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A porta se fechou, e Josué foi logo perguntando:

-Então, doutor, como ele está?

-Não está lá essas coisas - o médico respondeu - Graças às minhas recomendações, sua febre parou de crescer, mas também não diminuiu. Sua enxaqueca o impede de dormir, e o cansaço muscular o está paralisando, já que ele não dorme. E eu consegui identificar o veneno.

-Sério? Que bom!

-É um veneno de uma cobra na região da Dalmácia.

-Dalmácia? Mas como que tal especiaria veio parar aqui?

-Isso não sei lhe responder. E outra questão que também não consigo achar uma resposta é o soro.

- A "cura" para o veneno?

-Exato. Atualmente, não há nenhum tipo de soro que anule o efeito. Sinto muito te dizer isso, mas eu posso ajudar teu pai por algumas semanas, porém, os dias dele estão contados. Preparem o funeral dele desde já.

O médico se afastou, deixando Josué sozinho no corredor. Este lutava para não chorar, mas se rendeu a emoção. Por alguns minutos, sentiu uma tristeza, misturada com medo, de perder o pai.

Apesar de Timóteo não ter sido um pai muito presente, nos poucos momentos em que esteve com Josué, impôs respeito e admiração no filho mais velho. Tanto que o jovem sucessor cresceu se espelhando no pai, e muitos até dizem que ele seria exatamente como Timóteo foi.

Ver seu maior exemplo naquela situação de quase morte, deixou o visconde abalado. Não sabia o que fazer ou o que pensar sobre. Sua mente estava confusa.

Depois de chorar por alguns minutos, Josué seguiu para seu quarto. A cabeça abaixada e os passos lentos denunciavam sua tristeza. Os criados, ao verem o filho do patrão daquela forma, preferiam não incomodá-lo, e passavam de fininho por ele. Ao chegar em seu aposento, sua noiva, Vanilda, o esperava na porta. Uma mulher de 27 anos, de corpo esbelto e curvílineo, cabelos lisos negros e um sorriso encantador.

O casal se conheceu na adolescência, pois os pais de ambos eram aliados dos Saboia, e foi num encontro entre as três famílias que Vanilda e Josué se encontraram. Apesar da amizade forte que desenvolveram, os dois não eram apaixonados um pelo outro. O casamento seria apenas um laço político entre os clãs, não um laço de amor verdadeiro.

-Veio conversar comigo? - perguntou o visconde.

-Andou chorando? - a noiva se aproximou do rosto.

-Não foi nada.

-Ninguém chora por nada.

-Vamos entrar, porque tenho muito a falar.

O garoto contou tudo que guardava, e no final do desabafo, Vanilda sorriu e comentou:

-Vejo que realmente se importa com seu pai. Vai ficar tudo bem. Além do mais, graças a esse médico, foi confirmada minha suspeita de quem envenenou o conde.

-Quem?

-Jéssica, oras.

-Minha irmã? Por que acha que ela faria tal atrocidade?

-Bem, ela e Diana viajaram para a região da Dalmácia, lembra? Diana nunca faria algo contra seu próprio avô, mas desconfio que o mesmo não se aplica a minha cunhada.

Aquilo penetrou a cabeça de Josué de maneira que por um momento, tudo fazia sentido.

Para o azar do casal, a moça ouvia tudo que era dito através do chão, pois como seu quarto estava acima do cômodo dos noivos, se encostasse a sua cabeça no carpete, ouviria muito bem o que foi dito.

-Pelo visto, terei que alterar um pouco meus planos - Jéssica murmurou para si mesmo.

Ela foi até sua cama, e pegando uma pequena caixa, retirou de lá um frasco com líquido incolor, e o colocou no bolso de seu vestido. Em seguida, saiu. 

As Águias Gêmeas (Fantasia-Histórica)Onde histórias criam vida. Descubra agora