Meu Ódio || Kayblack

03

🌸 Vitória 🌸

— Já tá pronta? - meu pai pergunta da cozinha e eu caminho até lá. — Tem tudo que precisa?

— Tudinho, pai. - respondo. Ele vai me levar na agência onde vão me fotografar.

— Vamos lá então. - ele pega as chaves do seu carro e coloca no bolso dos calções enquanto passa por mim, em direção à porta.

Sigo o mais velho, descendo o prédio pelo elevador. Pelo caminho até essa tal agência, por sinal muito famosa, falo com a Duda por mensagem sobre o menino que ela ficou na noite passada. Aproveitou para pedir desculpa por me deixar sozinha, mas tá tudo bem, nem ligo mesmo.

Consigo reparar que o meu pai tá olhando por cima do ombro para as mensagens, o que me faz olhar pra ele e virar o celular pro lado.

— Tá me espionando?

— Desculpa. - sorri. — Só achei estranho você voltar pra casa tão cedo ontem. Aconteceu algo?

— Um garoto encheu meu saco, e tava separada da Eduarda, só isso. - respondo e ele não parece nada contente com a primeira parte da frase. — Relaxa, eu mesma dei conta.

— Melhor assim. - respira fundo. Sorrio e encosto a cabeça no vidro do carro.

🎤 Kayblack 🎤

— Foi muito bom, você não tem noção. - o Veigh fala. — Aquela garota era o céu com aquela língua. Foi tão gostoso.

— Não tem um dia que você não ataque. - falo rindo sem me mexer já que a senhora da agência estava ajeitando a minha blusa social.

— Acho que nunca te vi assim tão chique não mano, só em evento. - o meu irmão diz. — Vai deixar a modelo doidinha.

— Quero deixar ninguém doida não, tá louco. - respondo. — Só quero despachar isso pra poder voltar pro meu Isaac.

Isaac é meu filhote. Tive que sair pra vir tirar essas fotos e deixei ele com a babá. A vontade de estar aqui não é muita, mas se é pra ajudar minha família a fazer dinheiro, tô disposto.

— Pronto senhor, tá tudo. - a senhora me encara. — Até eles te chamarem, tenta não se mexer muito para não dobrar a roupa.

— Valeu moça. - agradeço e abro a porta pra ela sair, e assim ela o faz. — Mulher chata, não parava de olhar minha braguilha.

— Reparei. - o Thiago ri. — Eaí, como vai o Isaac?

— Tá ótimo cara, só sente saudades da mãe dele. - me sento do lado deles e pego um cigarro.

Eu e a mãe do Isaac já não estamos juntos, mas mantemos uma amizade. Ela vive noutro estado, e o Isaac veio passar as férias de verão comigo aqui em São Paulo.

— Mas a gente liga pra ela toda noite. - acrescento. — Então tá de boa. - dou uma tragada. Não pode fumar aqui, mas quem liga? Tô fornecendo conteúdo pra eles mesmo.

— Conta pra gente sobre o fora que tomou ontem, irmão. - o Kauê faz piadinha com o Veigh e eu bufo.

— Pô, tem nada pra contar não. - reclamo. — Aquela criatura que perdeu. - me defendo. — Como pode recusar alguém como eu? Na moral.

Nesse preciso momento bateram na nossa porta. Joguei o cigarro no lixo enquanto o Thiago foi abrir.

— A modelo já está pronta, esperando você na sala. - a senhora diz. — Assim que quiser, Senhor Men-