50

411 45 2
                                    

Billie

Eu estava preparando o jantar, enquanto minha esposa estava sentada à mesa, pensativa. O som dos utensílios de cozinha era o único ruído preenchendo o ambiente, até que ela rompeu o silêncio com suas preocupações.

-- E se eu não conseguir amamentar?... N-Não existe ao certo uma rotina para isso e... e existe a sobrecarga sensorial... E se eu não conseguir lidar com isso? -- ela pergunta nervosa, suas palavras saindo em um tom preocupado.

Parei por um momento, virando-me para olhar para ela. Seus dedos batiam contra a mesa, um sinal claro de sua ansiedade crescente.

-- Podemos tentar usar a fórmula se não se sentir confortável... Não é a mesma coisa do leite materno, mas acho que é uma solução... -- Respondi calmamente, tentando oferecer uma alternativa que a tranquilizasse.

-- Eu não quero que nosso bebê tome fórmula... Quero que ele tenha os n-nutrientes necessários... -- Ela diz, a ansiedade claramente presente em sua voz.

Deixei o que estava fazendo e fui até ela, sentando-me ao seu lado. Peguei suas mãos, tentando transmitir calma através do toque.

-- Eu entendo sua preocupação, meu amor. Amamentar pode ser um desafio, e eu sei que pode ser ainda mais complicado com a sobrecarga sensorial. Mas saiba que estaremos juntas nisso, e vamos encontrar a melhor solução para você e para o nosso bebê -- falei suavemente, olhando nos olhos dela.

-- E se eu falhar? -- ela pergunta, sua voz trêmula.

-- Você não vai falhar -- respondi firmemente. -- O que importa é o amor e o cuidado que você já está demonstrando. Se amamentar for muito difícil, encontraremos outras formas de garantir que nosso bebê tenha tudo o que precisa. Existem consultores de amamentação, grupos de apoio, e eu estarei ao seu lado em cada passo.

Ela respirou fundo, tentando se acalmar. Apertei suas mãos levemente, querendo que ela sentisse que não estava sozinha.

-- Estamos nessa juntas, S/n. E o mais importante é que nosso bebê cresça saudável e amado. Isso, você já está garantindo -- acrescentei, tentando transmitir toda a segurança possível.

Ela me olhou, seus olhos ainda cheios de incerteza, mas com um vislumbre de esperança.

-- Obrigada, Billie. Eu vou tentar o meu melhor.

-- E isso é tudo o que importa. Vamos enfrentar qualquer desafio que vier, e faremos isso juntas -- disse, inclinando-me para beijar sua testa.

Ficamos assim por um momento, em silêncio, apenas sentindo a conexão e o apoio mútuo. Sabíamos que o caminho à frente poderia ter desafios, mas a certeza de que estávamos juntas fazia tudo parecer mais manejável. E, acima de tudo, o amor pelo nosso futuro bebê nos dava forças para encarar qualquer obstáculo.

-- Eu sempre tive medo de ter um bebê por causa do autismo... Sabia? Eu... E-Eu pensava... Eu penso muito que sou quebrada, e que dificilmente conseguiria criar um vínculo tão forte como o de uma mãe com um filho... -- ela diz baixinho, seus olhos marejando, mostrando toda a sua vulnerabilidade quanto a esse assunto. -- Eu tenho medo de não conseguir amamentar... D-De não conseguir fazer com que ele sinta que eu o amo... De não c-conseguir entender ele... De f-falhar com o bebê e com v-você...

Suas palavras me atingem profundamente. Vejo a luta interna que ela enfrenta, a dúvida e a insegurança que a assombram. Seguro suas mãos com mais firmeza e olho diretamente em seus olhos, tentando transmitir todo o amor e apoio que sinto por ela.

-- S/n, você não é quebrada. Você é uma pessoa maravilhosa, com um coração enorme e uma capacidade de amar que me deixa sem palavras todos os dias. O autismo não define você e não limita sua capacidade de ser uma mãe incrível -- digo, minha voz firme e cheia de convicção.

Ela abaixa a cabeça, uma lágrima escorrendo pelo rosto. Eu a limpo gentilmente com o polegar, sentindo meu coração apertar ao ver sua dor.

-- O vínculo que você vai criar com nosso bebê será único e especial, porque ele será baseado em quem você é. Não precisa ser igual ao vínculo de outras mães, precisa ser seu, autêntico e cheio de amor -- continuo, minha voz suave. -- E eu estarei ao seu lado em cada passo do caminho. Vamos aprender juntas, vamos enfrentar os desafios juntas.

-- E se eu não conseguir amamentar? -- ela pergunta, ainda insegura.

-- Então encontraremos outra forma de alimentar nosso bebê. Existem muitas maneiras de demonstrar amor e cuidado. A amamentação é apenas uma delas. O importante é que nosso bebê sinta o amor que você já tem por ele, e isso eu sei que ele vai sentir, porque eu sinto todos os dias -- digo, segurando seu rosto com as mãos e olhando fundo em seus olhos.

Ela me olha, ainda com lágrimas nos olhos, mas agora com um brilho de esperança.

-- E quanto a não entender ele... E de falhar com o bebê e com você... -- ela murmura.

-- Comunicação é algo que aprendemos juntos. Nosso bebê vai crescer aprendendo a entender você, assim como você vai aprender a entender ele. E quanto a falhar, todos nós temos medos e incertezas, mas o amor que sentimos nos guia. Você já é uma mãe maravilhosa porque se preocupa tanto e ama tanto. E quanto a nós, nossa conexão, nossa parceria, é mais forte do que qualquer desafio -- asseguro, minha voz firme, mas cheia de ternura.

Ela respira fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções. Eu a puxo para um abraço, sentindo-a relaxar aos poucos.

-- Billie... -- ela começa, a voz embargada.

-- Eu acredito em você, S/n. E acredito em nós. Vamos ser as melhores mães que pudermos ser, e nosso bebê vai sentir todo o amor que temos para dar. Você não está sozinha nessa. Estamos juntas, e isso faz toda a diferença -- digo, com um sorriso encorajador.

Ela me abraça apertado, e eu a envolvo com todo o meu amor, sentindo-a relaxar cada vez mais.

-- Obrigada por acreditar em mim -- ela sussurra, seus braços envolvendo meu corpo com força.

-- Sempre, meu amor. Sempre -- respondo, segurando-a ainda mais firme.

Passamos um tempo assim, em silêncio, apenas aproveitando a presença uma da outra e o consolo do abraço. Sei que os desafios não desaparecem com uma conversa, mas cada palavra de apoio, cada gesto de carinho, ajuda a construir uma base sólida de confiança e amor.

Depois de um tempo, sinto S/n se acalmar completamente. Nos afastamos um pouco, ainda segurando as mãos uma da outra.

-- Vamos enfrentar isso juntas, um dia de cada vez -- digo suavemente.

Ela assente, enxugando as lágrimas com um pequeno sorriso.

-- Sim, juntas -- ela responde.

Voltamos para a cozinha, onde o jantar ainda está em preparação. Continuamos nossas tarefas, agora com um sentimento renovado de unidade e força. Mesmo que os desafios estejam à frente, sabemos que temos uma à outra para enfrentar qualquer coisa que venha. E, acima de tudo, temos o amor que já estamos construindo para o nosso bebê.

You Are My Love (You/Billie) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora