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Durante o pôr do sol, Célio, Tales e Joabe voltaram para o agrupamento da companhia. Estavam com suas roupas sujas e rasgadas, cabelos bagunçados, cheiro desagradavel e indifenivel, e uma dor insuportável. 

-O que houve com vocês? - indagou Délio a seu irmão quando o visualizou. - Parece até que lutou com um monstro.

-Foi tipo isso - resmungou Célio - Me leve até a tenda para eu banhar-me. 

O irmão obedeceu prontamente. 

Tales andou mancando até sua barraca, e cansado, deitou-se na cama, onde dormiu nos primeiros segundos. “Eu realmente não esperava que fosse ser tão complicado cumprir essa missão” pensou o sábio, relaxando seu corpo. 

De longe, o seu gênio viu o veneziano cansado e abriu um sorriso debochado. 

Joabe, carregado nas costas de Adriano, foi jogado em sua cama por este. 

-Ei, cuidado comigo - reclamou o nobre.

Adriano, que também estava cansado, simplesmente suspirou profundamente. Sentou em uma cadeirinha, e lá mesmo, apagou de tanto cansaço. 

Ainda não cientes da caça ao tesouro, os guerreiros começaram a murmurar por detrás dos líderes. Boatos de diferentes tipo se alastraram em poucas horas pelo acampamento. 

-Eles devem ter ido colocar fogo na floresta - uns diziam.

-Devem ter ido se enfrentar para ver qual o mais forte - outros exclamavam.

-Foram para uma caça contra javalis selvagens gigantes - os mais paranoicos afirmavam.

E outras besteiras sem sentido eram ditas. Crasso, irritado com a função que exerceu durante quase o dia todo, simplesmente fingiu que não ouvia. Ficou satisfeito em saber que seus subordinados não falavam nada acerca (mas na verdade, aqueles guerreiros falavam coisas até mais absurdas que os próprios seguidores de Joabe). 

No dia seguinte, antes da alvorada, Joabe despertou. 

Vendo que ainda não estava na hora do café da manhã, pensou em voltar a dormir. Contudo, de relance, viu uma sombra passar pela fachada de sua barraca. 

-O quê? - sussurrou para si mesmo. 

Joabe pegou seu anel que continha o dente mágico e furtiavamente, saiu de sua tenda com o coração batendo em uma velocidade enorme. Viu uma pessoa usando uma capa com capuz de couro preto e usava uma alpercata do mesmo tecido e da mesma cor. 

A uma distância que não pudesse ser visto, o nobre foi andando o homem negro. Não estava assustado, mas preocupado. Não lembrava de absolutamente ninguém naquela comitiva que usava aquelas roupas. 

O desconhecido saiu do acampamento, e seguiu por mais meia hora até que chegou a uma árvore seca. Ali, encostou suas costas no tronco e sentou. Segundos depois, os primeiros raios solares apareceram como faixas amareladas no horizonte. 

A uns 20 metros, escondido atrás de um arbusto de 2 metros, Joabe assistiu também a alvorada, impressionado. Lembrou-se de sua casa, que estava a milhas de si. Apesar dos problemas, brigas e dos desgostos adquiridos ali, o Graccio sentiu um aperto do coração. Recordou-se de Domenico e de Isaia, e o aperto no seu coração parecia que ia esmagar aquele órgão vital. 

-Como será que eles estão? - balbuciou para si mesmo. 

Um cheiro de queimado entrou pelas narinas de Joabe, e ao olhar para o homem desconhecido, viu que uma fogueira estava acesa, e que o misterioso senhor falava algo incompreensível. 

Um minuto depois, um cervo literalmente caiu do céu, direto na fogueira. 

“ Um mago ou um bruxo?”pensou Graccio.  

15 minutos depois, o animal estava assado e o encapuzado retirou sua capa, revelando seu rosto. 

Era Tales de Veneza. 

Antes de comer, no entanto, o sábio retirou de sua capa uma pedra em formato de losango, e a apertou. O fogo se extinguiu na hora, deixando somente a madeira queimada e o defunto animal. 

“ Na divisão que fizemos dos bens da harpia, esse cara pediu para que ele escolhesse o que desejava. Diferente de nós, ele pegou poucas coisas. Mas… e se tudo aquilo que ele pegou, for utensílios mágicos poderosos?” Assustado com que havia presenciado, Joabe saiu correndo desesperado, pensando no que faria após ter visto aquilo

As Águias Gêmeas (Fantasia-Histórica)Onde histórias criam vida. Descubra agora