🌸 Vitória 🌸
— Você tem a certeza? - pergunto me olhando no espelho. — Não sei, Eduarda...
— Cala a boca jesus! - ela me dá um tapa leve no ombro. — Você tá linda! - soletra a última palavra.
— Essa parada de vestido justo não fica bom em mim. - me olho de lado. — Sê sincera.
— De novo essa conversa? - a morena cruza os braços. — Seu corpo é majéstico, Vi. - diz.
Não respondo, apenas sorrio e deixo que os pensamentos inseguros desvaneçam. Não vale a pena pensar tanto assim, é só uma festa, e a probabilidade de eu conhecer o meu futuro marido é muito pouca.
Quando dou por mim, a Duda já desceu as escadas. Pego a minha mala branca e a penduro no ombro, dando um último jeito no meu cabelo para o deixar mais livre.
Saio do meu quarto e desço, me deparando com meu pai encostado na porta me olhando, enquanto a minha amiga responde a alguma mensagem no celular, do seu lado.
— Uau, você tá deslumbrante, querida. - o mais alto sorri e eu fico boba. — Parece que foi ontem que andou pela primeira vez, e agora já tá indo em festas.
Abraço o meu pai e rio com o que ele falou.
— Vocês têm a certeza que não querem uma carona? - pergunta. — Não me incomoda nada.
— Sim senhor Santorini, a gente vai de boas. - a Duda responde. — Pode deixar. Vou indo pro carro, amiga. Não demora. - pisca o olho e sai de minha casa.
Meu pai observa ela se afastar e logo vira a sua cara pra mim.
— Credo, que cara é essa? - pergunto. — Parece que viu um fantasma.
— Não é nada, Vi, é só que... - o mais velho sorri. — Sinto saudades de quando você era mais nova. - rio com o que ele fala.
— Essa conversa de nostalgia agora?
— É sério filha, na minha cabeça sempre vai ser a garotinha do papai. - tira algo do bolso que não consigo perceber o que é. — Mas como eu sei que cresceu e já tá adulta, toma aqui. - me entrega uma... camisinha?
Meu Deus, que vergonha. Sinto a minha cara ficar rosada de tanto arder.
— Eu não preciso, pai... - rejeito.
— Nunca se sabe Vitória, leva pelo seguro. - força a colocar na minha mala e eu não impeço. — Sempre é bom tomar precauções. E não precisa ficar envergonhada, sou seu pai, pode conversar comigo sobre absolutamente tudo.
Ele tem razão, não tem o porquê de eu ficar assim. Adoro saber que ele tá disposto a fazer tudo por mim.
— Te amo demais, pai. - beijo a sua bochecha e olho para a Eduarda, na rua, me esperando no carro. — Vou andando, Duda tá me esperando impaciente. - rio.
— Vai lá. - sorri. — Se cuida.
[•••]
Entramos na boate dominada por tons roxos de LED, fumaça e bolhas de sabão. Pessoas dançando pra lá e pra cá, outras bebendo no bar... E um montão de mulher rebolando até ao chão no palco. Tudo isso e nada que se enquadre no meu estilo de diversão.
Pelo contrário de mim, a Duda já chegou dançando. Me rio quando ela segura a minha mão e a leva ao ar, me incentivando a dançar.
— Bora minha 'fia, se anima! - ela grita devido ao tanto de barulho que vai ali. — Não veio pra ficar pagando de estátua!
Começo a me mexer um pouco e com o tempo, vou me soltando. Eis um facto curioso sobre mim: eu não sou fã de festa, mas quando me solto, fico doidaça.
[•••]
Já vou no oitavo... ou nono shot da noite, e consigo sentir o whiskey fazer efeito em mim. Meus olhos estão ligeiramente fechados, meu corpo estranhamente leve, e me dá uma vontade de rir enorme. Acho que nunca bebi tanto como hoje.
Olho ao meu redor e não vejo um sinal da Eduarda. Mais cedo a vi junto com um menino, então suspeito do que ela esteja fazendo.
Não muito longe de mim, noto um menino, ou melhor, um homem me encarando. Retribuo o olhar, analisando a sua aparência. Negro, usando uma regata preta que exibe um monte de tatuagem... Uns ténis e um boné da Lacoste e uns calções pretos da Nike. Uma barbicha estranhamente atraente no queixo.
Aceno pra ele com a cabeça com o intuito de perguntar o que ele quer, e assim que o faço o mesmo baixa a cabeça e pega o seu cigarro, continuando uma conversa com o que parecem ser os seus amigos. Reviro os olhos e me preparo pra ir dançar pra pista, justamente quando o negro volta a olhar para mim.
Como eu não ligo pra homem, me viro e começo a caminhar até ao banheiro. Ao passar pelo pequeno corredor, passo também por muitos casais partilhando saliva. Tento ignorar ao máximo até finalmente chegar no banheiro. Entro e faço o que tenho a fazer.
Frente ao espelho, depois de lavar as mãos, retoco meus lábios com o gloss. Abro a porta e me deparo com o mesmo cara de antes, ou melhor, com o seu pescoço, devido à diferença de alturas. Inclino a minha cabeça ligeiramente, o encarando nos olhos.
— O que você quer de mim? - pergunto. — Não para de me olhar e agora me seguiu.
— Você que não para de me olhar, ué. - ele reclama. — Tava ali me comendo com o seu olhar e do nada vem no banheiro, parece que estava querendo que eu viesse junto.
— E você veio. - reviro os olhos. — Vocês, homens, amam deduzir que as mulheres vos querem sempre né. Posso nem vir sozinha no banheiro que já ficam com segundas intenções.
O garoto me olha de um jeito que me irritou, e cruza os braços.
— Dá licença? - me refiro ao facto de que quero sair do banheiro, e ele tá no meio da porta. Grande como é também, consigo nem passar no pequeno espaço entre ele e a parede.
— E se eu não deixar você passar?
— Meu Deus do céu garoto, não enche. - reviro os olhos. — Tenho que achar a minha amiga.
— Hum... - o mais alto parece me olhar de cima a baixo, e dá uma especial atenção ao meu decote.
— Vai se foder menino. - pressiono as minhas mãos contra o seu peitoral, e não vou mentir, era bem definido. O empurro sem muita força, mas o suficiente para ele encostar na parede do corredor atrás dele. O mesmo sorri de canto enquanto eu o faço, quase que maliciosamente, e sinto o olhar das pessoas ali em volta sobre nós, mais especificamente sobre ele.
— Te pago uma bebida?— Passa fora! - recuso e saio dali com pressa, e reparo que ele não me seguiu, apenas me ficou olhando. Avé maria, povo doido. Depois dessa quero até ir embora.
Mando mensagem pra Duda. Seja lá onde for que ela está, já desisti de a procurar. Aviso pra ela que chamei meu pai pra vir me buscar plenas duas da madrugada. Me sinto mal em acordá-lo, mas ele me responde falando que está tudo bem.
Com isso, saio da boate e fico esperando por ele na rua, sozinha. Um monte de homem estranho passou por mim enquanto eu esperava e assobiou, mas ignorei e foquei minha atenção no celular.
Essa gente de hoje em dia...
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Meu Ódio || Kayblack
RomanceDepois de serem forçados a conviver, Vitória e Kaique criam ódio um pelo outro: ela é arrogante, ele é pior. Ele a quer, ela não. Será que esse ódio se transformará em algo mais? Os opostos realmente se atraem? história escrita por viistories8