Capítulo 14 - Afogando as Mágoas

1 0 0
                                    

O dia se passou, a noite caiu e Nishikiyama percebe na mesa do jantar que Emiko não estava bem, ela parecia entristecida, ele se perguntava se foi por causa da omelete do café da manhã ou talvez a sua presença, ele tenta perguntar, mas ela apenas responde que está bem de forma monótona e volta para o quarto, aquilo o preocupava, mas não forçaria a barra, queria aproximá-la, não podia afastá-la de forma alguma.

Ele guarda os restos de comida, havia preparado um risoto de frango do livro de receitas que queria muito que fosse tocado, mas foi ignorado, esperava que ela se alimentasse mais tarde e que ela não estivesse doente, enquanto nada fluía, ele vai ao quarto para ler mais do livro de receitas e escolher o café da manhã do dia seguinte.

Era meia-noite quando Emiko sai do quarto, sua mente não deixava ela dormir, nem mesmo descansar, organizar os pensamentos? Isso era impossível, apenas lembrava de sua família biológica que a fazia lembrar do Sunflower e do resto, sentia falta de Haruka, de Yumi e não queria admitir, mas sentia falta de estar nos braços de Nishikiyama e mais do que tudo, Yumeko era a filha que ela queria ter com ele e agora não podia.

Na sua mente, apenas uma lembrança ruim se fazia presente, aquele dia era o maior arrependimento de Emiko, ela queria morrer, preferia acabar com a própria vida do que continuar vivendo aquela vida miserável sem família, sem ninguém por ela, por isso cravou uma faca de cozinha abaixo de sua barriga e girou, não sabe quem a levou para o hospital, pois estava tão fraca da dor e da perca de sangue, que passou boa parte do tempo desacordada, mas por conta disso, precisou retirar o útero por conta dos danos e isso eliminou todas as chances de ter um filho biológico.

Podia adotar Yumeko, sim, ela podia e queria fazer isso, mas queria criar ao lado de Nishikiyama, era ele quem ela amava, por mais que ela tentasse se afastar dele, independente do que ela pensava sobre ele, mas como fariam isso se a relação deles não estava das melhores? Ela nem sabia se aquelas palavras eram verdadeiras ou não, falar que a ama? Que não era sua segunda opção? Podiam ser palavras ao vento e ela queria provas...que poderiam ser impossíveis de se obter e de se mostrar...

Emiko desce as escadas, pega uma garrafa de vinho e um saca-rolha dentro do armário, volta para o quarto, e quando finalmente abre a garrafa, ela bebe o líquido no gargalo sem pensar duas vezes, não se importava como ficaria no outro dia, muito menos naquele momento, ela apenas queria afogar as suas mágoas no álcool e o vinho era a única coisa que ela aguentava beber.

Quando amanhece, Nishikiyama acorda cedo, tomando um banho, trocando de roupa e descendo as escadas para o café da manhã, faria um sanduíche de ovo, era algo simples e no livro era marcado como a comida favorita de Emiko pela manhã, a tentativa de conquistar pelo estômago não seria em vão, ele conseguiria algo.

Quando termina, ele espera a moça acordar, olha para o relógio, eram dez e meia da manhã, ela não costumava ficar na cama até tarde, talvez quisesse dormir mais um pouco, mas quando chegou as onze e meia, aquilo se tornou preocupante, ele decide espiar para ver como estavam as coisas no quarto, ao subir, ele bate na porta, mas não obtém resposta.

— Emiko? — Nishikiyama chama em um tom de voz alto, percebendo que nada acontecia, ele chama mais uma vez, levantando mais a sua voz — Emiko!

Ele mexe na maçaneta, a porta abre, ele lentamente adentra o local e encontra a moça com uma garrafa de vinho vazia em mãos, deitada no tapete peludo do quarto, desacordada, Nishikiyama se assusta com a cena, ele se aproxima, a sentando no chão, a escorando em seu corpo, aquilo era desesperador, ele queria chorar, queria gritar, mas precisava acordá-la.

— Emiko, puta merda, acorda! — disse Nishikiyama em um tom de voz alto carregado de preocupação.

Ela abre os olhos lentamente, estava tonta, não sabia onde estava, sua cabeça girava e seu estômago revirava, ele esboça um enorme sorriso ao vê-la acordada, isso poderia facilitar as coisas, aquilo era apenas um porre de vinho, nada que ele não tivesse lidado antes com os amigos, subordinados ou até consigo, ele a pega no colo, a levando até a cama, quando a deita no móvel, ela volta a dormir, Nishikiyama apenas respira fundo e começa a limpar a bagunça, juntando não apenas a garrafa de vinho, como o saca-rolha, o tapete tinha uma mancha de vinho enorme, provavelmente havia derramado em algum momento quando ela deitou.

RepentanceOnde histórias criam vida. Descubra agora