015

239 27 6
                                    

🎤 Kayblack 🎤

Fui deixar a Vitória a casa e agora estou a caminho da casa dos meus pais pois organizámos um jantar de família. O Isaac ficou bem triste quando teve que se despedir dela, e admito que eu também, um pouquinho.

Perto da Vitória, parece que tudo é mais simples. Não sei como explicar, mas a personalidade dela é muito acalmante, e tenho gostado muito disso pois, aqui entre nós, de calma a minha vida não tem nada.

[•••]

Abro a porta do carro e ajudo o Isaac a descer da sua cadeirinha. Minha mãe já está na porta, toda sorridente, nos olhando. Não consigo evitar um sorriso.

— Meus meninos preferidos!

— Que isso?! - ouço o Kauê gritar lá de dentro e rio enquanto a minha mãe arregala os olhos, se apercebendo do que fez.

— Oi filhote, como está? - me abraça. — E esse pisca de gente? - desarruma o cabelinho encaracolado do meu filho, o cabelo que a Vitória passou quase uma hora arrumando.

— Tamo bem, mãe. - pego ele no colo. — E a senhora?

— Você sabe, na mesma de sempre... - revira os olhos. — Vivendo a vida! Graças a vocês. - me dá um beijo na bochecha. — Tem fome?

— Não, já comi antes de vir praqui. - nego.

— E você, Isaac? - pergunta.

— Não tenho não, vóvó. - responde com a sua vozinha animada.

— Então vamos para a sala, o povo tá todo lá. - a mais velha sugere e a seguimos até lá. Cumprimento meus irmãos, meu pai e meus avós, que logo deixam todos os seus assuntos para brincar com o Isaac.

— Kaique. - escuto o Kauê chamar por mim num sussurro que mais ninguém aparenta escutar, mas ignoro. — Ô desgraça! - diz, um pouco mais alto, e o encaro, assentindo a cabeça como forma de perguntar o que ele quer. — Temos que falar viu!

— Sobre?

— A Vitória. - assim que diz aquele nome, meu coração acelera por breves segundos. Quando me apercebo disso, logo me acalmo. O que foi isso? — Vem. - se levanta e sai da sala, seguindo o corredor que leva ao alpendre do jardim.

— Já volto, cuidem do Isaac por mim aí. - me levanto e sigo o mesmo caminho. Ao sair fora, o vejo apoiado na cerca de madeira, me olhando. Fecho a porta e me apoio nela, aproveitando pra pegar um cigarro e o acender. — Quê que tem a Vitória? - dou uma tragada.

— O Veigh me contou que a Eduarda lhe contou que vocês fo-

— Que monte de boca aberta! - interrompo, rindo. — E tu quer falar comigo sobre isso porquê?

— Tu sabe como o pai é né. - afirma. — Quando ele descobrir que tu não vai avançar com a Carol, cê tá fodido.

De novo isso? Achei que esse papo já tinha morrido faz tempo.

— Ele nunca ficaria chateado comigo por isso pô. - discordo. — É meio óbvio que eu não gosto da Carolina, ela e os seus pais que ficam insistindo comigo. Tu nem imagina quantas desculpas já inventei! - trago de novo.

— De qualquer dos jeitos, tu já não deu esperanças pra ela não?

— Já, há mó tempão! - respondo. — E eu tava completamente fumado. - rio ao lembrar do momento. O dia que eu mais fumei. — Mas peraí, porque estamos tendo essa conversa uai? Não é como se eu fosse ter uma parada séria com a Vi.

Meu Ódio || Kayblack Onde histórias criam vida. Descubra agora