Amelie - Uma Historia Docshoe

Capítulo 2

Amelie estudava na Escola Parque, uma instituição de ensino renomada, a apenas cinco minutos de carro de sua casa. Com uma metodologia construtivista, a escola incentivava os alunos a construírem o conhecimento de forma ativa, algo que sempre chamou a atenção de Amanda, sua mãe, na escolha por aquele colégio.

Amelie estava no 9º ano, o último do ensino fundamental, embora sua mãe insistisse em chamar de 8ª série, o que sempre rendia uma risada entre elas. Desde os cinco anos, quando se mudaram de São Paulo para o Rio de Janeiro, Amelie estudava lá. Para ela, essa havia sido uma das melhores decisões de Amanda: mudar-se para a cidade que Amelie tanto amava e, assim, ingressar na Escola Parque.

Foi lá que conheceu Arthur, o nerd engraçado filho de um famoso compositor cujo nome ela nunca lembrava. Então, sempre que o encontrava, chamava-o apenas de "tio". E foi também lá que sua amizade com Julia se fortaleceu. Julia era filha de Larissa Santos, uma das melhores amigas de sua mãe. Foi Larissa, inclusive, quem convenceu Amanda a se mudar para o Rio, para que as duas amigas pudessem criar suas filhas lado a lado e, ao mesmo tempo, formar uma rede de apoio mútua, já que Larissa também criava Julia sozinha.

Julia nasceu em 2025, no mesmo ano que Amelie, mas ela sabia quem era seu pai. Larissa havia namorado Guilherme por oito meses, e, após uma breve reconciliação durante uma viagem, Julia foi concebida. Embora tivessem tentado manter um relacionamento por mais dois anos após o nascimento da filha, as coisas não funcionaram, e Guilherme acabou se mudando para Florianópolis. Julia o visitava uma vez por mês.

Amelie e Julia já se conheciam desde pequenas, mas as memórias das visitas esporádicas de quando eram menores de cinco anos eram vagas. Foi apenas com a mudança de Amelie para o Rio, tornando-se vizinhas e colegas de escola, que a amizade floresceu de vez. Na primeira semana de aula, um incidente solidificou essa relação: uma colega colou chiclete no cabelo de Amelie, e Julia, sem hesitar, jogou seu suco de uva na garota em defesa da amiga. Depois, arrastou Amelie para o banheiro e, entre risos e lágrimas, ajudou a descolar o chiclete dos cabelos. Naquele dia, prometeram cuidar uma da outra para sempre, assim como suas mães faziam.

Desde então, Amelie, Julia e Arthur formavam o trio inseparável. Amelie era a influenciadora popular, Julia, a esportista, e Arthur, o nerd cômico. Em meio a uma escola cheia de filhos de celebridades, eles encontraram seu próprio espaço, longe das competições de ego.

— Vocês vão à minha festa na terça, né? — Amelie perguntou, se aproximando dos amigos no pátio.

— Óbvio, amiga! Você acha que a gente ia perder? — Julia respondeu, abraçando-a.

— Amelie, mesmo que fosse no Bob's do Shopping da Gávea, estaríamos lá — completou Arthur, puxando Amelie para um abraço em grupo. — Sempre juntos.

— Ansiosa para os 14? Tá ficando velha! — Julia provocou, rindo.

— Você sabe que não, Ju. O tempo está passando e eu ainda não sei como encontrar meu pai.

— Calma, Amelie — disse Julia, tentando acalmar a amiga. — Primeiro a gente comemora seu aniversário de 14 anos. Depois começamos a "Operação Pai". Fechado?

— "Operação Pai", Arthur? Você anda assistindo filmes demais — riu Amelie, contagiando Julia.

— É sério! Se nos filmes funciona, por que não na vida real? Podemos bolar um plano para descobrir quem é seu pai — Arthur colocou os óculos de Julia e imitou um agente secreto.

— Eu acho uma ótima ideia, mas só depois da festa de aniversário, por favor — Julia riu, recuperando seus óculos. — Uma coisa de cada vez.

— Tá bom, vocês venceram! Vamos focar na festa.

— Vai ser no Manouche mesmo? Que horas? — perguntou Arthur.

— Sim, minha mãe fechou lá. Cheguem às 21h, mas por favor, sem atrasos! Preciso impedir minha mãe de tocar aquelas músicas de "velho".

— Ninguém aguenta mais a tia Amanda dançando Spice Girls — Arthur comentou, gargalhando.

— Eu adoro! Ela até me ensinou os passos — Julia imitou Amanda dançando, arrancando risadas dos dois.

— Então vou deixar a tia Lari colocar os funks antigos dela — provocou Amelie.

— Não!!!! Pelo amor de Deus! — Julia exclamou. — Minha mãe só coloca aquelas músicas de "pika" e "buceta". Parece que ela esquece que tem adolescentes na festa.

— Mas ela manda bem no funk, o quadradinho dela é impecável — Arthur brincou, recebendo um tapa na cabeça de Julia.

— Respeita minha mãe, moleque. Senão eu bato mais forte da próxima vez — ameaçou Julia, rindo. — Viu, Amelie? Nada de deixar a minha mãe escolher as músicas!

— Então, cheguem cedo e me ajudem a controlar as "velhotas". 21h, no Manouche — Amelie reforçou, rindo com os amigos.