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Billie

Eu acordo no meio da madrugada e percebo que S/n não está na cama. Um leve aperto no peito me impulsiona até o quarto de Liz, sabendo intuitivamente onde encontrá-las. Chego devagar, tentando não fazer barulho, e encontro S/n sentada na poltrona de amamentação, segurando nossa filha nos braços.

Ela está fungando baixinho, a voz embargada pelo choro contido. Suas palavras ecoam no quarto silencioso, carregadas de uma vulnerabilidade que me parte o coração.

-- Eu me sinto patética... -- S/n murmura, as palavras quase sussurradas se misturando com os suspiros que escapam entre seus soluços -- Estou aqui perturbando seu soninho, só porque sou uma boboca que tem medo de ser trocada por uma mulher normal...

Permaneço ali, observando-a com um misto de tristeza e culpa. Ela continua a desabafar, lutando para conter suas emoções à medida que as palavras fluem de forma hesitante.

-- V-Você me ama, né, Liz?... Mesmo eu sendo esquisita... E quebrada... -- S/n pergunta à nossa filha, como se buscasse uma confirmação que apenas o olhar inocente de Liz poderia dar -- Acho que sua mãe deve estar me achando uma bobona agora... Eu estou... Acha que sou idiota por estar me sentindo ameaçada com a proximidade de Odessa?...

Minha respiração fica presa por um momento enquanto absorvo suas palavras. Ela está magoada, confusa, e tudo por minha causa. Uma onda de culpa me atinge com força. Ela não merece se sentir assim por causa da minha insensibilidade e falta de atenção.

Eu assisto à cena sentindo-me um ser horrível por ter provocado esses sentimentos em S/n. Minha mente corre, procurando maneiras de reparar o que fiz, de mostrar a ela que é amada, que é valorizada. Mas agora, neste momento de vulnerabilidade crua, sei que apenas estar ali, oferecendo meu apoio silencioso, pode ser um primeiro passo para reconstruir o que desmoronou entre nós.

Eu escuto suas palavras com um aperto no peito, percebendo o quanto a magoei. S/n se levanta com Liz nos braços, caminhando em direção ao berço, provavelmente para colocar nossa filha de volta para dormir.

-- Eu vou deixar você dormir... Desculpa a mamãe vir te perturbar a essa hora... Eu precisava de um abraço -- Ela diz baixinho, sua voz carregada de tristeza e cansaço emocional.

Ao virar em direção à porta, ela dá um pequeno sobressalto ao me ver ali parada. Rapidamente, vejo-a secar suas lágrimas, tentando disfarçar o abalo que sentiu ao me encontrar ali.

Meu coração se aperta ainda mais ao testemunhar seu esforço para se recompor diante de mim. Quero dizer algo, qualquer coisa que possa aliviar o peso que coloquei sobre seus ombros, mas minhas palavras parecem presas na garganta.

S/n desliza um olhar rápido na minha direção, seus olhos avermelhados denunciando a dor que ela tenta esconder. Nós nos encaramos por um instante tenso, onde tanto poderia ser dito, mas palavras pareciam ser desnecessária em desafio daquele momento.

Eu me aproximo um pouco hesitante, então puxo-a para os meus braços. No mesmo instante S/n parece desabar, soltando um soluço alto e abafado por ter seu rosto pressionado contra mim. Eu aperto-a com força em meus braços, sentindo seu corpo tremendo pelo choro.

-- Desculpa...-- Ela diz baixinho, entre um soluço. Eu balanço a cabeça enquanto acaricio seus cabelos.

Naquele abraço, senti o peso das palavras não ditas, o turbilhão de emoções que S/n carregava consigo. Seu choro era um misto de frustração, medo e vulnerabilidade, tudo expresso naquele soluço alto que escapava de sua garganta. Eu a segurava com firmeza, desejando poder absorver toda a dor que ela estava sentindo naquele momento.

-- Não é você quem precisa pedir desculpas, meu amor... -- murmurei, mantendo minha voz suave enquanto acariciava seus cabelos com ternura. Sentia seu corpo tremer em meus braços, um sinal evidente de como ela estava abalada.

S/n ergueu o rosto, seus olhos vermelhos encontrando os meus. O silêncio entre nós era carregado de compreensão mútua, de anos de conexão que nos permitiam entender sem precisar de palavras. Segurei seu rosto entre minhas mãos, secando as lágrimas que teimavam em escorrer por suas bochechas.

-- Eu só... sinto tanto medo, Billie... -- confessou ela com a voz embargada. -- Medo de não ser o suficiente para você, medo de que outras pessoas possam te fazer mais feliz do que eu...

Meu coração se apertou ao ouvir suas palavras sinceras. Eu nunca quis que S/n duvidasse do quanto ela significa para mim, do quanto eu a amo com cada fibra do meu ser.

-- S/n, você é tudo para mim. Ninguém poderia tomar o seu lugar. -- declarei com convicção, procurando transmitir toda a verdade e sinceridade das minhas palavras. -- Eu amo você, com todas as suas nuances, com toda a nossa história juntas. Você é única, e é por isso que te escolhi para estar ao meu lado, sempre... Eu te escolhi a oito anos atrás quando te pedi em namoro, te escolhi a três anos atrás quando te pedi em casamento, eu te escolho dia após dia... Eu te escolho em todos os segundos da minha vida, e vou continuar escolhendo em todos os meus dias, enquanto eu respirar... Porque você é a mulher da minha vida! Você é a mulher com quem eu divido e quero dividir a minha vida, hoje e sempre... -- Digo calmamente, querendo que ela absorva cada palavra dita por mim -- Eu quero você e apenas você... E se você se sente insegura, significa que não estou provando e deixando evidente para você isso... E nesse caso, eu quem tenho que me desculpar com você... Porque você não deve se sentir assim nunca...

Ela se mantém em silêncio, me abraçando com firmeza, seu rosto escondido em meu pescoço. Eu conseguia sentir sua respiração tremula e entrecortada. A emoção era palpável no ar, como se cada toque, cada abraço, fosse uma tentativa desesperada de reconectar nossos corações.

-- Eu entendo seus medos, S/n. Mas saiba que ninguém pode substituir o que temos. Nossa conexão vai além de qualquer coisa superficial. Você me completa de uma maneira que ninguém mais poderia. -- murmuro suavemente, apertando-a um pouco mais contra mim.

Ela solta um suspiro profundo, relaxando lentamente em meus braços. Aos poucos, seus soluços vão diminuindo, substituídos por uma calma relutante.

-- Prometo que vou fazer melhor para mostrar o quanto você é especial para mim. Não quero que você sinta insegurança, não comigo. -- continuo, acariciando suas costas suavemente.

S/n ergue o rosto novamente, seus olhos encontrando os meus com uma mistura de gratidão e amor. Ela assente levemente, como se estivesse começando a acreditar nas minhas palavras.

-- Eu te amo tanto, Billie. Às vezes, eu só... preciso ouvir isso de novo, para ter certeza. -- confessa ela, sua voz agora mais calma e firme.

Um sorriso suave se forma em meus lábios enquanto a puxo para um abraço mais apertado.

-- Eu amo você mais do que palavras podem expressar. E vou continuar dizendo todos os dias, se for preciso. -- respondo sinceramente, sentindo o peso da emoção se dissipar lentamente.

Ficamos ali por mais alguns momentos, apenas nos abraçando e absorvendo a paz que nossa reconciliação trouxe. A certeza de que, juntas, poderíamos superar qualquer desafio que a vida nos apresentasse.

You Are My Love (You/Billie) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora