Sebastian passou veloz pelo corredor do hospital. Ignorando qualquer chamado, continuou caminhando pra fora do hospital. Christian que explicasse para os outros o que aconteceu.
Entrou na caminhonete e arrancou como se estivesse sendo perseguido. Precisava sair correndo dali ou sentiu que iria sufocar. As cenas do quarto voltaram a sua mente. Não bastasse a explosão, a morte de Margot, o choque ao se dar conta de que Maite não foi a culpada pelo incêndio, ela ainda perdia a memória. Não sabia como lidar a situação.
A Maite de agora era como a adolescente que um dia ele rejeitou. A médica foi clara: "em situações traumáticas o paciente pode apagar memórias que o machucaram e não apenas fatos recentes, é uma forma do cérebro resolver problemas sem ter que enfrentá-los".
E ali estava a verdade escancarada na sua cara. Maite apagou as memórias do dia do baile, consequentemente isso significava que o fato dele expulsá-la da cidade foi algo que ela não conseguiu lidar bem. Talvez a expulsão em si não fosse o problema, mas sim QUEM FEZ ISSO, no caso ele. O que exatamente ela sentia por ele a ponto de se machucar tanto? Se ao menos ele soubesse...
Freou o carro. Pra sua sorte a estrada estava vazia. Era isso! Ele tinha como descobrir ao menos alguma coisa.
Deu meia volta e partiu rumo a fazenda. Sua ideia era passar primeiro na delegacia para buscar sua filha, mas deixaria isso pra depois. No momento ele precisava de respostas!
Um policial acenou na entrada da casa de Maite e informou que os bombeiros já tinham terminado o trabalho. Ele veria os resultados preliminares da investigação depois. No momento, apenas queria resolver outra coisa.
- Margot eu che...
Deu-se conta que ela não estava mais ali. Ela era parte da família e não fazia ideia de como contaria isso pra sua filha, mas deixaria pra pensar nisso depois. No momento só uma coisa importava.
Subiu as escadas indo diretamente para o seu quarto no final do corredor. A casa era grande com seis quatros, um pra cada irmão, o da sua filha e o da Margot. A maioria deles acabava vazio já que Dani, Diego e agora mais recentemente Leo havia se mudado para a capital.
Seus olhos se fixaram na última gaveta da cômoda que ficava ao lado da poltrona que ele usava para ler a noite. Abriu e lá estava: o caderno rosa, o diário que num impulso ele tirou da casa de Maite. Pensou em devolver a ela, mas no momento estava feliz por não ter feito isso. Também sabia que era errado invadir a privacidade dela, mas... não tinha jeito, precisava ir atrás do que ele ainda não sabia. Folheou algumas páginas até que o seu nome saltou diante dos seus olhos em uma delas.
Rosa Azul, 11 de outubro de 2011
Ele é lindo! Não, não é exagero, ele é realmente lindo! Minha Nossa Senhora Protetora dos Homens Bonitos, espero que não seja pecado alguém ser tão bonito porque ele já ultrapassou todos os limites!
Tio Juan falou que ele se chama Sebastian. Ele tem três irmãos, mas nenhum é tão bonito quanto ele. Eu estou realmente chocada. Nunca entendi por que não gosto dos garotos da minha idade, agora eu sei, faltava ser ele, igual vinho, mais velho e melhor.
Sebastian deu uma risada sincera. Ali estava a adolescente travessa que o perseguia por todos os lados. Aquilo as vezes poderia ser chato, mas ao mesmo tempo era leve porque Maite não fazia questão nenhuma de disfarçar o quanto estava atraída, era uma garota muito transparente.
Rosa Azul, 13 de novembro de 2011
Ele convidou o meu tio e eu pra jantar. Quase cai pra trás quando ouvi. Tudo bem, não é um encontro só nosso, na verdade ele quer agradecer tio Juan pela ajuda e enfim... vou fingir que é! Ao menos por alguns instantes vou me permitir sonhar que ele nos convidou apenas porque está interessado em mim... vai que acontece né?
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O Jardim das Borboletas
DiversosO que afinal as borboletas significam? Pra algumas culturas antigas elas representavam as mensageiras dos deuses. Já para os indígenas americanos, as borboletas significavam esperança e de renovação espiritual. Por outro lado a mitologia grega dizia...