O Calabouço!

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Ajoelhado no chão do calabouço enquanto seu corpo tremia de prazer e de dor, padre Cameron, gritava ao ouvir o estalo do chicote enquanto as pontas de couro marcavam sua carne. Dessa vez ele iria até o fim, precisava daquilo, do cheiro de sangue e suor que entravam por suas narinas, trazendo paz para a sua mente pertubada!

Ninguém naquela vila sabia, ninguém podia ouvir! O calabouço era projetado para que o som não saísse dali, ele podia torturar ou ser torturado e ninguém ouviria os gritos de dor. Sorriu cansado ao terminar sua seção, descansou o chicote ao seu lado e deitou no chão frio, controlando a respiração acelerada e gemendo quando tocou o chão duro.

Suas costas ardiam, mas sua mente estava em paz, eram assim todas as vezes, quando ele percebia que iria ceder a tentação do pecado, corria para seu esconderijo e se aplicava o castigo que fora ensinado, e assim, poderia continuar a seguir sua vocação em paz!

Levantou do chão com dificuldade e saiu do calabouço, que ficava no porão da igreja onde ele presidia e morava. Passou pela porta que levava ao pulpito e entrou duas portas depois, onde ficava seu quarto. A igreja era pequena e comportava no maximo 100 pessoas por missa. Nos fundo do salão onde ocorriam as ministrações, ficava seu escritório, seu quarto com banheiro, uma pequena cozinha e embaixo da igreja ficava o calabouço.

O confessionário onde, depois de algumas sessões com os fieis, o padre precisava descer ao calabouço e tirar as tentações da sua mente, ficava ao lado do altar. Era um um estande pequeno e fechado, separado por uma parede e com uma minúscula tela, onde ele poderia ver o rosto do penitente. Do seu lado ficava uma cadeira onde ele sentava para ouvir as confissões e do outro lado ficava um banco onde o penitente ajoelhava para confessar seus pecados.

Quando foi transferido de Helsinki para Vemuk, o padre não esperava encontrar uma ilha onde a população era na maioria idosos e crianças. Haviam poucos jovens e adultos abaixo dos quarenta anos porque, geralmente, os jovens saiam da ilha em busca de seus sonhos e ambições. Mas, como ele havia prometido em sua iniciação, quando decidiu ser padre, que iria onde precisassem de palavras de salvação, vemuk se tornou seu destino!

O padre saiu do banho e entrou em seu quarto para vestir sua bata costumeira, ela era preta, mangas longas e chegava a próximo do tornozelo, junto com a peça, vinha uma calça da mesma cor que formava o conjunto. Geralmente, padre Cameron, usava uma blusa de gola alta por baixo da bata, para esconder suas muitas tatuagens, não era aconselhado que, alguém que se dizia santo, ter tatuagens explicitas a mostra.

Cameron fez uma careta quando sentiu o tecido arranhar seus ferimentos, dessa vez ele tinha exagerado, mas precisava se controlar para não ceder a tentação que aquela menina trazia! Pensar nela novamente fez seu peito arder, e seu corpo pulsar.

"Padre, eu pequei! - a garota falou de forma inocente, fazendo o padre fechar os olhos e suspirar baixo, tentando se controlar."

Naquele domingo depois que o padre Cameron terminou seu sermão, e despediu-se dos seus fiéis, avisou que estaria no confessionário, caso alguém quisesse se confessar. Só não esperava que precisaria correr para o calabouço assim que acabasse a tortura daquele dia. Sim, para o padre, certos pecados tornavam-se torturas aos seus ouvidos, principalmente quando vinha de uma certa jovem, com um olhar inocente e a boca em formato de coração.

Cameron pensou que talvez devesse pedir ao padre Poll para voltar a Helsinki, talvez se contasse o que estava passando o velho teria pena e o deixaria voltar! Suspirou ao pensar no que o velho falaria, ele não cederia e riria dele, como sempre fazia!

Cameron tinha 42 anos, era adulto e tinha dez anos como padre, mas estava deixando uma menina tentar seus pensamentos. Riu, achando-se patético, deveria se manter longe dela e pensar em outra coisa quando ela começasse a falar dos seus pecados, sim, era o que ele faria, ele não se renderia ao pecado, não por ela!

Padre Cameron - Renda-se ao Pecado...Onde histórias criam vida. Descubra agora