Meu Ódio || Kayblack

012

🎤 Kayblack 🎤

Estaciono na frente do prédio da Vitória e a olho dormindo, apoiada no vidro do carro. Foi assim o caminho todo, desde a praia até aqui.

Levo a minha mão aos seus fios de cabelo perdidos e os coloco suavemente atrás da sua orelha. A mesma acorda, confusa porém calma, e me encara. Logo, abre um sorriso fraco.

— Eu dormi? - pergunta, tomando noção dos seus arredores.

— Mó tempão. - rio. — Já tá entregue. - aponto, com a cabeça, para a entrada do edifício. — Quer companhia até lá em cima?

A loira observa todos os carros ali estacionados antes de responder.

— O meu pai tá em casa. - diz. — Se ele te vir vai te convidar pra jantar, te encher de tédio... Já o conheço.

— Então isso é um não? - tento resumir o que ela falou, e a Vitória assente.

— Desculpa. - murmura.

— Não, tudo bem. - sorrio. — Ia jantar com o meu pequenote também.

— Fala oi pra ele, por mim. - a loira pede e eu assinto. — Tenho que o ver mais vezes, aquela coisa fofa.

— Pode deixar.

— Bom, vou indo... - coloca a mão sobre a maçaneta da porta do carro, mas antes que a abra, dou um beijo na sua bochecha. É o mínimo que eu posso fazer, né? — Me liga depois. Se quiser. - fala com um certo tom de insegurança, e reparo que está mais rosada do que o normal.

— Não tenho o seu número. - imponho e a garota pega o seu celular e mexe nele. Me entrega, e no ecrã está o seu contacto. Sorrio e anoto as informações no meu celular. — Valeu.

— Até logo, Kaique. - sorri, bobinha, e sai do veículo. Me abaixo ligeiramente para a conseguir ver pelo vidro e pisco o olho.

Volto a ligar o carro e acelero quando tenho a certeza de que a Vitória entrou no prédio em segurança.

[•••]

Decidi não ir a casa me arrumar já que, se o fizesse, provavelmente chegaria atrasado no jantar. Combinei de ir comer com a Emilly — mãe do meu filho e minha ex-namorada — e com o Isaac.

Antes de sair do carro, pego os óculos de sol e visto uma sweat preta que sempre tenho nos bancos de trás. Prefiro me passar despercebido quando estou em público com familiares, especialmente com o meu filho. Coloco uma chiclete de mentol na boca e esguicho meu perfume-rápido da Calvin Klein para disfarçar um pouco o cheiro de água do mar.

Já pronto, caminho até ao restaurante e o adentro, olhando em volta de modo a tentar achar os cabelos loiros da Emilly. Assim que a vejo, acenando pra mim com o Isaac no colo, sorrio e vou ao seu encontro.

— Alô. - se levanta pra me cumprimentar com um abraço. — Demorou.

— Foi mal. - digo e pego o Isaac no colo, que está super contente por me ver. — Oi garotão. Tava com saudades do papai?

— Só falava de você. - a Emilly ri, nos olhando. — Senta aí, já pedi pra nós, espero que o seu gosto não tenha mudado.

Quando namorávamos, Emilly e eu vínhamos bastante a este restaurante e sempre pedíamos o mesmo.

— Como você tá? - pergunto.

— Bem. - responde. — Gostei muito de passar esses dias com o Isaac. Queria agradecer.

Ela mora noutro estado, e decidimos que seria mais viável se o nosso filho morasse comigo. Sempre que pode, fica com ele, e como veio de viagem uns dias, aproveitámos.