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AMÉLIA MILLER

Depois do meu tempo livre e do almoço da Beth, ainda passo no meu armário rapidinho para pegar meu livro de cálculo e meu livro de álgebra, antes do segundo sinal para a próxima aula tocar.


Termino de pegar rapidinho tudo o que preciso, e então fecho o armário. Nisso, acabo vendo Alyssa vindo em minha direção rapidamente. Seus olhos estão focados em mim, então sei que é comigo com quem ela quer falar agora.

     — Oi. — Digo e sorrio de canto, quando a mesma se aproxima.
     — Oi. — Alyssa acena com a cabeça, balançando o corpo para frente e para trás, na ponta dos pés. — Então... você tem um minuto?

Antes de responder, olho a hora no celular.

     — Faltam alguns minutos para a aula de cálculo começar, mas acho que dá sim. — Afirmo com um balanço da cabeça, e olho para Alyssa. — Rápido.
     — Ok...tá, por onde eu começo? — Ela murmura, mordendo a boca. — Tudo bem. Eu observei como você e Charlie interagem um com o outro...desde ontem a noite, durante o filme.

     Eu apenas fico quieta, observando-a e esperando para ver até onde essa conversa nos levará. Não devo tirar conclusões precipitadas.

     — E, também vi como vocês lidaram com aquela... pílula, no carro hoje mais cedo.

Nem me fale dessa pílula.

     — Achei fofo o jeito como ele tentou tranquilizar você. — Alyssa abre um meio sorrisinho. — E também achei muito fofo como vocês ficaram abraçados durante o filme...e desculpa, mas, hoje no carro, ouvi a conversa de vocês enquanto fingia tá de fone. Foi mal, sério.
     — Tranquilo. — Sorrio, pressionando os lábios.
     — Enfim...o que eu quero dizer, é que, surpreendentemente, acho vocês dois um casal incrível. — Alyssa gesticula com as mãos frente ao rosto, não mantendo contato visual enquanto fala. — Não estou querendo dar permissão pro namoro de vocês, nem nada do tipo; não tenho esse poder. Só estou tentando dizer que não me incomoda mais ver vocês juntos...acho. Você faz ele feliz, e eu gosto de ver meu irmão feliz; devo isso a ele.
     — Obrigada, Aly. Isso é muito importante pra mim...e pro Charlie também. — Sorrio, e a abraço brevemente. Isso ameniza o clima pesado entre nós duas, o tornando melhor, quase aliviante.
     — E eu sei que não vamos ser como antes, mas quando quiser sair para tomar um sorvete no The Jhon's, ou fazer uma noite do Peter K, é só falar comigo.

Sorrindo com gentileza, Alyssa ergue o punho para mim e eu o toco com o meu. No mesmo instante, o som do segundo sinal ecoa pela escola, me fazendo olhar ao redor; só tem nós duas no corredor.

     — Meu Deus, estamos atrasadas! — Digo, rindo junto com Alyssa antes da gente sair correndo para chegar no segundo andar a tempo.

Na hora da saída, Beth e eu ficamos sentadas na calçada de frente para a porta da escola, esperando Charles chegar. Eu iria embora com Charlie, mas ele está no treino e eu estou morrendo de vontade de ir para casa, principalmente porque estou com cólica e o remédio ainda não fez efeito. Aposto que é um dos efeitos colaterais da bendita pílula do dia seguinte.

     — Por que você não vai embora com seu namorado? — Beth questiona, sorrindo e arqueando uma sobrancelha para mim.
     — Tô com preguiça de esperar ele terminar de treinar. — Franzo nariz — Por que? Tá incomodada? Posso voltar de ônibus.
     — Não, não é isso. É que, se eu tivesse um namorado, eu ia fazer ele me carregar para todos os lados, e se ele reclamasse, iria colocar uma plaquinha escrito "Uber" no carro dele.

Dou risada.

     — Não gosto dessa ideia de dependência. Sinto falta do meu carro

     E, então, no segundo seguinte, estou suspirando. Sinto que nunca mais vou dirigir. Quando você aprende a dirigir aos 16 anos, também está sentindo um gostinho de liberdade nunca sentido antes. É quase como voar, mas sem sair do chão.

ALL FOR LOVE - Charlie Bushnell (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora