42 | Pequenos triunfos

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Didn't they tell us, don't rush into things?
Didn't you flash your green eyes at me?
Haven't you heard what becomes of curious minds?

Eles não nos avisaram para não apressar as coisas?
Você não mirou seus olhos verdes em mim?
Não ouviu o que acontece com mentes curiosas?


Wonderland

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Há um sabor especial de triunfo que só sinto quando meus lábios se encaixam aos de Connie. Tem a ver com o tempo em que ficamos separadas e com ir contra a minha própria palavra. É um anseio que se realiza. Um tipo de saudade que estou matando e fazendo brotar. É um jogo perdido, um erro certeiro e, ainda assim, somos vitoriosas. Nenhum troféu se compara à alegria que é beijar Cornelia Ember de novo.

Minha mão encontra sua nuca, a dela se enterra nos fios do meu cabelo. Ela suga o meu lábio inferior, o calor de sua boca me envolvendo como se ela tivesse acesso especial a todos os nervos do meu corpo, e não consigo controlar o som que me escapa com uma expiração. Apoio uma mão em sua coxa para me debruçar ainda mais em sua direção, já ultrapassando a metade do carro, inclinada sobre o local onde fica o freio de mão.

Connie toca a minha cintura, enfiando a mão sob o tecido da blusa, e a sensação de seus dedos faz com que eu me sinta uma adolescente, a adrenalina aumentando cada vez mais. Alcanço o botão que prende o cinto de segurança dela e o solto. Como resultado, um click ressoa dentro do carro, e nós duas nos afastamos.

Essa é a chance de colocarmos um basta na situação.

Ou de Connie fazer isso, porque eu não vou.

Mas ela me encara com as pupilas dilatadas, o preto engolindo o verde de seus olhos, e diz:

— Você está com gosto de cereja de novo.

— Cereja? — Passo a língua nos lábios, buscando pelo sabor. Um vestígio do lip balm que retoquei algumas vezes durante a festa parece ter ficado. — Como assim "de novo"?

Ela estende a mão, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. É o mesmo gesto executado por Iago, dias atrás, o que me fez convidá-lo para ir até o meu apartamento. No entanto, vindo de Connie, tem um efeito muito mais forte e imediato. Sempre que ela faz isso — e, posso não lembrar exatamente do momento, mas simplesmente sei que ela já fez isso —, é como se ela encaixasse uma peça perdida no meu coração. Mais do que segura, me sinto um pouquinho mais inteira.

— Na primeira vez que nos beijamos — ela explica —, você também estava com gosto de cereja. E algumas vezes depois disso também.

Engulo em seco, pega de surpresa pela informação de que, para ela, algumas de nossas memórias têm até gosto. Cereja. Preciso usar esse hidratante labial com mais frequência.

Antes que eu possa falar algo, Connie avança, mordiscando a minha boca, seus olhos bem abertos enquanto o faz. O raspar de seus dentes é suave e faz a pressão no meu ventre aumentar.

— Eu adoro cereja — ela diz quando me solta. — Mas prefiro o gosto que fica nos meus dedos depois que te fodo.

— Porra, Connie.

Afastando-se apenas o suficiente para que eu a veja sorrir, ela encolhe os ombros.

— Não é isso que vamos fazer?

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