3 - Sufoco no bar

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— ... E aí, bem no meio do nosso bate-boca, chega a dona da padoca-

— Para de ficar chamando uma padaria de "padoca", Lihito. Já tá enchendo o saco.

— O que tá enchendo o saco é a fumaça do teu cigarro. Apaga essa merda aí, se não nem vão deixar a gente entrar no bar.

— Vamos, não batam boca! Só continuem me contando sobre essa tal amazona que tanto os impressionou — Kaneda pede, animado, enquanto os quatro caminham pelas ruas apinhadas do centro de Tóquio. O fervor da cidade não se abrandava nem àquelas horas da noite, e eles queriam aproveitar o clima descontraído para deixarem os perrengues da vida de lado e beber até caírem no izakaya³ mais próximo.

Haviam se passado três dias desde que visitaram a Heavy Bakery, e o breve passeio ainda era um tópico interessante o suficiente para que continuassem comentando sobre. Especialmente naquele dia, quando Kaneda enfim voltara de viagem, e eles finalmente poderiam botá-lo a par dos acontecimentos sem esquecer nenhum detalhe.

— Amazona? Aquilo era uma verdadeira deusa grega esculpida em mármore, rapaz! — Lihito descreve sorridente — Até eu que não sou chegado em minas musculosas achei ela linda, então você já pode imaginar. Mas enfim, a mina já chegou botando a banca, fez o Okubo ficar pianinho-

— Você também ficou, babaca, não pensa que eu não vi — Okubo resmunga, mas sem tirar os olhos da tela do celular. Ele andava com a cara vidrada naquele negócio desde que os três se encontraram com Kaneda na estação de trem.

— Fiquei nada! Eu fiquei é contemplando aqueles um metro e setenta de pura gostosura, em toda a sua glória — Ele estende as mãos para frente, desenhando formas curvilíneas no ar. Himuro deu uma longa tragada no cigarro, assoprando a fumaça para o lado.

— Tirou as medidas da moça só com o olhar? Eu juro, não sei como você ainda não foi preso por assédio...

— Não enche, olhar não arranca pedaço. De qualquer jeito, ela me dispensou — Ele suspira dramaticamente — Botou Okubo no lugar dele-

— Vai se lascar.

— E depois ficou dando atenção pro Tokita. Sério, como é que aquele cabeça de alga marinha consegue atrair mulher só com a mera presença? O que é que ele tem que eu não tenho?

— Uma cara bonita.

— Um cabelo que não parece um animal morto.

— Vão chupar um prego!

— Pode ser apenas que você não faça o tipo dela, Lihito. Não se ofenda — Kaneda tenta apaziguar, como sempre. O loiro faz um bico.

— Ainda assim é barra ver aquela cria de cthulhu ter uma fila de espera de mulheres atrás dele sendo que ele nem gosta da fruta.

— Se bem que teve uma hora em que a gente chegou a desconfiar... — Himuro comenta de repente, ao que Kaneda se volta para ele.

— Do quê? Não vão me dizer...

— Sim. Por um segundo ele pareceu menos interessado na comida e mais em quem a estava preparando.

— Chegou na padoca cheirando a perfume de velha e tudo, o filho da puta.

— Para com essa merda de "padoca", Lihito! Chatice do cacete!

— Parem de brigar e continuem contando, por favor — Kaneda alteia a voz quando Lihito e Himuro começaram a trocar insultos — Ohma se interessou mesmo pela dona da padaria?

— Nem, a gente só teve essa impressão no começo porque ele 'tava demorando pra escolher o que comer, e depois ficou olhando para o balcão, bem onde Kanami-san estava trabalhando — Himuro joga a bituca de cigarro em uma lata de lixo, ainda olhando feio para Lihito de quando em quando.

Cookies'n'Cream - The Heavy Bakery Kengan Fanfic Series 2Onde histórias criam vida. Descubra agora