Prólogo

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Quando o punhal encontrou a pele de Rhaenyra, uma corrente invisível de emoção pareceu ligá-la a Sunfyre, o dragão de seu meio-irmão. A besta moveu-se lentamente em direção a ela, suas narinas dilatadas buscando o cheiro de sangue. Rhaenyra permaneceu estoica, sem um tremor sequer, seus olhos fixos em Aegon II, transbordando de ódio. Ele parecia encharcado de vinho, como sempre embriagado, como sempre permaneceria na memória da mais antiga Targaryen.

Um maldito bêbado usurpador. Rhaenyra sentiu a vontade de rir, mas era um riso tingido de ódio. Entre todas as sensações que poderia experimentar ao final de sua jornada, era o ódio que dominava seu coração. Ódio por sua fraqueza, ódio por ter perdido sua descendência, seu esposo, seus pais e irmãos.

O clamor desesperado de seu filho cortou o ar pesado de tensão.

"Soltem minha mãe!" O apelo infantil foi engolido pela indiferença dos presentes, cada um envolto em sua própria batalha interna, cicatrizes ocultas a lacerar suas almas.

Seu pequeno herdeiro, ruborizado e agarrado por um guarda real, encontrou seus olhos por um instante. Um sorriso fugaz atravessou o rosto de Rhaenyra, acalmando-o por um breve momento, mas as lágrimas ainda teimavam em escapar.

"A traidora merece a morte", proferiu Aegon com solenidade. "Dracarys, sunfyre", sua voz ecoou carregada de triunfo e arrogância.

O dragão rugiu em obediência, guiado pelo cheiro do sangue que escorria das feridas de Rhaenyra, marcas deixadas por Alicent anos antes.

Mesmo envolta pelas chamas vorazes, Rhaenyra bradou seu último insulto ao irmão:

"Filho da puta."



Rhaenyra Targaryen despertou sobressaltada ao ouvir uma comoção ao seu redor. Uma sensação de ardor envolvia seu corpo, fazendo-a ofegar, até perceber que era apenas uma ilusão.

"Princesa Rhaenyra", sua ama adentrou o quarto com pressa, como se tivesse corrido uma maratona até ali. Rhaenyra soltou um grito mudo, sentindo a garganta queimar. A figura diante dela era a mesma que testemunhara morrer na guerra, agora com uma expressão mais jovem e menos marcada. "Princesa", correu até a cama e ofereceu água a Nyra, que cheirou vagarosamente antes de beber.

A água pareceu purificar seu corpo e mente, e a jovem de cabelos platinados relaxou um pouco, fechando os olhos. As chamas, os gritos e as traições ecoavam em sua mente, recordando todas as mortes, cada detalhe. Algo dentro dela se partiu, uma lágrima solitária escapou de seus olhos, assustando ainda mais a ama.

"Princesa... você ainda é a herdeira legítima de nosso povo", a voz da ama soou desesperada, ela pensava que  a angústia da garota fosse pelo nascimento do filho da rainha Alicent. "Não chore...", suplicou, e Rhaenyra abriu os olhos, confusos, suas íris lilases dilatadas pelo choro.

"Ainda sou?" Perguntou, e a ama assentiu, mas antes que pudesse prosseguir, um criado anunciou: "O filho de Sua Majestade nasceu, um menino."

Rhaenyra saltou da cama e correu até a porta, ignorando suas vestes, adentrando o quarto da rainha consorte. Alicent, ofegante, mantinha os olhos cerrados enquanto as criadas preparavam o bebê para ser entregue à mãe. Rhaenyra se aproximou, seus olhos brilhando, uma sensação de déjà vu a invadindo.

"Princesa Rhaenyra", alguém a chamou, ela se virou lentamente, e Alicent abriu os olhos rapidamente. "Seu irmão é um menino", a criada sorriu. Rhaenyra se aproximou, observando o embrulho, passando os dedos pelos cabelos platinados.

"Iā Targārien", seu valiriano saiu rouco, e o bebê pareceu responder ao som, remexendo-se nos braços da ama. "Você conseguiu, minha graça", ironizou, partindo e deixando uma Alicent perplexa e o bebê chorando pelo estrondo da porta.

Rhaenyra ignorou os clamores de seu pai enquanto atravessava a câmara, seu longo vestido de dormir arrastando pelo chão frio de pedra. Sem dar atenção aos guardas e criados que se agitavam ao seu redor, ela lançou-se para fora do castelo, seus pés descalços tocando a relva úmida do dia. Montando o primeiro cavalo que vislumbrou, ela o incitou à corrida, deixando para trás as sombras do solar familiar. A voz de Sir Cole, seu cavaleiro, ecoou atrás dela, aquilo também era como uma cena espelho.

O coração da Targaryen rugia em seu peito, uma sinfonia de emoções em meio à escuridão. Seu cavalo galopava pela estrada escura, suas crinas ao vento como chamas dançantes sob o dia, Rhaenyra sentiu o ar se esvair dos seus pulmões enquanto ela desabava do cavalo, sucumbindo ao momento. Seus gritos ecoaram, misturados à dor dos pequenos ferimentos, ecoando a percepção de que o tempo, mesmo retrocedendo, repetiria seu fardo. Um calor envolveu seu pescoço enquanto se contorcia no chão. Ao abrir os olhos, deparou-se com um cervo majestoso, sua pelagem branca irradiando uma aura mística. Rhaenyra ergueu a mão trêmula para acariciar o animal, que aceitou o gesto com serenidade.

"Te encontrei novamente", murmurou, um sorriso vago brincando em seus lábios. "Deverias ter provado tua legitimidade a meu pai, mas me ignoraste por qual motivo?" Sua voz ecoou, mas o cervo apenas suspirou antes de se afastar, deixando-a para trás.

A energia mágica ao redor dissipou-se quando Sir Cole encontrou-a caída, rindo em desatino. Seria a princesa tomada pela loucura? O cavaleiro desceu de sua montaria, aproximando-se com cautela, enquanto Rhaenyra se erguia num ímpeto de determinação.

"Meu cavalo escapou, procura-o... eu retornarei com o teu", disse ela, num tom gélido, antes de partir em direção ao castelo, deixando Sir Cole perplexo com a insanidade que parecia envolvê-la.

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@lilibeys

A chama do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora