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🌸 Vitória 🌸

São onze da noite e o Kaique está me levando a casa. Passámos as últimas horas comprando roupa e depois fomos jantar. Fizemos a tal brincadeira de eu usar o dinheiro dele, e claro que não exagerei, só usei mil e duzentos reais.

Pra ser bem sincera comigo mesma, gostei da companhia dele. Além disso, senti bastante tensão entre nós, mas posso estar me iludindo, tipo, pra mim a vida real é como nos filmes — e, spoiler, não é.

O caminho até ao meu prédio está silencioso, apenas ouvimos o barulho dos chuviscos fracos caindo sobre o carro.

— Você gostou? - ele me interrompe dos meus pensamentos.

— Óbvio. - sorrio-lhe. — Me senti rica por umas horas. - brinco. — Mas sério mesmo, gostei.

— Aí sim. - responde e realiza uma curva com o volante, uma curva que eu reconheço. Olho pra fora do vidro e vejo o meu prédio. O Kaique encosta no passeio para não bloquear o caminho dos outros veículos. — Tá entregue.

Sorrio e abro a porta, saindo e sentindo de imediato o meu cabelo ficar ligeiramente molhado por poucas gotas de água.

— Até amanhã. - digo, sem saber o que mais dizer nesta situação. — Obrigada.

O negro retribui a despedida e eu me viro de costas, pronta para entrar, e atrás de mim ouço o seu carro sendo novamente ligado. No entanto, do nada mesmo, sinto um impulso.

— Você quer subir? - pergunto.

Odeio ser assim, impulsiva.

O Kaique me olha com uma nítida confusão na sua cara, mas rapidamente reage ao desligar o carro.

— Se não se importar...

— Pode vir. - asseguro.

Ele então sai do carro e arruma as chaves no bolso enquanto se aproxima de mim. O guio pelo caminho até ao elevador e ambos entramos. Marco o terceiro piso e a cabine fecha. Me encosto à parede de metal e mexo nos fios de cabelo enquanto o mais alto me encara de braços fechados, com um sorriso discreto. Nada de palavras entre nós, só silêncio mesmo.

As portas voltam a abrir, revelando a entrada para o meu apartamento. Caminho até à porta e tiro as chaves da mala.

— Espera aqui. - sussurro. — O meu pai tá em casa, não quero que ele acorde.

O Kaique assente e eu entro, verificando que o caminho está livre para que ele entre. Assim, puxo a mão dele e o guio até ao meu quarto. Entramos e tranco a porta, seguidamente ligo a luz do abajur, que não é muito forte. O negro senta na cama e me encara.

— Não acredito que vou fazer isso. - suspiro.

— Isso o quê?

Me sento no colo dele e vejo os seus olhos arregalados pela surpresa. Me enquadro no meio das suas pernas e rodeio o seu pescoço com os meus braços para me apoiar.

— Você quer? - pergunta num sussurro.

— Quero. - afirmo e ele me mostra um sorriso safado que me deu arrepios. As suas mãos descendem lentamente pelas minhas costas até chegarem à minha bunda. Afundo a cara no seu pescoço e cheiro o seu perfume masculino que me deixa completamente louca.

Quando menos espero, nossos lábios se encostam e, posteriormente, o Kaique conecta nossas línguas sem pedir permissão. Puta merda, ele beija muito bem.

Continuamos assim por uns longos minutos até que a sua mão começa a puxar o meu cropped para cima. Sinto uma onde de insegurança e incerteza, então coloco a minha mão sobre a dele, indicando para que ele pare. O mesmo para de me beijar e me olha, confuso.

Meu Ódio || Kayblack Onde histórias criam vida. Descubra agora