Capitolo otantotto

12 1 0
                                    

Lei

Três de junho de 2017

- Está na hora!

A voz de Virginia saiu alta demais, levando em conta o silêncio do vestiário. Cada jogador estava em seu espaço fazendo sua preparação pessoal e eu e o restante do top estávamos encostados na parede próximo à porta. Os barulhos das travas das chuteiras no piso foram ouvidos denunciando que eles se levantavam e eu suspirei, descruzando os braços, sentindo uma leve cãibra pelo momento.

- Andiamo, ragazzi! – A voz de Allegri ficou em evidência e o olhar da Angelli passou por cada um do top, indicando que estava na hora de tomarmos nosso lugar. – Estamos prontos!

- In bocca al lupo! – A voz de Pavel saiu mais alta também e eu só procurei Gigi com o olhar, vendo seus olhos azuis me encararem e dei um curto sorriso, vendo-o se movimentar em minha direção.

- Está tudo bem. – Falei baixo, passando as mãos nas laterais do moletom que ele usava. – Eu estarei contigo a todo tempo.

- Eu sei. – Ele disse fracamente e passei pelos braços pela sua cintura, apertando-o fortemente em um abraço e ele apoiou o queixo em meu ombro por alguns segundos.

Nos afastamos após alguns segundos e ele segurou meu queixo e colou nossos lábios por alguns segundos, me fazendo prender a respiração durante o tempo. O time sabia de nós, mas não era para ser assim, só que eu não podia negar um beijo antes do jogo mais importante da vida dele.

- Eu precisava disso... – Ele disse ao se afastar e eu assenti com a cabeça.

- Está tudo bem. – Dei um curto sorriso e ele me soltou devagar, deslizando a mão pela minha cintura antes de seguir pela porta do vestiário.

Uma mão tocou meu ombro e vi Pavel com o rosto sério para mim, ele indicou a cabeça para fora e suspirei, assentindo com a cabeça antes de sair com ele. Vi a fila com os titulares se formar e passei um por um, abraçando-os fortemente, incapaz de falar alguma coisa. Barza, Leo, Chiello, Pjanic, Dani, Sami, Alex, Pipita, Paulino e Mario, terminando em Gigi. Ele me apertou mais uma vez e foi minha vez de soltá-lo devagar, deixando um curto beijo em sua bochecha.

Ele retribuiu e sorri, me obrigando a virar de costas. Segui em silêncio pelas escadas rolantes que levava ao camarote e, enquanto subia, só conseguia fazer diversos sinais da cruz, apesar de que eu não conseguia pensar em nada, só queria que tudo desse certo. Minha cabeça estava em parafuso e eu não sabia o que pensar, mas estava na hora de encarar.

Durante nosso caminho não teve ninguém para nos interromper e eu agradeci muito por isso, não estava no clima para ser bajulada hoje e meu nervosismo era capaz de me fazer explodir com o primeiro que aparecesse. Nosso camarote estava lotado, além do pessoal tradicional, vários familiares estavam lá e, por um momento, eu só pensava onde eu iria me sentar, apesar que as pernas não paravam de sacudir, então não sabia se conseguiria me manter sentado pelos próximos 90 minutos.

Vi uma mão levantada e encontrei Trezeguet ali e ele me chamou quando percebeu que eu finalmente o enxerguei. Passei por algumas pessoas, descendo alguns degraus neles e algo me puxando me parou, me obrigando a virar para trás.

- Ciao! – Alena falou sorrindo.

- Alena! – Abracei-a fortemente e ela me apertou com força. – Ah, alguém conhecido, graças a Deus.

- Eles queriam te ver. – Vi Louis e David ali do lado e sorri.

- Ah, meus lindos! – Abracei Lou apertado, já não precisando me abaixar tanto para fazer isso e depois segui para Dado.

Ciao e Arrivederci | Gianluigi BuffonOnde histórias criam vida. Descubra agora