil acreditar que as coisas estavam... melhorando. Eu não queria dizer “voltando ao normal” ou “voltando ao que eram” porque isso nunca aconteceria. O acidente o mudou para sempre. Mudou a nós para sempre. Mas agora, estávamos em uma situação muito boa; Satoru estava ficando melhor e mais forte a cada dia, ele estava mais feliz, e dávamos as mãos e nos aconchegávamos no sofá, ele se agarrava a mim durante o sono e nos beijávamos algumas vezes. Era como namorar novamente.

E de muitas maneiras, foi mais doce na segunda vez. Não era tudo sobre sexo agora, como tinha sido na primeira vez. Nos apaixonamos de um jeito intenso e rápido e não conseguíamos parar de tocar um ao outro naquela época. Agora estávamos indo devagar e aprendendo um sobre o outro.

Claro, eu acordava duro na maioria dos dias, mas era só o meu corpo reagindo a ele estar tão colado em mim. Eu estava muito contente em manter as coisas em um ritmo lento entre nós. Satoru parecia alheio à minha ereção matinal, e ele nunca pareceu curioso sobre sexo. Ele não estava pronto, física, mental ou emocionalmente, de qualquer maneira, e ficar agarrado com ele no sofá e beijando e rindo nos comerciais dos programas que assistíamos era perfeito para mim.

Se isso fosse tudo o que fizéssemos pelo resto de nossas vidas, eu seria um homem feliz.

Na sexta-feira à noite, Satoru preparou o jantar, e eu limpei tudo enquanto ele conversava com Tsuyu e as meninas ao telefone. O tempo tinha esfriado, então ele estava acomodado no sofá com um cobertor, e eu me juntei a ele logo depois com uma tigela de pipoca assim que o futebol começou.

Satoru estava olhando para a tela, mas não parecia estar vendo nada.

— Como Tsuyu está? — perguntei.

Pieces of Us | SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora