capítulo sessenta e nove

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“Quem conhece a guerraConhece o peso da terra”I L I G R U M, Dfideliz ft

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“Quem conhece a guerra
Conhece o peso da terra”
I L I G R U M, Dfideliz ft. Baco

Nunca fui uma pessoa cujo os sentimentos me levaram ao limite, àquele mesmo limite que me obrigava a ser impulsivo. Eu sempre pensei em cada pedaço das coisas que faço, das possibilidades de darem certo até às que dariam errado. Agir por impulso, pra mim, é dar um poder extremo aos seus sentimentos, deixá-los dominar toda a sua mente de um modo que nada além das emoções fossem capazes de existir naquele espaço. Eu não sinto quase nada. Tudo que era pra eu sentir, senti anos atrás. Dores, um pouco de alegria, medo, principalmente medo. Eu odeio sentir essa porra, e, depois da morte da mulher que me pariu, essa mesma filha de uma puta que plantou essa sensação no fundo do meu peito e mente, nada deveria me causar essa merda de sensação. Nada. Seja o medo de perder alguém, ou ter alguém.

O Guzman não existe pra mim. Nada do que não exista na minha mente, no meu mundo, existe, de fato, no meu mundo exterior. Mas ele está tentando mesmo entrar na porra da minha mente completamente fodida desde o dia em que bateu de frente comigo naquela boate. Ele não só fodeu as minhas pequenas possibilidades de estar em um determinado tempo ao lado da Sofia. Mas toda a sensação boa que tenho ao lado dela, tudo aquilo que uma única mulher foi capaz de me causar. E talvez seja isso também que me dá medo, é uma das coisas que desperta o pior de mim.

Até chegar a Sofia.

Eu nem deveria ter me permitido estar perto dela desse jeito, afinal, eu não faço questão de me comunicar com ninguém, de falar ou ser uma pessoa agradável, quanto menos criar laços que sei que não irão durar. Mas, apesar de ser diferente de mim, ela insistiu muito. Insistiu mesmo tendo medo de mim, o que, considerando o que falam de mim por aí, eu sei exatamente o que ela sentia. Mesmo com tantos motivos para estar longe, ela quis estar aqui, se empenhou, e eu não entendia o porquê da insistência, de toda proximidade e gentileza justo comigo. Os joguinhos que ela fazia me incomodavam bastante, mas eu sei que, inexplicavelmente, aquilo mexia comigo e ainda mexe. E é inevitável me sentir assim ao lado da Sofia. Eu não sentia o mínimo de atração física por ela antes de vê-la exposta de tudo o que a deixava triste, mas existia um tipo de possessividade forte sobre ela que me deixava intrigado, e eu não negava.

Lembro de cada detalhe, lembro exatamente da mão daquele moleque tentando tocar nela, tentando tocar a minha Sofia. Lembro como o ódio borbulhou nas minhas veias, não apenas se limitando nas minhas mãos, mas por todo o meu corpo. Lembro como eu queria foder a vida dele e meter uma bala na sua testa sem sentir remorso, só prazer naquilo, prazer em ver seu sangue e o sofrimento em seus olhos, mas isso faria a Minha Lila ver algo que não poderia sobre mim, algo que talvez a faria me odiar de verdade, e pra sempre. Eu sei que a Sofia não me odeia, o que é óbvio, eu sempre observei atentamente cada detalhe dela, do seu rosto, expressões, falas, cada sorriso e choro. Tudo isso me pertence tanto quanto ela. Ela é completamente minha. E, naquela hora no quarto, ela estava com raiva, mas não me odiando. Eu sou muito familiarizado com olhar e palavras de ódio, e aquele olhar estava longe de ser de alguém que realmente me odeia. Já fui muito alvo desses olhares e sei identificar.

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