(EM PAUSA) - Nunca Deixei de Te Amar

14

Quintamos, besties ✨
Até sábado!

Posso contar com você?

Boa leitura!!!

Beijos purpurinados,

Kami <3

.

.

.

27 de abril de 2001

SAMUEL

            Quando Jessica e eu nos conhecemos, éramos apenas duas crianças. Tínhamos a mesma idade e a mesma tendência a causar problemas com nossos pais, isso nos uniu quase que imediatamente. Lembro-me de quando nos conhecemos, ela usando Maria-Chiquinha cheia de presilhas coloridas e uniforme escolar enquanto batia em um pirralho que havia resolvido fazer bullying comigo por algum motivo ridículo. Desde então, nos tornamos inseparáveis.

            Meus pais nunca se importaram com o que eu fazia ou deixava de fazer, desde que não causasse um escândalo ou qualquer coisa que refletisse na carreira política do meu pai, Renato Barcelos, ou a futura carreira de Sávio.

            Mas, de alguma forma, desde que a mãe de Jessica havia se tornado a nova governadora do estado, meus pais pareciam cada vez mais interessados em nossa amizade, e estava muito claro quais suas verdadeiras intenções.

            — A que horas você vai buscar a Jessica, Samuel? — meu pai invade meu quarto sem bater, resolvi faltar aula sabendo que o meu único motivo para ainda frequentar aquele lugar, não estaria lá hoje.

            — Bom dia pra você também, vereador Renato. É sempre um prazer começar meu dia com tanto amor e carinho vindo do meu pai. — respondo com desdém, sem tirar os olhos dos filmes que eu precisava revelar. — Mas, respondendo sua pergunta, farei outra: por que eu buscaria a Jessica? Não sou chofer.

            — Pelo menos uma vez você pode ser menos insolente? — meu pai gira minha cadeira, arranca o filme da minha mão e o coloca na mesa com um estrondo, fazendo com que eu fique de frente para ele e questiona me encarando com os olhos tão ou mais verdes que os meus. — Agora vou repetir minha pergunta: que horas você vai buscar a Jessica Diniz para a comemoração dos Alencar? — Suas mãos estavam cerradas em punhos e sua postura rígida.

            Levando da cadeira e caminho devagar até a janela, olhando fixamente para o céu, depois para o chão.

            — O que está fazendo?

            — Verificando se os porcos já começaram a voar e se o inferno congelou. Porque só quando isso acontecer que eu vou buscar a Jessica para essa festa.

            — Você é ridículo, Samuel! Você vai, porque se não for, a governadora, com certeza, não vai gostar disso.

            — E quem disse que eu me importo? — pego minha mochila e minha câmera.

            Minhas mãos formigam, ansiosas por registrar esse momento com a minha câmera, com um único clique, a cara de desgosto do senhor Renato Barcelos.

            — Deveria. Você gosta das coisas boas que te proporcionamos. — ameaça. — Sem o nosso dinheiro, você não seria nada.

            Parece observar o meu quarto que não fiz questão de modificar desde havia chegado. Eu tinha a plena certeza de que não ficaria nessa casa por mais tempo do que precisava. Uma estante de madeira com alguns livros, ocupava um canto, enquanto fotografias adornavam as outras paredes. Minha cama de solteiro mal era usada desde que eu havia começado a passar minhas noites no quarto de Gabi. Uma luminária antiga iluminava minha escrivaninha bagunçada, onde pilhas de filmes e fotografia amontoavam-se de forma desordenada.