Capítulo 13 - Nunca a Troque por Poder...

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No dia seguinte, Nishikiyama garantiu que acordaria mais cedo que Emiko, trocou sua roupa, dispensaria o terno branco costumeiro, dessa vez usaria uma camisa social preta e calça de mesma cor, ele desce as escadas, indo até a cozinha, começa a vasculhar pelas gavetas, encontrando um avental branco simples, ele veste, já mexendo nas panelas, havia lido sobre um omelete que estava no livro de receitas que encontrou na noite anterior, talvez fosse uma boa ideia começar dessa forma.

Emiko acorda com um barulho de panelas caindo na cozinha, ela se espreguiça respirando fundo, se levanta lentamente, indo até o banheiro fazer a sua higiene matinal, trocou de roupa, vestindo uma espécie de regata preta e calça de cintura baixa de mesma cor, passa protetor solar no rosto e protetor labial na boca, o sol em Okinawa podia queimar a sua pele mais do que ela gostaria.

Ao finalmente sair do quarto após alguns minutos, ela sente um cheiro muito bom pela casa, cheiro de uma comida bem temperada e muito gostosa, pensava que era no vizinho, mas quanto mais se aproximava da escada, o cheiro ficava ainda mais forte, quando ela finalmente desce os degraus e chega na cozinha, vê Nishikiyama cozinhando na frente do fogão.

Aquilo choca a moça, ele nunca foi de cozinhar, gostava de pedir comida ou sair para algum restaurante, café da manhã sempre era algo da loja de conveniência, então vê-lo cozinhando era um milagre, ela se escora no batente da porta com os braços cruzados.

— Desde quando você cozinha? — Emiko pergunta — Nunca o vi fazer comida, sempre pedia entrega quando era a sua vez de cozinhar, como começou?

— Eu comecei a cozinhar algumas coisas simples, mas hoje quis me aventurar em uma culinária um pouco mais avançada... — disse Nishikiyama — Vou aprender várias receitas interessantes e começar a fazer comida para você.

— Você não precisa fazer as coisas da casa para mim, isso não é bem o que eu quis insinuar com provar que me ama de verdade... — disse Emiko — Acho que eu até me sentiria um pouco desconfortável se você fizesse tudo para mim.

— Não estou fazendo isso para que você seja impedida de fazer e sim porque você não tem se alimentado direito e seu armário prova isso... — disse Nishikiyama abrindo um dos armários aéreos da cozinha e mostrando vários potes e pacotes de macarrão instantâneo de sabores diversos — Você precisa comer algo que sustente, não comer coisas que ficam prontas em cinco segundos contendo centenas de porcarias prejudiciais a sua saúde.

— Tudo bem, eu não discutirei com você, mas é estranho ouvir isso de quem bebia cerveja no Café Alps como café da manhã... — disse Emiko revirando os olhos enquanto se sentava na mesa — Espero que, pelo menos, você me acompanhe no desjejum, seria interessante ter alguém para conversar.

Nishikiyama termina a última omelete, colocando no prato e servindo para eles, se senta ao lado de Emiko, esperava que ela falasse alguma coisa sobre a refeição que ele havia preparado, havia seguido como estava na receita, parecia igual ao da fotografia colada no livro, não tinha como ter errado, tudo estava perfeito.

Emiko come um pedaço da omelete, estava uma delícia e isso a espantou, mas o que mais a deixou chocada é que o gosto a remetia ao omelete que sua mãe preparava quando ela era criança, o tempero, a forma como ela era mais firme por fora e mais molenga por dentro, ela não sabia explicar, uma saudade apertou em seu coração, lágrimas escorriam pelo seu rosto ao lembrar de seus pais, em especial de sua mãe, ela apenas vira o rosto como uma forma de não demonstrar aquilo, provavelmente Nishikiyama pensaria que ela era fraca, não entendia os novos conceitos dele, mas queria evitar que ele falasse alguma coisa.

Nishikiyama percebe que a moça estava chorando, ele engole em seco pensando que poderia ter feito algo errado ou que a omelete estava ruim, ele repousa a sua mão no ombro dela, seu rosto mantinha uma expressão preocupada, sem receber uma resposta, ele a abraça sem jeito esperando que alguma coisa fosse dita ou até mesmo acalmada com aquele gesto.

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