Santo Forte.

capítulo sessenta

"Você sabe o que eu estou pensando,
vejo isso nos seus olhos"
- DIE FOR YOU, THE WEEKND
FT. ARIANA GRANDE.

Sofia

Emilly: Eu ainda mato um homem! - Escuto a voz da Emilly baixa ressoar pelo corredor enquanto ela soca o ar com força como se realmente tivesse alguém na sua frente, e eu acho que ela é maluca. Ainda bem que não sou eu essa pessoa. Prendo o riso pela cena engraçada, e ela com certeza acha que está sozinha, principalmente quando solta um gritinho. A coisa só se torna pior ao ver ela toda molhada, não ao ponto de pingar, ponho a mão na boca quando ela bate o pé no chão com força. Mesmo que eu esteja mais de vinte minutos tão perdida nesse corredor gigante que o Dom me jurou mesmo ser o "meu quarto de hóspedes", mas até agora não achei nenhum.- Aquele... Desgraçado sorridente. Que ódio, zé.

Eu acho que isso é um manicômio que só ajuda gente doida e com sérios problemas mentais mesmo. Ela mexe no cabelo por alguns segundos, e quando eu iria dar um susto nela pra depois a chamar de maluca no hospício, Emilly coincidentemente vira o corpo abruptamente na minha direção na mesma hora, ela não me vê aqui ao virar e eu rio baixinho da lerdeza, mas quando ela me percebe muito próxima, Emilly arregala os olhos de susto ao me ver em pé quase ao seu lado. Eu solto uma risada alta sem conseguir prender por mais tempo, e ela cruza os braços, revirando os olhos ao escutar minha risada mais alta e um pouco escandalosa.

Emilly: E até mato uma mulher também.- Resmunga, maldosa. Paro de rir na hora em que ela diz isso, semicerrando os olhos para a Emilly que sorri pra mim de um jeito muito demoníaco, se aproveitando logo do meu medo da morte. Arrepio na hora só de pensar, negando com a cabeça e vendo ela gargalhar agora. É muito brincalhona, né? - Você acredita que um idiota de óculos me jogou na piscina? E ainda riu de mim! Quer dizer... Ele não só riu de mim, ele disse que eu sou namorada dele, zé. Isso não é um absurdo? Só foi eu pisar os pés no rio que agora tenho um stalker nerd e sarado?

Tem tantas camadas de informações que eu nem sei por onde começar a falar. E o mais louco ainda é pensar que talvez, só talvez, né, eu fale do mesmo jeito rápido e cheio de informações, do mesmo jeito que ela e é por isso que nunca me entendem e falam que eu falo demais. E é mais irônico ainda eu demorar para entender o que ela disse, acho que é o sono. Um nerd gostoso jogou ela na piscina e provavelmente rolou um climazinho quando ele foi tentar ajudar ela, onde é que ela perdeu nisso? E ele teve a coragem de chamar ela de namorada tão rápido, esse é pra casar. Pela descrição ele é totalmente o inverso do meu tipo, mas eu sempre fui inclusiva, nunca deixei ninguém que eu ache lindo passar, pode ser o mais tímido e virgem que se me interessar eu tô lá investindo.

Sofia: Nerd sarado? Nossa, e onde que isso é algo ruim, garota? - Pergunto indignada e julgando horrores, vendo ela arregalar os olhos como se eu tivesse dito a coisa mais horrorosa de todos os tempos.- É melhor um nerd sarado e gostoso do que um todo barrigudo e feio! E ele ainda usa óculos? É o puro suco do mundo nerd mesmo, ainda é seu stalker.

Acho que ela se interessou nele.

Emilly: Tá, tá bom, não é tão ruim assim...- Ela murmura por um fio na voz como se fosse uma confissão entre nós, respirando fundo ao se sentir frustrada por não ter mais argumentos, soltando os braços ao lado do próprio corpo, se encolhendo. Mas em questão de segundos, Emilly já levanta o dedo rapidamente, apontando-o na minha direção como uma arma.- Mas ele... Olha, ele me jogou na piscina, é stalker maluco e disse que eu sou namorada dele! Além de tudo, é irritante.

Ela realmente está interessada.

Sofia: Mas ele é lindo? - Questiono de um jeito genuíno. Emilly bufa, passando a mão no rosto e andando pelo corredor, ficando de frente para uma porta com uma cor diferente de toda a casa. A cor da porta dela é azul. É uma ironia total porque toda a casa é branca como um lugar pra maluco, um hospício na favela. Emilly abre a porta e eu ando atrás dela, sentindo a doida pegar na minha mão e puxar meu pulso devagar, fechando a porta atrás de mim.- Então você achou ele lindo, né? Só não quer admitir...