Capítulo 17 - Yuko

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Emiko acorda no dia seguinte, olha para o relógio ao lado da cama, eram oito horas da manhã, após o banho da noite anterior, eles foram dormir, mesmo cedo, estavam muito cansados, não seria estranho se ela terminasse por acordar cedo pela manhã. Ela estava prestes a sentar-se na cama para se espreguiçar e começar o dia, mas sente o braço de Nishikiyama envolvido em sua cintura puxá-la para mais perto dele, o rosto afundado no pescoço dela.

A única coisa que ela conseguia fazer era soltar uma baixa risada, se vira para ele que abre os olhos retribuindo com um sorriso simples enquanto acariciava o rosto de Emiko com o polegar, queria ter aquela visão para sempre, queria viver aquilo para sempre, eles deitados na cama curtindo a presença um do outro e ninguém poderia tirá-los daquele momento, absolutamente ninguém.

— Bom dia... — Emiko sussurra sorrindo.

— Bom dia... — disse Nishikiyama — Pelo visto, sem ressaca hoje...

— Chega de ressaca, nunca mais vou beber daquele jeito... — disse Emiko coçando os olhos — Precisamos levantar, começar o dia...

Nishikiyama assente com a cabeça, quando eles sentam, o celular dele toca em cima da cômoda ao lado dele, era som indicando que havia recebido uma mensagem, vai verificar e parecia ser de Kiryu, estava com dificuldades de entender, alguns números ou pontuações apareciam no lugar das letras ou separando palavras, as vezes alguns símbolos também.

Kiryu não era analfabeto, ele escrevia muito bem, sua única dificuldade era se expressar através da escrita, mas naquele caso, Nishikiyama tinha quase certeza que aqueles erros de digitação tinham a ver com a adaptação aos celulares, afinal, Kiryu passou dez anos na cadeia. Antes de ser preso, celulares não existiam, apenas telefones residenciais, em escritórios, ou telefones públicos, comunicação em mensagem eram escritas em pager, a maioria por código em números com algum significado, então apertar algumas vezes o mesmo botão para sair uma letra e redigir uma mensagem poderia ser complicado para alguém que havia conhecido a tecnologia recentemente.

A mensagem dizia que Kiryu havia enviado o pacote de Nishikiyama e que estava chegando naquela manhã, avisando que embalou de forma segura graças a Haruka, para que nada quebrasse ou se perdesse, isso faz o rapaz engolir em seco ao ler, o pacote que Kiryu havia enviado era a pequena urna com as cinzas de Yuko, sua irmã mais nova, ele não conseguiu colocar na sua mala de roupas, ela não caberia, mesmo sendo pequeno, tinha medo que danificasse, por isso, deixou na casa de Kiryu e pediu para que ele tentasse enviar de alguma forma.

Anexado a mensagem tinha o número referente ao pacote, por onde ele estava vindo e seria entregue na estação de Okinawa, também havia um pedido de desculpas de Kiryu pela demora para cumprir a tarefa, afinal, havia focado em outras coisas e esqueceu, lembrou porque Haruka havia cobrado e isso fez Nishikiyama soltar uma risada abafada, ao mesmo tempo que revirou os olhos, Kiryu de fato não havia mudado.

— Aconteceu alguma coisa? — Emiko pergunta estranhando as expressões dele.

— Eu terei que ir até a estação de Okinawa buscar um pacote que Kiryu me mandou... — Nishikiyama conta — Ele me mandou o número referente ao pacote, onde buscar e pediu desculpas pela demora.

— O que tem nesse pacote? — Emiko pergunta curiosa.

— As cinzas de Yuko.

Emiko engole em seco, havia percebido que a urna de Yuko não parecia estar entre os pertences dele, Nishikiyama não deixaria na mala, esse tipo de coisa era deixada em alguma estante em casa, não apenas por causa do respeito ao falecido, como também era algo dele, sempre dizia na adolescência que se seus pais tivessem sido cremados e ele tivesse acesso a urna com as cinzas, deixaria em algum lugar da casa, faria um altar e sempre conversaria com eles como se estivessem ali quando precisasse, então acreditava que ele cumpria isso com as cinzas de Yuko.

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