capítulo setenta

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"Cês até pensaram em me fuder Mas eu já fui o máximo de coisa Que cês nunca vai ser" I L I G R U M, Dfideliz ft

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"Cês até pensaram em me fuder 
Mas eu já fui o máximo de coisa 
Que cês nunca vai ser" 
I L I G R U M, Dfideliz ft. Baco

Por incrível que pareça, Vicente não brigou pra vir comigo e nem encheu o meu saco, o que significa que eu tô consideravelmente de bom humor até agora. Como o Daniel preferiu ir pela pista e chamar atenção – coisa essa que não combina nada com ele –, eu vim pelo caminho mais rápido e discreto. Normalmente ele viria pelo mesmo lugar, mas não entendi a escolha dele, com certeza tem uma intenção por trás, se tivesse vindo por aqui, teria, no mínimo, economizado meia hora do dia dele e gasolina. Paciência também, estar com o RD e Sanchez sem querer matar os dois é raridade.

Saio do carro, batendo a porta e travando. A chave coloco no bolso, e o meu celular eu só puxo da cintura, vendo a tela acender. Liguei dez vezes para a Sofia, e nas dez vezes ela me ignorou. Na verdade, a primeira ligação ela recusou, provavelmente pra me mostrar que estava me ignorando porque queria. Eu ando calmamente até a entrada da casa, o portão enorme toma conta da frente, alguns menor de fuzil fazendo a segurança e outros conversando. 

Passo pela piscina, escutando algumas vozes baixas e uns risinhos que conheço bem vindo do fundo da área de lazer. Ergo o pescoço, inclinando a cabeça para conseguir enxergar e ouvir melhor, vendo, já de longe, a minha Lila sorrindo, sentada ao lado de um moleque enquanto ri de algo que ele fala. Estreito os olhos, passando a língua pelos meus lábios que secaram, observando atentamente essa mulher que vem se infiltrando na minha pele e mente, alterando o meu significado para tanta coisa, principalmente pra solidão, e em como eu gosto da companhia dela. Engulo em seco, sentindo uma porra de aperto forte no peito ao reparar minimamente em cada detalhe que a compõe, com a minha pele arrepiando à medida que reparo atentamente nos seus cachos, na sua covinha, em como os olhos dela diminuem facilmente quando sorri, e dependendo do que falam, os olhos tomam um brilho diferente, principalmente quando gargalha.

Será que ela sabe que a covinha da esquerda é mais funda que a da direita?

Ignoro os meus pensamentos. A camisa rosa de manga cai perfeitamente no seu corpo, e é uma das cores que mais combinam com ela depois do preto. Um casaco preto que forma uma estrela no meio quando fecha o zíper, a bermuda de lavagem clara cobrindo parte da sua coxa, e o chinelo branco. Ela está com o cabelo solto. Ela está com a porra do cabelo solto, e vários cachos caem nos seus olhos quando ela balança a cabeça de um lado para o outro. Semicerro os olhos quando o moleque ergue a mão na altura dos olhos da Lila, tirando o cacho dos olhos dela. Quando ela ri de novo e ergue o braço pra tentar tirar todos os cachos dos olhos de uma vez só, ela parece sentir algo, pois os seus olhos perdem a atenção do cuzão, desviando lentamente, vasculhando à procura de algo ou alguém, me encontrando parado com os olhos fixos nela. Esse fodido gosta de usar a mão para tocar algo que nem é dele, é? Sem as duas mãos ele não iria tocar mais em nada.

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