Algumas semanas se passaram, Emiko e Nishikiyama focaram em ir ao Orfanato, brincar com as crianças e seus laços se estreitaram com Yumeko, que já estava tendo certeza que seria adotada por eles, todas as crianças estavam felizes por ela, afinal, Ryokan havia falado muito bem deles, então sabia que ela havia tirado a sorte grande de ser adotada por uma família que estava bem estabilizada tanto financeiramente como emocionalmente.
A conversa de adotar Yumeko durou muito tempo entre Emiko e Nishikiyama, colocaram todos os seus pensamentos na mesa e agora tinham certeza que se amavam, que viveriam juntos pela vida inteira e que trabalhariam juntos por um relacionamento estável na base da conversa e do respeito, como sempre havia sido antes do término do noivado, ele também estava se empenhando em procurar terapia para tratar todas as questões emocionais e os traumas que circulavam a sua vida, desde a morte dos seus pais quando era criança até o medo de perder Emiko que havia se tornado seu novo problema, mesmo que controlado.
Naquele momento, eles precisavam trabalhar a adaptação de Yumeko a casa e a rotina da família, o casal transformou o quarto de hóspedes em um quarto infantil lindo, paredes rosa pastel com móveis brancos, as fronhas dos travesseiros e a colcha eram estampados com a imagem da Sailor Moon, haviam estrelas que brilhavam no escuro, que ficavam coladas no teto, uma estante cheia de bonecas e ursos de pelúcia variados, a decoração havia sido escolhida por Emiko, mas a quantidade enorme e variada de brinquedos foi ideia de Nishikiyama, afinal, ele sempre amou presentear as pessoas.
Seria a primeira noite que Yumeko dormiria fora do Orfanato, cada criança lhe dava uma dica diferente, mas o único conselho que ela valorizou foi o de Ryokan, falando: "Seja você mesma". Ser ela mesma? Não sabia o que era isso, era o mesmo que agir naturalmente? Porque se esse era o significado, então ela já estava agindo dessa forma durante todos os momentos que esteve ao lado deles desde o primeiro dia, afinal, foi isso que fez eles gostarem dela.
Quando Nishikiyama a levou para a casa deles, ao abrir a porta, ela sentiu um cheiro delicioso, característico de lámen, seu prato favorito, Emiko estava na cozinha cortando algumas coisas enquanto outras estavam esquentando no fogão, ela cumprimenta Emiko, em seguida, ele a leva para conhecer o seu mais novo quarto, afinal, Nishikiyama estava mais ansioso em mostrar o quarto do que Yumeko estava ansiosa para vê-lo.
Ao abrir a porta, ela não conseguia acreditar no que via, era o quarto dos sonhos de qualquer criança, sendo ela órfã ou não, estava encantada com tudo, Nishikiyama se senta na cama a observando, cada reação era muito mágica, ela abriu o guarda-roupas encontrando diversas vestimentas novas, haviam brinquedos, ursos de pelúcia de animais variados, bonecas com casas e roupas para brincar, e por mais que ela não se incomodasse em ter coisas materiais, aquilo ainda era algo incrível para ela e a fazia sorrir ainda mais.
— Você gostou? — Nishikiyama pergunta.
— Eu adorei... — disse Yumeko sorrindo, mas ficando um pouco tímida — Vocês não precisavam ter gastado tanto...
— Nós queremos dar tudo do bom e do melhor para você... — disse Nishikiyama — Será a nossa filha, você merece.
Yumeko abraça Nishikiyama que retribui, Emiko aparece na porta do local com um enorme sorriso, ela não sabia descrever qual atitude era a mais fofa: Ela abraçando ele em forma de agradecimento ou ele agindo como um pai orgulhoso, sempre tentou imaginar como ele se sairia, embora ele sempre falasse que criar um filho devesse ser o mesmo que ser Patriarca de uma Família: Você torcia para que ele fizesse as coisas certas, porque se algo estivesse errado, a culpa cairia nos pais, ela só esperava que ele fosse um pai melhor e mais gentil do que ele foi sendo Patriarca.
Eles jantaram, depois foram até a sala de estar para assistir a um filme, comeram alguns doces, enrolados em uma manta e quando o filme estava chegando ao final, Yumeko cai no sono, dormindo nos braços de Nishikiyama, que a aconchega, depositando um beijo no topo da cabeça da menina e a enrolando na manta, da mesma forma que lembrava de sua mãe fazendo com ele na infância antes de ela falecer.
— Vamos colocá-la no quarto? — Emiko pergunta.
— Não quero acordá-la... — disse Nishikiyama — Tenho medo de me mexer e ela acordar.
— Mas se ficar nessa posição por muito tempo, vai ficar com torcicolo... — disse Emiko — Esse sofá também não é dos melhores, pode ficar com dor nas costas.
Ele se dá por vencido, levanta com cuidado e evita acordar Yumeko, sobe as escadas, entrando no quarto e a colocando deitada na cama, ele a cobre, depositando um beijo no topo da cabeça, enquanto Emiko dava um beijo na bochecha dela, eles apagam as luzes e vão para o quarto deles, arrumariam as coisas para dormirem também.
— O que está achando de ser pai? — Emiko pergunta.
— É um misto de sentimentos, as vezes parece que não vou conseguir ser um bom pai, mas existem momentos que eu me refuto... — Nishikiyama desabafa — Me preocupo com o futuro dela, quero dar uma boa educação, mas tenho medo.
— Você foi bem educado pelo Kazama, todos nós fomos, sabemos o que é certo e o que é errado, as coisas que ele não ensinou, a vida tratou de te ensinar e agora você tem que passar essa informação de forma segura para ela, como era para ter acontecido com você... — disse Emiko se deitando na cama — Eu sei que é desesperador, para mim é um caos interno, mas filhos são assim, a gente redireciona eles e depois, torcemos para que eles escolham o caminho certo, se caírem, estaremos lá para levantá-los.
— Você parece tão calma com isso... — disse Nishikiyama deitando ao lado dela e soltando um enorme sorriso — Eu fico desesperado apenas de pensar em perder vocês...
— Eu passei muitos anos tomando conta de Haruka, tanto de perto quanto de longe, ela foi a minha maior preocupação em todos esses anos e mesmo ela sendo preocupação do Kiryu hoje, eu ainda fico nervosa... — disse Emiko — Também estou desesperada em pensar nisso, perdemos Yuko e Yumi, quase perdi você, não quero perdê-la também, mas isso não vai acontecer, estamos seguros aqui com uma vida boa.
Logo, batidas fracas são ouvidas na porta, Nishikiyama levanta e ao abrir, encontra Yumeko segurando uma coberta em um braço e um urso de pelúcia no outro braço, seu rostinho esboçava uma expressão de medo que preocupou ele, o fazendo se abaixar em frente a ela.
— Aconteceu alguma coisa? — Nishikiyama pergunta.
— Eu tive um pesadelo horrível... — Yumeko conta com uma voz manhosa — Eu posso dormir com vocês? Estou com medo.
Nishikiyama a abraça, em seguida, a pegando no colo e a colocando deitada na cama entre Emiko e ele, fecha a porta e se aconchega com elas, todos se cobrem e se abraçam, não demora muito para Yumeko cair no sono novamente, ele esboça um sorriso, estava feliz em finalmente estar ao lado de uma família estruturada, a família que ele sempre sonhou em ter, que sempre sonhou em formar e estava ainda mais animado que isso estava se realizando ao lado de Emiko, a mulher que ele sempre amou e finalmente conseguiu reconquistar.
— O que você está pensando? — Emiko pergunta com um tom de voz acolhedor ao perceber o olhar no rosto dele.
— Essa foi a família que eu sempre sonhei... — disse Nishikiyama — Era a vida que eu sempre quis.
— Como assim? — Emiko pergunta, ela sabia que ele tinha vários sonhos e tinha certeza que a maioria havia escapado pelos seus dedos quando ele havia decidido se tornar Patriarca, saber que um sonho desses se mantinha fechado na mente e no coração de um cara tão frio a fazia ter dezenas de questionamentos.
— Sempre quis ter uma boa casa em um local acolhedor onde pudesse criar uma criança sem precisar me preocupar com acesso a bebidas e drogas ou com serem importunadas por valentões... — Nishikiyama conta — Estar ao seu lado, termos uma criança...esse momento...esse exato momento era tudo o que eu queria, era tudo que eu desejava desde que começamos a namorar há muitos anos e mantive durante todo o término.
Emiko sorri, acariciando o rosto de Nishikiyama com a mão direita, enquanto ele segurava o pulso dela e beijava a palma de sua mão, aquele pequeno momento era tudo que ele queria e estava sentindo uma felicidade genuína muito forte, aquilo o fez fechar os olhos, se aconchegar no travesseiro e dormir, assim como ela.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Repentance
FanfictionEmiko Tsukimori trabalhava afiliada com a Família Kazama até que seu noivado com Akira Nishikiyama vai por água abaixo após a morte de Yuko. Com isso, ela decide viver uma vida comum, até que Shintaro Kazama a chama para uma missão: Proteger Yumi Sa...