Assistir filmes juntas sempre foi uma das atividades favoritas de Amelie e Amanda. Desde que Amelie era pequena, Amanda improvisava um cinema na sala toda sexta-feira à noite, criando o que Amelie, aos 6 anos, apelidou de "Cine Meirelles" — o evento mais esperado da semana.
A cada sessão, elas alternavam na escolha dos filmes, decidindo a ordem com uma partida de par ou ímpar. Amanda costumava escolher filmes de sua própria juventude, enquanto Amelie sempre optava por comédias românticas, o gênero favorito das duas.
Na última sexta-feira, Amanda venceu o par ou ímpar e escolheu "As Panteras - Detonando", um filme sobre três detetives que resolvem crimes com estratégias ousadas e imprevisíveis. Enquanto as três personagens principais, Natalie, Dylan e Alex, eram mestres na ação, Amelie não conseguia parar de pensar: como elas planejavam tudo sem saber ao certo o que esperar?
Agora, no carro, enquanto a chuva caía forte pelo segundo dia consecutivo no Rio de Janeiro, Amanda dirigia animada, conversando com Julia no banco da frente. Amelie, deitada no banco de trás, observava a água escorrer pela janela e refletia sobre o filme e suas próprias investigações. Se as Panteras conseguiam elaborar estratégias no escuro, talvez ela também pudesse fazer o mesmo para descobrir o segredo de sua mãe.
O primeiro passo do plano já estava em andamento: Julia dormiria na casa de Amelie naquela noite, sob o pretexto de estudarem juntas para a semana de provas. Embora Julia já estivesse acostumada a dormir lá — especialmente quando sua mãe, Larissa, tinha encontros e deixava a filha com a amiga —, desta vez, tudo tinha um propósito maior. Amelie sentia que estava dando o primeiro passo em direção ao seu objetivo.
No entanto, havia um grande obstáculo: elas ainda não tinham ideia de como distrair Amanda. Improvisariam, mas quando? E como?
Assim que chegaram em casa, Amanda passou a tarde em reuniões online. A AMeirelles Cosmetics estava em pré-produção de novos produtos, e Amanda precisava monitorar cada detalhe. Trabalhar de casa permitia que ela ficasse perto de Amelie enquanto resolvia as questões da empresa.
As reuniões só terminaram por volta das 18h, e para compensar o tempo longe, Amanda sugeriu assistir um filme com as meninas, mesmo sendo uma quinta-feira. As três se acomodaram no sofá para assistir "As Branquelas", uma escolha de Amanda, que queria apresentar o clássico às garotas. Enquanto o filme se desenrolava, Amelie só conseguia pensar no plano, que ainda não tinha chance de ser posto em prática.
No meio do filme, Julia levantou para ir ao banheiro e, ao voltar, o celular de Amelie vibrou com uma mensagem de Julia: "Confia em mim. A qualquer momento, a busca vai começar."
Amelie olhou para a amiga, intrigada, mas decidiu não perguntar. Julia sempre tinha um truque na manga.
Cerca de 20 minutos depois, Amanda levantou para ir ao banheiro. Sem perder tempo, Julia deu um pulo do sofá e sussurrou para Amelie:
– Chegou o momento, vai!
Antes que Amelie conseguisse se mexer, Amanda gritou do banheiro:
– Amelie, Julia! Me ajudem, estou presa!
– Calma, tia, estou indo! – Julia respondeu. E, virando-se para Amelie, sussurrou: – Rápido, não temos muito tempo.
Julia havia aproveitado sua ida ao banheiro mais cedo para travar o miolo da porta, um truque que ela aprendera em uma série de TV. Enquanto Amanda lutava para sair, Julia a enrolava, fingindo tentar resolver o problema, dando a Amelie a oportunidade que ela precisava.
Amelie correu para o quarto da mãe. Começou pela mesa de cabeceira, mas não encontrou nada relevante. No armário, abriu todas as gavetas, e, além de alguns itens íntimos que ela preferiu ignorar, não havia nada de útil.
Finalmente, chegou à cômoda. Revirou cada gaveta com ansiedade, mas só encontrou fotos antigas de Amanda quando criança, fotos que ela já conhecia. Amelie começava a perder a esperança, quando as luzes de repente se apagaram. O grito de Amanda ecoou pelo apartamento, fazendo Amelie correr de volta para o banheiro.
– Julia, o que aconteceu? – Amanda exclamou.
– Acabou a luz, tia. Parece que foi no bairro todo – Julia respondeu, espiando pela janela.
– Misericórdia! Pega meu celular e usa a lanterna para resolver isso logo. Parece até filme de terror!
Julia riu e se virou para Amelie, que estava perto.
– Não achei nada no quarto – sussurrou Amelie, frustrada.
– Tenta o escritório. Amiga, até faltou luz pra nos ajudar, aproveita – Julia encorajou, apertando os braços de Amelie. – É agora ou nunca.
Amelie correu para o escritório. A primeira gaveta estava cheia de papéis da empresa, a segunda com material de escritório. Na terceira, mais pastas. Quando chegou à quarta gaveta, percebeu que estava trancada com senha.
– Só falta essa – murmurou.
Ela tentou várias combinações: o ano em que nasceu, a data de seu aniversário, o ano de nascimento de Amanda. Nada funcionava.
– Ju, não dá mais. Eu preciso destravar a porta pra sua mãe – Julia avisou da porta.
– Vai lá, eu não consegui... – Amelie respondeu, cabisbaixa.
Quando Julia saiu, um estalo passou pela cabeça de Amelie. O ano que Amanda ganhou o Big Brother Brasil! Ela digitou "2023", e a gaveta destravou.
Dentro, Amelie encontrou uma caixa preta com um desenho que ela reconheceu: o mesmo da tatuagem de Amanda. Não havia tempo para investigar. Julia já tinha conseguido destravar a porta do banheiro. Amelie pegou a caixa, trancou novamente a gaveta e correu para o quarto, escondendo a caixa debaixo da cama.
Ela ainda não sabia o que havia dentro, mas algo lhe dizia que estava prestes a descobrir o que tanto procurava.
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Notas da autora
Olá, pessoal!
Não sou de escrever fanfic, mas estou tentando porque a ideia dessa fanfic ficou muito forte na minha cabeça.
Espero que estejam gostando e que se apaixonem pela Amelie, assim como sou apaixonada por ela.
Sei que é uma fanfic Docshoe um pouco diferente, até porque a personagem principal é a Amelie, mas eu acredito que vocês vão gostar.Obrigada por estarem lendo 🥹
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Amelie - Uma Historia Docshoe
FanfictionAmelie Meirelles está prestes a completar 14 anos e está determinada a descobrir quem é o seu pai, um segredo que sua mãe Amanda Meirelles esconde muito bem.