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🌸 Vitória 🌸

Estou voltando do bar depois de algum tempo trocando ideias com pessoas que nem conheço, quando ouço a voz do Kaique num canto da tenda. Como amo uma fofoca, especialmente dele, me aproximo para ouvir. Sinto o cheiro de maconha. Jesus.

- Não sei quem vai poder, cara. - ele diz para alguém que ou é o Veigh ou o Kauê. - Não posso cancelar o show, mas também não posso levar o Isaac.

- Já procurou mais babás por aí? Tem muitas. - o Kauê responde. Como assim babás? Quem é Isaac? - Se eu pudesse, eu ficava com ele mano. Foi mal.

- Tá tudo bem Kauê, relaxa. - e com isso, ouço o som de uma tragada num cigarro. - Não tô com cabeça pra pensar nisso.

- Mas você devia pô. - o irmão dele discorda. - Você tem que assumir as responsabilidades de ser pai.

Pai? Meu Deus, eu tô chocada. Como assim o Kaique tem um filho?

- Eu sei mano, e eu vou. - se defende. - Só que não no meio de um baile funk.

- Tendi. - o Kauê se ri. - Vou pegar bebidas para nós, topa?

- Vai lá.

Assim que ouço os passos do Kauê se aproximarem, me viro de costas e felizmente passo despercebida.

Pelo que eu percebi dessa conversa foi que o Kaique vai dar um show mas não tem quem possa cuidar do filho dele. Porra, fiquei com pena. Eu amo criança, bem que podia me oferecer... Se ele não fosse tão filho da mãe comigo!

Não, Vitória, faz o que é certo.

Chego perto do Kaique, que ainda fuma, e toco no seu braço para chamar a sua atenção. O mesmo parece surpreso ao me ver.

- Que que tu quer?

- Eu posso cuidar do Isaac. - me ofereço e ele fica confuso. - Sim, eu escutei a conversa. Desculpa. Mas eu posso cuidar do seu filho.

O negro baixa a cabeça e joga o cigarro no chão, pisando ele pra apagar. As suas mãos entram nos bolsos dos seus shorts de ganga, e parece pensativo.

- Eu sei que você não tem mais ninguém. - reforço. - Eu sou má, mas nem tanto. Só tô rezando para que ele não tenha a mesma personalidade que a sua.

Consigo arrancar uma gargalhada dele.

- Ele é mó gente boa. - diz pra si mesmo, sorrindo. - Muito fofo, ama o homem-aranha, sabe? - e assim, me olha bem nos olhos. Admito que é pesado manter contacto visual com ele, mas não posso cortar senão ele percebe que estou nervosa.

- Só não entendi como você tem um filho. - franzo a testa. - Foi um acidente?

O silêncio me fez perceber que esse não é um assunto que ele queira tocar.

- Foi mal. - me desculpo.

- Tudo bem. - sorri. - É, sou pai com vinte e quatro anos. Já viu? - ri.

- Você tem vinte e quatro anos? - arregalo os olhos e ele ergue uma sobrancelha. - Real, dava menos. Uns vinte.

- Vou considerar isso um elogio, o que é bem duvidoso vindo de você. - esboça uma expressão suspeita. - Quantos você tem?

- Dezanove.

Com a minha resposta, quem ficou de olhos arregalados foi ele.

- Quase que tenho idade pra ser seu pai. - ele obviamente exagerou nessa. - Você tá no segundo ano do ensino superior então, né?

Assinto.

- O que cursa?

- Biologia marinha. - respondo e o cara mostra aprovação. - Só meu pai sabe o quanto me esforcei pra chegar onde cheguei.

Meu Ódio || Kayblack Onde histórias criam vida. Descubra agora