Capítulo 3

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16 de agosto de 2039

Chegou o grande dia: Amelie completava 14 anos. Ela acordou com o cheiro familiar de café da manhã na cama, uma tradição que Amanda fazia questão de manter em todos os aniversários da filha. Quando, uma vez, Amelie perguntou por que, sua mãe respondeu com um sorriso: "Para você nunca aceitar ser tratada menos do que isso."

Amelie retribuiu com um sorriso largo.

— Bom dia, minha princesa. Feliz aniversário! — Amanda sentou ao lado da filha, abraçando-a apertado. — Que você seja imensamente feliz neste novo ano, continue sendo essa menina doce, carinhosa, maravilhosa, e que realize todos os seus sonhos.

— Eu te amo, mãe. Obrigada por tudo que você faz por mim. Você é a melhor mãe do mundo.

— Eu sei que sou — Amanda brincou, jogando o cabelo para o lado de maneira exagerada, arrancando uma gargalhada de Amelie.

— Lá vem ela se achando... Não posso dar corda para Dra. Amanda Meirelles.

— Dra. Amanda Meirelles? Aqui em casa, você me chama de "mamãe".

— Mamãe? Eu não tenho mais cinco anos, acabei de fazer 14!

— Mas você vai ser sempre meu bebezinho — Amanda começou a apertar as bochechas de Amelie, fazendo a filha se encolher de tanto rir.

A manhã passou assim, entre risadas e brincadeiras, do jeito que só mãe e filha sabiam fazer. Mesmo sendo uma terça-feira de aula, Amanda decretou um "dia de princesa" para Amelie, e as duas passaram a manhã em um salão de beleza, cuidando de cabelo, unhas e sobrancelhas. Tudo tinha que estar perfeito para a festa de Amelie no Manouche, uma casa de shows que Amanda, com seus contatos e sucesso, havia conseguido reservar facilmente.

O Manouche, localizado no Jockey Club, abaixo do restaurante sofisticado Casa Camolese, era palco de shows de segunda a sábado. Mas, para quem era Amanda Meirelles, isso não era um obstáculo. Desde sua ascensão como vencedora do Big Brother Brasil 2023, Amanda havia transformado sua fama em um império com sua marca de cosméticos, a AMeirelles, um sucesso no mercado de skincare e protetores solares.

Chegando ao local da festa, Amelie foi recebida por seus melhores amigos, Arthur e Julia, que a esperavam ansiosos na escada.

— Meu Deus, você está linda! — exclamou Arthur, com os olhos brilhando.

— Para de babar, Arthur — provocou Julia, fingindo limpar o canto da boca do amigo. — Mas sério, Amelie, você está maravilhosa!

— Obrigada, gente. Eu amo vocês! — Amelie puxou os dois para um abraço apertado.

— Vamos entrar logo! Já tive que impedir minha mãe de colocar aquelas músicas de "velho" duas vezes! Quem ainda escuta Marília Mendonça? — Amelie revirou os olhos.

— Ju, melhor irmos logo. Tua mãe e a minha estão juntas lá dentro... já viu, né? — Amelie disse, rindo da lembrança. — Minha mãe me contou que elas uma vez entraram numa banheira de espuma juntas e ficaram quicando... em rede nacional!

— O que você esperava de duas loucas que, em poucos meses de amizade, fizeram tatuagem juntas? E ainda com outras duas que elas nunca mais viram! — Julia comentou, descendo as escadas.

Quando chegaram à pista de dança, Amanda e Larissa já dominavam o espaço, se acabando ao som de "É o Tchan", para o completo espanto de Amelie.

— Elas são mais adolescentes que a gente — Arthur comentou, observando as duas mulheres dançarem sem se importar com o mundo ao redor.

Amelie se aproximou, já meio constrangida.

— Vocês conseguem agir como adultas, por favor? — pediu, com um biquinho, olhando para sua mãe e Larissa. — Estão me deixando com vergonha... Todo mundo está olhando.

— Acredite, Lari, a Ame está com vergonha de nós! — Amanda fingiu indignação.

— Sério? Estou ofendida! — Larissa brincou, rindo. — Amelie, nós arrasávamos nas pistas em 2023!

— Vocês até dançam bem, mas essas músicas... Ninguém conhece! — Amelie reclamou, mas com jeitinho. — Que tal eu colocar algo mais atual? E, no final, prometo que podem tocar até Rouge. Fechado?

Mesmo tão jovem, Amelie sabia como conquistar o que queria com charme e diplomacia, algo que herdara da mãe. Amanda sempre priorizou a filha em tudo, ajustando reuniões e compromissos de trabalho conforme as necessidades de Amelie. O império que construiu com a AMeirelles poderia desmoronar, mas sua relação com a filha jamais seria comprometida.

A festa estava repleta de amigos de Amelie: colegas da escola, vizinhos, amigos do curso de teatro e do curso de inglês. Ela tinha uma habilidade especial de fazer amigos por onde passava, e isso era evidente naquela noite. Todos estavam ali, felizes por celebrar sua vida.

Então, Amanda surgiu com o bolo, interrompendo a música e puxando o tradicional parabéns. Com um sorriso radiante, Amelie observava todos ao seu redor cantando em uníssono.

— Faz um pedido, filha! — Amanda gritou, com o olhar cheio de amor.

Amelie fechou os olhos e, com o coração apertado, assoprou a vela. Ela sabia exatamente o que pedir naquele momento.

"Eu quero conhecer o meu pai", pensou, enquanto a chama se apagava.

Amelie - Uma Historia DocshoeOnde histórias criam vida. Descubra agora