26 - O que mudou e o que ficou

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– Meu deus do céu, Tomori...

– Kana-chan-

– Como é que você se mete nessas roubadas, hein?

– Hein? Era eu quem devia te fazer esse tipo de pergunta, Senhora Comprei-Briga-Com-Uma-Gangue-Inteira-Foda-se! E não chama o cara de quem eu gosto de "roubada", fica parecendo que eu sou mulher de malandro...

– E se engraçar com um cara metido com paradas ilegais é definição de quê? Uugh... – Tomori ouve Kanami gemer do outro lado da linha; ela conseguia imaginá-la esfregando uma mão no rosto com cansaço – Tudo bem, eu não vou ficar fazendo acusações. Não era como se você soubesse antes, de qualquer jeito...

– Eu nem sequer imaginava! Mas parando pra pensar, eu devia... – Tomori suspira para o celular em cima da mesinha de chá no centro de sua sala, o alto falante ativado, enquanto ela se ocupava em pintar as unhas do pé esquerdo, apoiado sobre uma almofada encapada – Quer dizer, todo mundo que gosta de artes marciais sabe que esses círculos clandestinos de luta existem aqui e ali.

– Mas você nem sonhava que o seu gorila pudesse ser uma parte disso, né?

– Não... e eu tô me sentindo uma jumenta por isso, sinceramente – Tomori sopra uma mecha de cabelo para longe da testa, as mãos ocupadas – Eles já tinham me falado dessa tal liga dos bastidores uns tempos pra trás. Eu já devia ter desconfiado naquela época, mas...

– Mas você ainda estava naquela fase de fã deslumbrada, por isso nem se ligou – A amiga deduz por ela; ela ouvia sons metálicos do outro lado da linha, então deduziu que Kanami estava nas cozinhas – Puta merda, e pensar que eu já tinha perdoado esse idiota...

– Acho que não é mais questão de perdoar ele ou não, Kana-chan. Ele foi sincero comigo quando eu questionei, na medida do possível – Ela explica, terminando com o mindinho e soprando de leve sobre as unhas para ajudar o esmalte a secar mais rápido – Disse que todo mundo nesse tal clube tá lá porque quer, que as pessoas que trabalham com ele sabem... a hesitação dele que me fez perceber que tem mais coisa aí que ele não me contou. Parece ser um esquema elaborado, sei lá...

– Saquei... é aquela história de "eu não tô mentindo, tô omitindo", né?

– Basicamente – Ela assente com uma careta enquanto molhava um chumaço de algodão com acetona – Ele me disse também que não ganha tanto com isso quanto ganha como lutador do Ultimate Fight, então ele não parece 'tar nessa pela grana. Se ele realmente gosta desse tipo de coisa...

– Isso te faz mudar de ideia quanto a vocês dois?

– Eer... não, não faz.

– E depois não quer ser chamada de mulher de malandro...

– Me erra! Eu te liguei pra receber conselhos e apoio emocional, mulher, não pra ter o meu bom-senso questionado! – Tomori choraminga, e Kanami ri do outro lado da linha.

– Eu sei, Tomo-chan, tô enchendo o seu saco. E sinceramente, o que tá me impedindo de ficar indignada de todo com a situação é que ele se preocupa o bastante com a sua segurança pra não querer te meter no meio disso.

– É... – Tomori não resiste, sorrindo de canto enquanto limpava o excesso de esmalte dos cantos das unhas – Mas que eu até gostaria de assistir a uma luta dessas, eu gostaria...

– Meu deus, criatura, se decide! Você gosta ou não gosta do fato de o seu gorila de estimação estar metido com esse negócio de lutas clandestinas?

– Não é questão de gostar ou não! – Ela gesticula, quase acertando e derrubando o vidro de acetona sobre a mesa – É questão de-

– BLAM!

Cookies'n'Cream - The Heavy Bakery Kengan Fanfic Series 2Onde histórias criam vida. Descubra agora