Capítulo 37 - Tubarão Feio

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Kiraz sentiu um incômodo nas mãos, mas não entendeu o motivo. Tentou movê-las por algumas vezes, mas havia alguma coisa impedindo. Abriu os olhos e voltou a fechá-los rapidamente, ela era muito sensível a claridade quando acordava. Aos poucos foi abrindo as pálpebras novamente, até finalmente conseguir visualizar o quarto estranho em que se encontrava.

Por alguns instantes se perguntou se aquele era o quarto de Maite, mas achou os tons de preto e cinza masculinos demais.

Mas o que afinal aconteceu noite passada? Onde estava e por que suas mãos... céus estava presa! Naquele momento percebeu que suas mãos estavam amarradas com uma gravada e foi tomada pelo pânico. Que loucura tinha cometido? Ela tinha saído do bar com alguém, mas quem?

Pensou em gritar, mas e se tivesse em poder de algum sequestrador? Ele saberia que acordou e aí sabe-se lá!

- Fico feliz que tenha acordado.

Kiraz não tinha percebido, mas Daniel estava parado no batente da porta a olhando de braços cruzados. Ela piscou algumas vezes se perguntando se não era melhor estar nas mãos do sequestrador do que dele. Ela não sabia o que aconteceu, mas uma coisa era certa, estava perdida!

- Eu... fiz alguma coisa ontem?

- Fez, muitas.

Ela temeu ouvir isso porque sabia que ele nunca falava brincando. Sabia que era quase que um suicídio perguntar, mas ela precisava saber ou não ficaria com a consciência tranquila enquanto estivesse as cegas.

- O que... eu fiz?

Daniel puxou uma cadeira e sentou-se ao lado da cama. A bem verdade é que sim, estava com vontade de rir, a tímida e inocente Kiraz ficaria horrorizada se descobrisse que era uma pervertida quando estava bêbada.

- Você confundiu água com vodka. Quando cheguei na sala estava em cima da mesa dançando e cantando Baby Shark.

Ele decidiu poupar a parte em que a viu ameaçar a tirar a roupa. Afinal o resto poderia até ser engraçado, mas não queria constrangê-la.

- Como eu... terminei... assim?

Kiraz mostrou as mãos amarradas e Daniel tinha esquecido disso.

- Ah me desculpe, mas... foi necessário. Com licença eu... vou soltar agora mesmo, sim?

O diretor parecia um pouco constrangido, mas ela estava mais. Afinal, ele poderia ser bravo, mas não conseguia imaginar ele abusando de ninguém, então isso só pode ter uma explicação.

- Sei que vou me arrepender, mas eu realmente... preciso saber o que eu fiz.

- Tem certeza?

- Uhum.

- Em primeiro, você sabia que era intolerante ao álcool?

- Sim, sei disso desde os meus 16 anos quando Meli e eu tomamos champanhe no ano novo.

- E o que aconteceu daquela vez?

- Bem... humm.. Eu sei pouca coisa só o que Meli me contou. Aparentemente eu... sai correndo pela praia e terminei no meio de um luau com turistas. Ela não sabe muito mais, só que me encontrou dormindo na praia na manhã seguinte.

Aquela história tinha algo de familiar pra ele. Daniel sempre gostou de luais e nas praias gregas aquilo era muito comum. Ele mesmo tinha participado de alguns com danças típicas e tudo mais. Um deles ele conseguia lembrar bem, estava na Ilha de Creta e foi ali que conheceu a sua ex-mulher quando ela caiu no seu colo depois que uma garota esbarrou nela... Oras não precisava lembrar de uma coisa dessas, algo tão... inútil!

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