Amelie - Uma Historia Docshoe

Capítulo 16

O ar da noite no condomínio em Orlando estava fresco, mas Amelie sentia um calor subir por seu corpo enquanto esperava Matheus responder. Ao redor, as luzes suaves iluminavam as casas, e Julia e Arthur estavam ao seu lado, sussurrando baixinho, ansiosos pelo desenrolar da conversa.

Quando Matheus finalmente respondeu, sua voz estava tranquila, mas carregada de curiosidade:

— Oi, Amelie. Maria já me contou tudo. Tá pronta pra isso?

Amelie respirou fundo, ajeitou o telefone no ouvido e olhou para seus amigos antes de responder.

— Eu estou, Matheus. Mas preciso saber, você vai me ajudar a encontrar Antonio?

A resposta de Matheus veio após uma breve pausa.

— Olha, vou ser sincero. Eu não lembro muito da Amanda, afinal, eu era muito pequeno na época, mas meu tio Antonio... bem, ele era uma pessoa que todo mundo amava. Os fãs dele sempre comentavam sobre o relacionamento com a Amanda. Eu cresci ouvindo sobre isso, sobre eles juntos, e até assisti alguns vídeos dos dois. Eles pareciam perfeitos, sabe?

Amelie sentiu um nó se formar em sua garganta.

— Mas você acha que ele pode ser meu pai? — perguntou, a voz hesitante.

Matheus respirou fundo do outro lado da linha.

— Eu realmente não sei, Amelie. Perguntei para o meu tio algumas vezes sobre a Amanda, mas ele nunca quis falar. Para ele, esse é um assunto fechado. Eu tentei insistir, mas ele apenas dizia que não gostava de reviver essa história.

— Então, por que ele não fala sobre ela? Será que algo muito grave aconteceu entre eles? — Amelie perguntou, suas dúvidas e medos se misturando em sua mente.

— Sinceramente, eu não sei o que aconteceu para ele nunca mais mencioná-la. O que eu sei é que, se existe a possibilidade de ele ser seu pai, eu vou te ajudar a descobrir. Você merece saber — Matheus disse com firmeza.

Amelie sentiu uma onda de alívio e gratidão.

— Muito obrigada, Matheus. Isso significa tanto para mim. Eu nem sei o que dizer.

— Não precisa agradecer. O que eu posso te dizer é que combinei com o Antonio de passar uns dias aqui em Orlando. Falei que estava me sentindo meio sozinho, que queria passar um tempo com ele. E, acredite ou não, ele aceitou. Ele vem pra cá em alguns dias.

Amelie mal conseguia conter sua empolgação.

— Você conseguiu? Ele realmente vem para cá?

— Sim, mas ele não sabe sobre você ainda. Então, precisamos ser cuidadosos sobre como vamos fazer isso — Matheus avisou. — O encontro vai acontecer, mas temos que planejar bem. Quero garantir que você consiga se encontrar com ele sem surpresas desagradáveis.

A ansiedade crescia no peito de Amelie, mas a esperança era maior.

— Obrigada, Matheus. Eu realmente não sei como agradecer por isso. E agora... agora só precisamos esperar.

Depois de desligar, Amelie contou tudo para Julia e Arthur, e os três passaram a noite planejando e especulando como seria o encontro com Antonio.

O dia seguinte amanheceu com céu azul e o calor típico da Flórida. Amelie, Julia, Arthur, Amanda e Larissa saíram cedo de casa para aproveitar os parques da Disney. Os adolescentes tentavam manter a mente afastada da "Operação Pai", decididos a aproveitar o momento mágico dos parques.

Ao entrar no parque, Amelie tentou deixar de lado a ansiedade, se forçando a aproveitar cada detalhe. As risadas ecoavam ao seu redor, os cheiros de pipoca e churros enchiam o ar, e o som das músicas dos filmes da Disney criava o cenário perfeito.

Eles passaram o dia correndo de um brinquedo para o outro, tirando fotos com personagens e comendo os famosos sorvetes do Mickey. Amelie se pegou rindo mais do que esperava, sentindo a leveza do dia. Por um momento, até parecia que a "Operação Pai" não existia.

Já no fim da tarde, estavam na fila de uma das montanhas-russas mais famosas do parque. A fila era longa e o calor fazia tudo parecer ainda mais demorado. Amelie sentiu seu estômago roncar alto, e Julia não pôde deixar de rir.

— Amelie, você não comeu nada desde o café da manhã! Vai desmaiar nessa fila — brincou Julia.

— Sim, filha. Vai ver alguma coisa para comer — falou Amanda já sentando no chão.

— Eu tô com muita fome mesmo. Vou pegar uma pizza enquanto vocês esperam na fila. O restaurante aqui do lado parece vazio — Amelie disse.

— Vai lá, a gente segura seu lugar — Arthur respondeu, acenando para ela.

Amelie sorriu, agradecida, e saiu da fila em direção ao restaurante. Conforme se afastava da multidão, o barulho ao seu redor diminuía e ela começou a se sentir mais à vontade. Seus pensamentos, no entanto, logo voltaram a girar em torno de Antonio. O que aconteceria quando o encontrasse? Como ele reagiria ao saber da possibilidade de ser seu pai?

Ela chegou ao restaurante, e enquanto esperava na fila para pedir uma pizza, seus olhos vagaram casualmente pelo ambiente. Foi então que, como se o destino estivesse jogando uma peça, ela o viu.

Sentado no balcão, sozinho, comendo calmamente, estava Antonio.

O tempo pareceu parar. Amelie piscou, descrente do que seus olhos viam. Era ele. O homem que havia aparecido em fotos antigas, que havia sido o assunto de tantas conversas com Arthur e Julia, estava ali, a poucos metros dela. Ele parecia mais velho, claro, mas havia algo inconfundível no jeito como ele movia as mãos, como mordia a pizza, alheio ao fato de que sua possível filha estava observando.

Amelie congelou no lugar, o coração disparado no peito. Ela tentou processar o que estava acontecendo, mas sua mente parecia incapaz de formar um único pensamento coerente. Ali estava ele, o homem que ela tanto esperava encontrar, mas em um lugar completamente inesperado.

Ela queria correr até ele, falar algo, qualquer coisa, mas suas pernas não se mexiam. "É realmente ele?" ela pensava, tentando organizar as palavras na mente.

O mundo ao redor parecia ficar em silêncio, e tudo o que ela podia ouvir era o som de seu próprio coração martelando contra o peito.