capítulo sessenta e seis

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Tão forte, tão nossas promessas
Vem cá, pô
Me cobra, só você quem pode
Só você me quebra

Eu quero ser pra sempre seu”
SEU — SANT.


Sofia

Depois de subir, não vi mais o Bryan. Tomei banho e usei uma das roupas que a Emilly separou pra mim, agora tô deitada na cama com o maior tédio possível, mexendo no meu celular. Raramente eu mexo nele, e ver que tem bastante notificações do twitter com as pessoas me marcando é, no mínimo, muito estranho e repentino já que o meu perfil é fechado na intenção de expor todos os meus pensamentos só pra quem conheço. Engulo a saliva que se forma na minha boca, clicando em uma de muitas e muitas notificações que se acumularam, já indo direto para uma foto minha e do Bryan na sorveteria, no dia que ele me beijou em público pela primeira vez.

Ele está com o corpo inclinado na minha direção, enquanto estou parada como se fosse uma adolescente em pânico com a aproximação. Eu lembro desse dia como se fosse hoje, todas as sensações, o olhar, toda aquela preocupação dele… Tem a parte boa e a parte ruim da coisa, no caso, quando eu pensei que iria morrer no beco ou quando eu e ele discutimos sobre ter matado o Rogério. E o dia que descobri que, na verdade, meu pai era outro homem. Foi muito louco, eu sei, mas ver a nossa foto é como poder acessar, em todo real, na minha lembrança, tudo o que aquele dia me proporcionou. 

Na foto, tenho um sorrisinho no rosto, mas o Bryan me olha sério, admirado, como se só eu existisse ali no mundo em que estávamos, que criamos afim de ter mais privacidade ou afinidade mesmo na rua. Porra, hein. Faz uns três anos, ou até mais quando eu li em alguns livros de romance na minha adolescência, eu nunca achei mesmo que esse papo de amor, paixão ou de devoção à mulher ou qualquer outra coisa descrita lá, realmente existisse no nosso mundo, no meu mundo. Mas ele existe sim. E o Bryan é exatamente assim. Me sinto estranha em raros momentos, é estranho pra caralho ver ele tomando iniciativa sobre algo entre nós dois, sendo que sempre foge de mim em toda oportunidade. Eu gosto de ter acesso a uma parte mais humana dele, ao Bryan Gabriel que sempre esteve ali desde a nossa infância e poucas pessoas realmente conheceram.

Respiro fundo, voltando a realidade, vendo a quantidade de gente que me seguiu por ver a nossa foto. Até que tem muitas pessoas me xingando nos comentários, óbvio, porque é mais fácil tomar conta do cu dos outros do que do próprio cu, é inacreditável. Prendo o riso ao ver várias páginas de fc nossa, mas que porra é essa? Solto uma risada baixa ao visualizar uma única foto nossa, mas várias edições. “SoBry” ou “BrySo” para o shipp, são da era medieval, tem enquete e tudo. Se não for criança administrando isso, provavelmente é um adulto sem nada pra fazer. Mas caralho, hein, quando foi que o meu Bryan passou de um dos homens mais “temidos” do morro pra se tornar isso? Sério, a minha vontade de rir só aumenta ao imaginar ele lendo uma coisa dessas, e quais seriam as reações. Nossa, que merda ruim, achei que as pessoas só perdessem tempo fazendo isso pra famoso.

Entro na NotiCpx, é o nome da página de fofoca aqui do morro. Respiro fundo ao ver a maioria das garotas nos comentários falando merda e me xoxando, enquanto vivem pra endeusar o Bryan que não tá nem aí pra essas feias. Sinceramente, se tá me xingando e perdendo tempo com posts de fofocas, com certeza é feia. Se fosse linda, andaria comigo.

🐦 - NotiCpx.
“Fo-fo-ca na área!!!!!!

Monas, maior fofoca do Cpx tá na mesa, e eu, como sempre, a maioral que atualiza vocês sobre tudo! O mais gostoso do morro, Talibã, e mais inacessível também, brotou lá pelos acessos da fé em uma sorveteria com a moninha linda que é até conhecida por aqui no morro, a @Sofia.Alencar_19. Más bocas dizem que eles estão ficando sério, mas porra, nem tive a oportunidade de ter esse bofe entre as minhas pernas e já perdi pra ela???? Que morte horrível, monas.

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