CHARLIE BUSHNELL
Meu sono pesado é interrompido pela voz da Lia. O rosto dela aparece na minha frente, e há lágrimas em seus olhos. Ela está chorando, mas parece mais irritada do que triste, e talvez um pouco chateada. Posso ouvir ela gritar comigo; não, ela está furiosa.
E está furiosa comigo.
— Vai se foder! — Ela continua gritando, mas o som vem baixinho para mim.
Depois disso, a vejo correr e ir embora, enquanto eu fico parado e não faço nada.♥
Abro os olhos, mas me arrependo assim que uma luz extremamente forte faz minha cabeça doer como se mil fogos de artifícios estivessem explodindo dentro dela. Volto a fechá-los, bem rápido e a tempo da dor me fazer resmungar baixinho. Caralho.
Minha cabeça está pesada – pesada demais. Meu corpo está pesado – pesado demais. É como se eu fosse chumbo, e até quando tento mexer os braços, sinto um pouco de dificuldade. Respiro fundo e volto a abrir os olhos, dessa vez um pouco mais devagar.
Não vejo mais claridade forte, apenas a prateleira de troféus e medalhas encostada na minha parede azul. Mas isso não significa que minha cabeça pare de doer, pelo contrário, parece ficar mais forte. Nossa, que vontade de arrancar minha cabeça fora agora.
Mexo meu braço esquerdo, o levantando até a altura dos meus olhos e mexendo de um lado para o outro. Permanece pesado, e quando fecho o punho e aperto estou sem forças. O que tem de errado comigo? Tento organizar meus pensamentos, ligar os pontos que me levam até aqui, mas eu não consigo me lembrar de absolutamente nada em relação a noite passada. É um branco total.
A última coisa de que me consigo lembrar sobre ontem a noite, é de dar alguns goles numa garrafa de vodka. Merda. Não acredito que enchi a cara daquele jeito quase mortal de novo. Por que eu fiz isso? Qual é a porra do meu problema?Volto a abrir a mão, e jogo meu braço para o lado, prestes a tentar me espreguiçar quando percebo que bati em alguém. Ouço um resmungo feminino e meu coração dispara. Por favor, que seja a Lia. Por favor, que seja a Lia. Por favor que seja a...
— Tess? — Resmungo, e minha voz está mais rouca do que o normal. — Que porra...?Afasto bem devagar minha mão de seus cabelos negros, que estão jogados para o lado. Isso – ela aqui na minha cama, seminua – não faz o menor sentido. Mais uma vez, tento forçar minha mente a achar uma explicação lógica para isso tudo, mas ainda não consigo me lembrar de absolutamente nada sobre essa noite. É como se eu tivesse apenas dormido o tempo inteiro, e nada tivesse acontecido durante esse período todo.
Quem me dera fosse isso.
Leva alguns minutos até eu conseguir fazer meu cérebro ligar e começar a pensar, mesmo que ainda esteja meio lesado. Não acredito que eu transei com a Tess. Entro em pânico, e meu coração bate mais forte no meu peito, sendo a única coisa no meu corpo sendo capaz de funcionar sem a capacidade de um Bicho Preguiça.Eu prometi pra Lia que não faria isso, e eu pensei que seria fácil cumprir a promessa, porque ela é a única garota com quem eu gostaria de continuar transando – não é exatamente muito romântico, então lá vai uma versão bonitinha: eu amava ela, e não queria outra garota para o que quer que fosse. Eu amo ela. Não faz o menor sentido que eu quisesse transar com a Tess. A não ser que eu tenha enchido a cara, porque eu só faço merda quando fico bêbado, não importa se eu queira ou não fazer a merda. Eu simplesmente faço-a-merda.
Apoio as mãos no colchão da cama, me sentando devagar enquanto ainda tento achar uma conclusão plausível para merda que eu fui arranjar de fazer ontem a noite – e pior, quando eu deveria ter ido ao cinema com a minha namorada, pra depois transar com ela, e não com a insuportável da Thereza. Que merda que eu tinha na cabeça quando disse que podia dar uns minutinhos pra Tess conversar comigo? Mas que porra.
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ALL FOR LOVE - Charlie Bushnell (livro 2)
Hayran KurguLivro #2 OBS.: Sinopse possui spoiler do livro #1 Amélia Miller estava de coração partido. O garoto pelo qual jurava estar apaixonado por ela havia cometido um erro - o erro que ela mais temia acontecer. Depois da terrível - e quase fatídica - noi...