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🎤 Kayblack 🎤

Estou no camarim me arrumando, junto com o Kauê, que vai participar do show de última hora. Visto uma regata preta e umas calças baggy da trap. Nos pés, calço umas AirJordan vermelhas.

— Ainda tô tentando entender. - o meu irmão diz confuso e eu o olho através do espelho. — A Vi realmente se ofereceu pra cuidar do meu sobrinho?

— Sim. - digo.

— Vocês não se... odiavam?

Sorrio de lado e olho pra baixo ao ouvir essa exata pergunta, a que ela me fez.

— É complicado, mas acho que já tá resolvido. - respondo. — E se for pra nos odiarmos, que seja depois de hoje.

O Kauê ri e concorda ao assentir a cabeça.

— Será que tá dando bom mano? - questiona, me fazendo pensar realmente. Não sei como ela se dá com essas parada de babysitting.

— Espero que sim pô!

🌸 Vitória 🌸

Que garoto calmo e fofinho! Tô amando esse tempinho que tô passando com ele. Que Deus me perdoe, mas é mais legal que o próprio pai.

Observo ele, sorrindo, brincando com as suas figurinhas de ação do spiderman, incluindo a que ofereci há umas horas, no meio do tapete da sala. De tempo em tempo olho o celular, e faço isso agora. Ao atualizar o feed do meu Instagram, me deparo com um post indicativo de que o Kaique já começou o concerto.

— Olha o seu papai. - estendo o braço e viro o ecrã pra ele. — Já está cantando.

— Daora! - a criança sorri ao pronunciar essa palavra do jeito mais fofo que alguma vez vi. Rapidamente volta a centrar a sua atenção na sua brincadeira.

Olho para as horas que o meu iPhone indica assim que volto a virar o ecrã para mim e me lembro de que o Kaique me deu um horário pra dormir — vinte e duas horas — e que faltam apenas vinte minutos para ele.

— Isaac, já já a gente vai levar você pra cama, viu? - aviso. — Pode levar os brinquedos, ou posso ler uma história, se quiser.

O menino assente, educadamente, sem que o sorriso-pérola desvaneça. Não sei quem a mãe dele é, mas a educação não veio do Kaique, com toda a certeza da minha vida — e com isto, rio pra mim mesma.

[•••]

— Boa noite, Isaac. - sorrio ao fechar a banda desenhada da Marvel que estava lendo pra ele, até ter adormecido. Estico o braço até à mesa de cabeceira e pouso o livro sobre ela, e ao mesmo tempo me baixo para poder dar um beijinho de boa noite na testa do rapaz. Feito isso, me levanto e desligo a luz do seu abajur.

Saio do quarto, encostando a porta para, caso ele me chame, eu consiga ouvir. Me deparo com um corredor cheio de portas e tento lembrar daquela que o Kaique me indicou pra dormir. A memória muscular me faz andar até à porta do seu quarto, e entro por ele a dentro, encarando uma cama king size cujo cheiro dos lençóis frescos se faz presente no ambiente.

Me sinto mal por estar usando o quarto dele quando tem outros de convidado, mas ele insistiu que era melhor já que a cama é mais confortável. Entro no seu banheiro privado e pouso a mochila sobre a privada de tampa fechada, pegando o pijama para me trocar.

Assim que me dou conta, vejo a nossa capa de revista em cima da pia, ligeiramente molhada no canto, provavelmente pela água da torneira. Porque ele tem a revista no banheiro? Que aleatório.

Meu Ódio || Kayblack Onde histórias criam vida. Descubra agora