Capítulo 10

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Amelie estava na sala de aula, tentando manter o foco em sua aula de matemática. A professora falava sobre equações de segundo grau, mas a mente de Amelie estava a quilômetros de distância, em Miami. Tudo parecia estar indo bem — a viagem para a Disney já estava planejada, e a segunda etapa da "Operação Pai" estava prestes a começar. Mas de repente, uma realização a atingiu como um soco no estômago. Ela não tinha o endereço de Antonio Cara de Sapato. Como vou encontrar ele se eu nem sei onde ele mora?

Amelie sentiu o rosto esquentar, a ansiedade crescendo dentro dela. Tudo estava tão focado em chegar a Miami que ela nunca pensou em como realmente encontraria Antonio. Ele poderia estar em qualquer lugar! Miami é enorme! Ela olhou ao redor, certificando-se de que ninguém notava sua inquietação. Julia, que estava sentada a duas cadeiras de distância, percebeu que algo estava errado e lançou um olhar de preocupação.

Amelie aproveitou um momento em que a professora se virou para o quadro e pegou o celular, mandando uma mensagem rápida para Julia.

"Ju, eu não tenho o endereço do Antonio. Como vou encontrá-lo em Miami?"

Julia leu a mensagem e franziu a testa, respondendo de imediato.

"Calma, isso é só um detalhe, a gente dá um jeito."

Um detalhe? Amelie quase riu da resposta da amiga, mas ao mesmo tempo sabia que Julia estava tentando manter a calma, como sempre. Logo o sinal tocou, e as duas saíram da sala juntas, correndo até a cantina, onde Arthur já os esperava.

— O que aconteceu? — perguntou Arthur, vendo a preocupação no rosto de Amelie.

Amelie respirou fundo antes de falar, como se as palavras pesassem em sua garganta.

— Eu acabei de me dar conta que não tenho o endereço do Antonio. Nem sei onde ele mora, qual academia trabalha... E Miami é imensa!

Arthur fez uma cara pensativa, coçando o queixo, e logo sugeriu:

— Bom, a gente poderia começar procurando na internet, né? Ele não era famoso? Deve ter deixado algum rastro online.

— Verdade! — disse Julia. — Não descobrimos que ele virou professor de Muay Thai, não foi?

— Sim, mas são muitas academias! — Amelie suspirou, ainda se sentindo um pouco derrotada.

Arthur, sempre tentando animar o grupo, jogou uma ideia maluca no ar.

— E se a gente mandasse um e-mail pra todas as academias de Miami perguntando por ele? Tipo, uma missão secreta!

Amelie e Julia riram da sugestão, mas Amelie sabia que, por mais maluca que fosse, precisariam explorar todas as opções. No entanto, algo lhe dizia que a resposta estava mais próxima do que imaginava.

Quando as aulas terminaram, Amelie voltou para casa com aquela sensação incômoda ainda a perturbando. Ela sabia que havia mais respostas na caixa de memórias de sua mãe. Estava determinada a continuar procurando por qualquer pista. Assim que chegou, subiu direto para o quarto e pegou novamente a caixa escondida no fundo do armário de Amanda.

Sentada na cama, ela começou a remexer o conteúdo. Fotos, cartas, pequenos objetos — tudo tão cheio de significado, mas até então, nada que a ajudasse com seu dilema atual. Foi quando uma foto chamou sua atenção. Era uma foto antiga, um pouco desbotada, de sua mãe, Antonio e uma criança pequena. As três figuras sorriam de forma descontraída, como se tivessem sido capturadas em um momento feliz. A criança, uma menina loirinha de cabelos lisos, estava nos braços de Antonio, e Amanda tinha um sorriso que Amelie nunca tinha visto antes.

Ela virou a foto e, para sua surpresa, havia algo escrito no verso. "Maricota" — e ao lado, um pequeno coração. Amelie franziu a testa. Quem era Maricota? E por que sua mãe nunca mencionou essa menina?

Seu coração acelerou. Poderia Maricota ser uma pista? Talvez ela soubesse onde Antonio estava. Mas como descobrir quem era essa menina e como ela estava hoje?

Amelie sabia que precisava contar para Julia e Arthur sobre essa nova descoberta. Ela rapidamente pegou o celular e tirou uma foto do verso da foto, mandando para o grupo deles no chat.

"Pessoal, olha o que eu encontrei. Quem é Maricota? Será que ela pode nos ajudar a encontrar Antonio?"

Arthur respondeu primeiro:

"Maricota? Parece nome de apelido de infância. Talvez seja uma prima ou algo assim?"

"Ou filha de algum amigo." — sugeriu Julia. — "De qualquer forma, é uma pista! Precisamos descobrir quem ela é."

Amelie olhou mais uma vez para a foto, seu coração batendo forte de expectativa. Cada vez mais próxima de desvendar o mistério sobre seu pai, ela se sentia ansiosa, mas também determinada.

Agora, com a pista de Maricota, talvez ela estivesse um passo mais perto de encontrar Antonio. E essa era apenas mais uma peça no quebra-cabeça.

Amelie - Uma Historia DocshoeOnde histórias criam vida. Descubra agora