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🌸 Vitória 🌸

— Agora pousa a mão na cintura dela, como se ela fosse sua esposa, por exemplo. - o fotógrafo pede pro senhor convencido e eu sinto a sua mão grande dominar o lado esquerdo das minhas curvas.

Que inferno que eu fui me meter.

— Vitória, querida, tem como dar um beijo na bochecha dele? - pergunta e eu assinto, mesmo que desconfortável. Viro a cara pra ele, que me olha de lado, e me coloco em pontinha dos pés pra poder alcançar a sua bochecha.

— Isso! Se mantenham assim...

Tomo um susto com os flashes e as fotografias que o homem começa a tirar, mas me mantenho firme. Atrás do fotógrafo, os acompanhantes do senhor convencido estão rindo da situação. Provavelmente porque lembram de mim e sabem que dei um baita fora nele. Não consigo evitar sorrir encostada à bochecha dele, o que me deixa desconfortável.

— Agora virem um pro outro e se encarem. - baixa a câmera. — Quero que você segure ela pela cintura, Kaique, e você se segure nele ao rodear o pescoço dele com os braços.

Puta merda.

— Ah, e precisam manter contato visual, senão não tem como isso funcionar. - acrescenta.

Na minha frente, o idiota sussurra algo.

— Consegue chegar aqui em cima? - sorri de canto para me provocar. Se refere ao facto de que para beijar a sua bochecha, tive que me colocar em pontinhas dos pés.

— Cala a boca. - sussurro de volta e levo os meus braços ao seu pescoço.

As suas mãos descem lentamente pelos lados do meu tronco até encontrarem firmeza na minha cintura. Parece que ele queria que eu sentisse. Coitado, realmente acha que vai me levar pra cama. Se ele soubesse...

Para piorar, tranco os meus olhos aos dele e ficamos assim, nos encarando e sentindo a respiração um do outro. É nesse momento que percebo que ele tem um perfume do caralho. Vá lá, alguma coisa boa nele!

— Ótimo! - ele volta a erguer a câmera e, de novo, mais flashes. — Continuem assim.

De repente começo a sentir o meu dupla a aplicar um pouco de força na minha cintura, o que começa a me deixar um pouco desconfortável. Mostro isso pra ele através do olhar ameaçador que lhe lanço, mas parece que ele só aumenta a força.

Fico de saco cheio e solto uma mão do seu pescoço, levando-a à mão dele, o que o faz olhar pra baixo e deixa o fotógrafo ligeiramente confuso.

— Tá tudo bem por aí?

— Tudo ótimo. - respondo sem olhar na cara do coitado e esse tal de Kaique claramente fica irritado com o que eu fiz.

Se vai mexer comigo, mexo contigo pior.

[•••]

— Sério, Eduarda, é um pesadelo! - reclamo pela ligação. Estamos na pausa e estou sozinha na sala, o idiota e os amigos foram fumar e o outro homem foi pra sei lá onde. — Esse cara é tão convencido que chega até a me tirar do sério!

— É raro que te tirem do sério. - ela responde. — Porra, deve ser chato mesmo. Sabe o nome dele?

— Kaique. - respondo e consigo ouvir os dedos dela tocando no ecrã, provavelmente está pesquisando. — Não sei se isso é suficiente pra você achar algo.

— Tem aqui um tal de Kayblack... Será esse?

O nome de artista dele é Kayblack? Que nome de merda. Sério, horrível mesmo.

— Ele tem uma tatuagem debaixo dos olhos.

— Então é esse sim. - ela fala. — Pô, tá bom que seja chato, mas se eu estivesse no seu lugar já tinha colocado a língua. Que homem gostoso.

— Gostoso o tanas! - nego. — De gostoso só o perfume mesmo. Espero nunca mais ver ele depois do dia de hoje, sério. Muda de assunto, Duda, por favorzinho.

— Beleza. - ela cede, rindo. — Amanhã vou me encontrar com o ficante de ontem na praia, consegui o número dele. Vem junto, ele chamou uns amigos e não quero ir sozinha.

— O que eu não faço por você? - rio.

— Te amo amiga.

[•••]

🎤 Kayblack 🎤

Chego na sala e a criatura está de conversinha no celular. Assim que sente a minha presença, se despede de uma tal de Duda e o guarda no bolso.

— Porque tá me olhando tanto? - ela pergunta.

— Não tem como não olhar. - dou em cima mas ela revira os olhos novamente. Que chata!Quanto tempo vai demorar?

Não ligo se ela é assim, tô com mó vontade de levar uma beleza como ela pra cama, real. Quero nem saber das consequências, tenho andado sem ninguém ultimamente. Sinto saudade dessa vida de solteiro.

— Desculpa pelo Kaique aqui... - o Veigh coloca o braço à volta do meu pescoço e ela ergue uma sobrancelha, cruzando tanto a perna como os braços. — Ele tá chateado porque tomou o primeiro fora on-

Rapidamente tapo a boca dele, mas acho que não foi a tempo porque ela está rindo.

— Se for falar merda, nem vale a pena abrir a boca, sabia? - sussurro.

— Quem são vocês? - ela pergunta especificamente pra eles, então me encosto na parede e cruzo os braços, observando.

— Thiago Veigh, prazer moça. - o cara vai e aperta a mão dela, seguido do meu irmão.

— Kauê, irmão do Kaique ali. - aperta a mão também.

— Não são nada parecidos. - ela comenta, tentando me provocar. — Um é educado, o outro é filho da puta.

— Ele não é filho da puta. - o Veigh diz. — Só não pegou de primeira com você.

— Tem essa de primeira não pô. - me meto. — Depois de hoje espero nunca mais te ver, papo reto.

— Que bom que é recíproco. - a Vitória sorri e isso me irritou, mas decidi ficar quieto, na minha.

[•••]

Depois de mais uns longos minutos de fotos, finalmente fomos dispensados. O cara lá agradeceu e tudo mais, agora só me vejo fora daqui!

— Bem, tchau Vitória! - o Kauê sorri pra ela e eu lhe faço uma cara de nojo — Espero te ver por aí.

— Na moral. - bufo pra mim mesmo e sinto o olhar dela sobre mim.

— Não vou nem falar nada, diabo. - reclama e caminha até à porta. — Tchau Veigh, tchau Kauê. - e sem mais que isso, sai dali pra fora.

Agora sei que não tenho chances de ir pra cama com ela, mas também sei que nunca mais vou ter que lidar com a sua personalidade terrivelmente chata, misericórdia.

Nunca mais mesmo.

Meu Ódio || Kayblack Onde histórias criam vida. Descubra agora