Capítulo 1 - Golpe Baixo

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Emiko chega em casa após um longo dia cansativo de trabalho na loja de eletrônicos, havia passado na Poppo e comprado algumas coisas para jantar: um bentô, onigiri recheado de atum com maionese e uma lata de refrigerante de uva, estava com preguiça de fazer comida e não estava a fim de comer em restaurantes, naquele momento, precisava guardar dinheiro para sair de Kamurocho.

Emiko Tsukimori, foi abandonada quando criança pelo seu pai biológico no Orfanato Sunflower, ela tinha oito anos de idade, naquela época, muitas crianças estavam chegando no Sunflower, e Kazama, o dono do local, as acolhia, afinal, elas não tinham culpa das merdas que os pais faziam. O pai dela nunca mais voltou e ela passou anos o esperando, enquanto isso, fez de Kazama a coisa mais perto de um pai, logo após, chegou Kiryu, que era aquela criança solitária que fica em um canto perdido em revistas em quadrinhos e em seus próprios pensamentos.

Akira e Yuko Nishikiyama chegaram em seguida, ele era medroso e chorão, estava sempre com o rosto molhado e os olhos correndo lágrimas, abraçado nas próprias pernas enquanto soluçava em um canto do quarto, diferente de sua irmã mais nova, que tinha apenas quatro anos e era mais sociável que todas as crianças juntas, puxava todos para brincar, sempre queria conversar e foi a primeira amizade que Emiko fez naquele lugar, afinal, não era exagero dizer que Yuko foi o motivo de todos se tornarem tão próximos.

Depois de um tempo, chegou Yumi Sawamura, havia perdido os pais e chorava sentada na beliche o dia todo, se não fosse por Yuko, ela ficaria lá para sempre, se tornou amiga de todos e se percebia uma atenção constante dos meninos por ela, Yumi era forte e tinha uma mente brilhante, mas as vezes, era descuidada e Emiko começou a estar nos lugares para protegê-la involuntariamente, embora tivesse um pouco de raiva na adolescência, já que Emiko cativou uma paixão enorme por Akira e ele parecia gostar mais de Yumi, mesmo que ele não rejeitasse Emiko.

Akira...quem imaginaria que aquele belo rapaz gentil, educado e que cuidava de todos, havia se tornado uma pessoa tão fria, tão séria...

Emiko toma um banho relaxante, veste seu kigurumi de coelho rosa e quando se senta no chão para jantar enquanto assistia televisão, batidas são ouvidas na porta, ela levanta para atender, podia ser o síndico querendo perguntar alguma coisa, mas ao abrir a porta, ela se depara com alguns Yakuza já adentrando o local enquanto a afastavam da entrada, eles usavam um broche com o brasão da Família Kazama, o que foi de fácil reconhecimento para ela, afinal, havia trabalhado com eles por muito tempo.

Se pudesse escolher nunca mais ver aquele broche na vida dela, essa escolha teria sido tomada sem pestanejar e nem pensar duas vezes, a Yakuza foi o motivo de todos os problemas dela desde que nasceu e Kazama, que tinha aquela imagem de pai na época do Orfanato, acabou se tornando um lobo em pele de cordeiro em sua visão com o passar do tempo.

Logo, Shintaro Kazama adentra o local, se apoiando em sua bengala e arrastando a sua perna, o dono do Orfanato Sunflower havia ajudado Kiryu em uma missão levando um tiro, o que o deixou manco permanentemente e refém de uma bengala de madeira. Ele conhecia Emiko desde quando ela era criança, afinal, o pai dela a havia abandonado no Orfanato enquanto tentava fugir da Yakuza após dever milhões de ienes para a Organização, era missão de Kazama matá-lo em nome de Sohei Dojima, mas após o homem implorar por sua vida e mostrar a sua filha, ele o deixou ir com a condição que nunca mais colocasse a filha em meio de suas súplicas, já que a criança não tinha culpa do que ele fazia e era covardia tentar colocar a criança no meio, isso o fez escolher proteger a menina e colocá-la no Sunflower, porém, nunca a contou sobre o que havia ocorrido naquele dia.

— Boa noite Emiko, espero não atrapalhar seu momento de descanso... — disse Kazama.

— Na verdade, está sim, recém cheguei do trabalho... — disse Emiko em um tom de voz sério, tentava não ser grosseira, mas o seu humor ao vê-lo havia mudado repentinamente e ela não conseguia falar qualquer coisa sem aquele tom — Mas acredito que não tenha feito por mal, pelo menos, eu espero...

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