05 ‧ Suguru

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quase 7k de palavras senhoor

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Nos dias seguintes, Satoru quis escapar de seu quarto na cadeira de rodas e eu fiquei muito feliz em ajudar. Ele tirou os grampos da perna, fez fisioterapia e estava comendo mais. Ele ainda ficava exausto facilmente, ainda esquecia algumas palavras quando estava cansado e ainda tinha fortes dores de cabeça. O médico disse que essas coisas poderiam, e provavelmente levariam, semanas ou meses para diminuir. Talvez até mais.

E tudo bem pra mim. Eu ficaria ao lado dele. Eu estava com ele antes do acidente, e eu não era do tipo que desistia quando as coisas ficavam difíceis. E principalmente não quando ele mais precisava de mim.

Quando voltei ao hospital após o período obrigatório de descanso do meio-dia, ele ainda estava dormindo. Ele esteve olhando as fotos de novo porque elas estavam em uma pilha bagunçada, e o baralho de cartas que eu trouxe para ele também estava em sua mesa.

Cada visita era diferente, e eu nunca sabia no que estaria me metendo. Ele estaria de bom humor? Ele estaria enjoado? Ele estaria bravo, frustrado ou dolorido por se esforçar demais? Ele estaria mais cansado do que o habitual? Ou estaria ansioso para sair do quarto de novo?

Ele estar dormindo, ou pelo menos cochilando, não era muito incomum. Exaustão e cansaço constante eram comuns após uma lesão cerebral. Então eu plantei minha bunda no assento e respondi alguns emails no meu telefone que eu ainda não tinha respondido.

Satoru começou a se mexer. Não, não para acordar. Ele ainda estava dormindo profundamente. Ele estava tendo um pesadelo. Ele começou a se contorcer e murmurar durante o sono, lento no começo, mas depois urgente e um pouco assustado. Seu rosto estava franzido de dor e seu corpo estremeceu, com seus murmúrios ficando frenéticos.

Ele ia machucar o braço ou reabrir as cicatrizes na perna.

Eu peguei a mão dele.

— Ei, Satoru. — eu o acalmei. — Ei, gatinho.

Ele estremeceu de novo e gemeu como se algo doesse. Me levantei e coloquei minha mão em sua bochecha.

— Sato, está tudo bem. Acorde. Estou aqui com você.

Seus olhos se abriram, selvagens e cegos, até que a dor voltou e ele gemeu enquanto caía de volta na cama.

— Foi só um sonho — sussurrei. — Você está bem. Você está seguro aqui.

Ele soltou um suspiro trêmulo, com os olhos fechados e balançou a cabeça.

— Porra.

Dei a ele alguns segundos para respirar fundo e se recompor.

— Só um pesadelo — murmurei.

Quando ele estava mais calmo e respirando melhor, perguntei:

— Você se lembra do que era seu sonho?

Seus dedos agarraram os meus e notei que sua força estava definitivamente voltando, e depois de um longo tempo, ele balançou a cabeça.

— Não.

Eu suspeitava que ele pudesse ter pesadelos sobre o acidente, e não sabia se estava decepcionado por ele ainda não conseguir se lembrar ou se eu estava feliz por ele não conseguir.

Eu queria que ele se lembrasse de algo.

Qualquer coisa.

Ele manteve os olhos fechados enquanto se concentrava em respirar, e eventualmente soltou minha mão para poder se sentar um pouco mais.

Pieces of Us | SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora