O TEᖇᑕEIᖇO ᗩᗰOᖇ

Conflitos Internos

Candice acordou naquela manhã com a cabeça pesada e uma sensação de náusea no estômago. O quarto estava mergulhado em penumbra, as cortinas fechadas impedindo que a luz matinal invadisse o espaço. Ela se virou na cama, olhando para o teto enquanto os pensamentos turbulentos do dia anterior voltavam com força total.

Ela havia decidido não ir à escola naquele dia. A confusão em sua mente era tão intensa que ela sabia que não conseguiria se concentrar em nada. Os acontecimentos das últimas semanas giravam incessantemente em sua cabeça, como um turbilhão de emoções e dúvidas.

Primeiro, havia Carlisle. O médico bonito e misterioso que parecia ter despertado nela algo que ela não sabia que existia. Candice nunca havia se considerado uma pessoa facilmente impressionável, mas algo sobre Carlisle a cativou desde o primeiro momento. Talvez fosse sua gentileza ou a maneira como ele parecia realmente se importar com os outros. Mas havia algo mais profundo, algo que ela não conseguia entender completamente.

Então, havia Esme. A matriarca dos Cullen que, de alguma forma, conseguira balançar seu mundo de maneira inesperada. Candice nunca havia pensado em si mesma como alguém que pudesse se sentir atraída por outra mulher. Mas o toque de Esme, sua presença, a maneira como ela olhava para Candice... tudo isso havia despertado sentimentos confusos e intensos. Sentimentos que ela não sabia como lidar.

Ela se sentou na cama, abraçando os joelhos enquanto tentava organizar seus pensamentos. Havia tantas questões sem resposta. Ela não entendia a ligação que sentia com Carlisle, nem a atração por Esme. Era uma adolescente, ainda tentando descobrir quem era e o que queria da vida. Como podia sentir algo tão forte por duas pessoas ao mesmo tempo?e em tão pouco tempo?

E por que tanto Carlisle quanto Esme pareciam corresponder a esses sentimentos? Candice não conseguia entender. Eles eram adultos, maduros e, aparentemente, felizes juntos. Como poderiam estar interessados nela? Essa dúvida a corroía por dentro, fazendo-a questionar sua própria percepção da realidade.

Se, por algum milagre, algo desse certo entre ela e um deles, como Charlie reagiria? Seu pai sempre fora protetor, e Candice sabia que ele queria o melhor para ela. Mas aceitar que sua filha estava envolvida com pessoas tão diferentes? Ainda mais em uma cidade pequena como Forks, onde todos conheciam todos e fofocas se espalhavam como fogo em palha seca?

Candice suspirou, sentindo uma dor no peito ao pensar em como Charlie poderia reagir. Ele sempre fora compreensivo, mas isso seria um teste para o amor e apoio incondicional que ele sempre demonstrou. E ela mesma, estaria pronta para lidar com as consequências? Para enfrentar o julgamento da cidade, dos colegas de escola, da própria família?

A verdade era que ela não sabia. Candice se sentia perdida, como se estivesse navegando em um mar desconhecido sem uma bússola. Não sabia o que sentia por Carlisle ou Esme, nem como lidar com esses sentimentos. E a pressão de tomar uma decisão parecia esmagadora.

Ela se levantou da cama, sentindo a necessidade de fazer algo, qualquer coisa, para clarear a mente. Caminhou até a janela e puxou as cortinas, deixando a luz entrar no quarto. O brilho suave trouxe um pouco de conforto, mas não dissipou a confusão interna.

Candice pegou o celular e viu várias mensagens não lidas de Bella, Alice e até de Emmett. Eles estavam preocupados com ela, perguntando se estava bem, se precisava de algo. A preocupação dos amigos trouxe um sorriso triste aos lábios de Candice. Ela sabia que podia contar com eles, mas havia algumas coisas que precisava descobrir por conta própria.

Desceu para a cozinha, onde encontrou Charlie preparando o café da manhã. Ele levantou o olhar ao vê-la e sorriu, mas havia preocupação em seus olhos.

—Ei, dorminhoca. Está tudo bem? — perguntou ele, colocando uma caneca de café na mesa para ela.

Candice forçou um sorriso e se sentou. —Estou bem, pai. Só... não estou me sentindo muito bem hoje.

Charlie franziu a testa, mas não pressionou. Ele sempre respeitou o espaço de Candice, sabendo que ela viria a ele quando estivesse pronta. —Se precisar de algo, estou aqui, ok?

Ela assentiu, apreciando o gesto. —Obrigada, pai.

Eles tomaram o café da manhã em silêncio, um conforto rotineiro que Candice valorizava. Depois, ela voltou para o quarto, sentindo a necessidade de colocar seus pensamentos no papel,talvez ajudasse, psicólogos falavam que funcionava. Pegou um caderno e uma caneta e começou a escrever, tentando organizar a tempestade dentro de si.

"Querido diário,

As últimas semanas têm sido uma montanha-russa de emoções e eu me sinto completamente perdida. Não sei o que fazer com esses sentimentos que surgiram por Carlisle e Esme. Eles são tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão intrigantes.

Carlisle tem uma gentileza que me faz sentir segura, como se ele realmente se importasse comigo. Mas ele é casado com Esme, e eu não quero ser um problema na vida deles.

Esme... eu nunca pensei que poderia me sentir atraída por uma mulher. Mas o jeito que ela me toca, como olha para mim... faz meu coração disparar. Eu me sinto viva e assustada ao mesmo tempo.

E se algo desse certo entre nós, como Charlie reagiria? E a cidade? Estou pronta para lidar com isso? Eu nem sei o que estou sentindo de verdade. É tudo tão confuso.

Eu preciso de respostas. Preciso entender o que estou sentindo e por quê. Mas, acima de tudo, preciso saber se estou pronta para enfrentar as consequências de qualquer escolha que eu faça.

Espero encontrar clareza em meio a todo esse caos."

Candice fechou o caderno, sentindo um pouco de alívio por ter colocado seus pensamentos no papel. Ela sabia que precisava de tempo para processar tudo, para entender seus sentimentos e descobrir o que realmente queria.

A manhã passou lentamente, com Candice alternando entre momentos de reflexão e pequenos afazeres para tentar distrair a mente. À tarde, ela decidiu sair para uma caminhada, na esperança de que o ar fresco e a natureza ao redor de Forks ajudassem a clarear sua mente.

Enquanto caminhava pelas trilhas conhecidas, ela se pegou pensando em Carlisle e Esme novamente. A sensação de formigamento que sentira quando Esme tocou seu pulso ainda era vívida em sua memória. O olhar profundo de Carlisle, cheio de compreensão e cuidado, também não a deixava em paz.

Candice sabia que precisava tomar uma decisão, mas isso parecia impossível no momento. Ela se sentia presa entre o desejo e a razão, entre o coração e a mente. E, no fundo, havia uma vozinha sussurrando que talvez fosse melhor se afastar, evitar qualquer complicação e manter sua vida o mais normal possível.

Mas outra parte de si, a parte mais aventureira e curiosa, queria explorar esses sentimentos, entender o que estava acontecendo e ver onde isso a levaria. Ela estava dividida, sem saber qual caminho seguir.

Ao voltar para casa, Candice encontrou Charlie na sala de estar, lendo um livro. Ele levantou os olhos e sorriu ao vê-la.

—Como foi a caminhada? — perguntou ele, fechando o livro.

—Foi boa. Ajuda a pensar — respondeu Candice, sentando-se ao lado dele no sofá.

Charlie olhou para ela com uma expressão séria, mas carinhosa. —Candice, sei que você está passando por algo difícil. Só quero que saiba que estou aqui para você, não importa o que aconteça.

Candice sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos, mas as segurou. —Obrigada, pai. Isso significa muito para mim.

Ele a puxou para um abraço, e ela se permitiu relaxar nos braços protetores de seu pai. Sentir o amor incondicional de Charlie trouxe um pouco de conforto em meio à tempestade emocional que estava enfrentando.

Enquanto a noite caía, Candice sabia que ainda tinha muitas perguntas sem resposta. Mas, por enquanto, estava grata por ter seu pai ao seu lado e por saber que, de alguma forma, encontraria um caminho através da confusão. O futuro ainda era incerto, mas Candice estava determinada a enfrentar cada desafio e descobrir o que seu coração realmente queria.