- EU JURO QUE VOU MATAR AQUELA SIRIGAITA QUE VOCÊ CHAMA DE EMPRESÁRIA!
Maite desligou o telefone na cara de Alfonso, não conseguia se conformar com a ousadia daquela mulher!
Não bastasse a confusão da noite passada com Daniel e Alfonso tirando Kiraz e Annie do bar, Christopher a expulsando do seu quarto para cuidar de Dulce, ainda teve que enfrentar aquela vaca da Marisa ameaçando matar Paulo caso não entregasse os vídeos de segurança do Era La Música.
Aquilo era um absurdo! Aquela vaca... opa talvez estivesse ofendendo demais a coitada da vaca, mas o fato é que aquela mulherzinha passou dos limites! Quando estava prestes a fechar o bar, Marisa invadiu o lugar com dois homens armados. Pensou em gritar por Christopher, mas ficou com medo que isso assustasse Dulce, assim não teve jeito, precisou enfrentar a bruxa sozinha!
- Já passou neném, fica tranquilo sim?
Maite estava abraçadinha ao coelho. Sabia que Paulo geralmente não gostava de troca de afetos, mas até ele parecia assustado.
A porta voltou a se abrir e ela não sabia que loucura faria se fosse aquela mulher novamente. Se amaldiçoou por não ter trancado, deveria ter feito isso assim que ela saiu!
- Eu vou logo avisando que eu já chamei a polícia!
- E isso por que?
Sebastian apareceu e ela não pode evitar o suspiro de alívio. No momento, até mesmo a visita dele era melhor do que a volta daquela mulher.
- O que faz aqui as cinco da manhã? Por acaso não dorme?
- Na verdade, é um tanto irônico você perguntar isso, não?
Sebastian questionou observando atentamente o rosto de Maite. A postura na defensiva e o olhar de preocupação indicava que algo muito sério havia acontecido ali.
- O que aconteceu?
- Nada!
- Garota eu sou policial, meu instinto não falha. Me diz, o que aconteceu? Por que chamou a polícia?
Falhava sim! E como falhava! Caso contrário, ele teria investigado melhor o incêndio no galpão antes de expulsá-la da cidade. Mas isso não era algo que pudesse ser mudado e falar sobre o assunto não ajudava em nada.
- Não vai me dizer por que está aqui?
- Vou, mas antes quero saber o que aconteceu.
- Onde está indo?
- Oras, fazer café!
Sebastian deixou uma Maite um tanto desconcertada pra trás e passou a andar como se estivesse em sua casa. Ele sabia que não conseguiria arrancar nada dela se estivesse nervosa, portanto, preferiu vir fazer café até que ela se acalmasse.
O telefone tocou e ela passou a gritar com a pessoa. Quem quer que fosse, certamente perder os tímpanos.
- EU ESTOU AVISANDO ALFONSO! FOI A PRIMEIRA E ÚLTIMA VEZ QUE AQUELA LOUCA ENTROU AQUI E ME AMEAÇOU. DÁ PRÓXIMA VEZ QUE ELA OUSAR TOCAR NO PAULO EU VOU COLOCÁ-LA NO OUTRO MUNDO E NÃO ESTOU ME IMPORTANDO NEM UM POUCO EM IR PRESA POR ISSO, AO CONTRÁRIO, VAI SER UM FAVOR QUE EU FAÇO PRA HUMANIDADE!
Maite desligou o telefone pela segunda vez. Estava completamente irritada e estressada com a situação. O que aconteceu era inadmissível e se Alfonso não tomasse as medidas necessárias então ela mesma se encarregaria de fazer alguma coisa!
- Quem ameaçou você?
Sebastian voltou com duas xícaras de café. Estendeu uma à Maite que parecia prestes a cavar um buraco no chão andando de um lado para o outro sem parar.
- Sabe, eu conheço o governador, talvez ele possa aproveitar pra fazer mais uma linha de metrô com o buraco que você vai abrir no chão.
Maite parou de andar e só então se deu conta que ele tinha uma xícara de café quentinha estendida na sua direção. Ela era imune a muita coisa, mas ao café não resistia e o Ogro de Botas sabia muito bem disso.
Sebastian sentiu uma coceira nos tornozelos, olhou pra baixo e deu de cara com o pequeno coelho tentando se enfiar no meu das suas pernas. Ele realmente não gostava daquele coelho e a recíproca era verdadeira porque da última vez ele resolveu degustar o seu sapato. Então pra ele se aproximar daquela forma algo de muito sério aconteceu. Se abaixou e pegou o pequeno animal que tremia. Ele podia não gostar do bicho, mas ficou com raiva imaginando alguém fazendo mal a ele.
- Muito bem, as coisas estão estranhas, por que a pes... o seu coelho parece estar... com medo? E não venha me dizer que não é nada, ouvi você no telefone. Anda logo e me diz quem foi a "louca" que te ameaçou?
Mai pegou Paulo novamente no colo. Sebastian a observava e se viu então sem saída. O fato de ele ter escutado seus berros no telefone com Alfonso eram indícios o suficiente que ela não poderia negar. Passou então a contar os eventos da noite, desde o momento em que seu irmão e Alfonso tiraram as meninas do bar até o instante em que Marisa chegou com dois homens armados exigindo as gravações da noite. O coitado do Paulo quase tinha passado dessa pro outro mundo nas mãos daquela mulher.
- Bem, a primeira coisa a se fazer é abrir um boletim de ocorrência. É pra sua própria proteção. Alfonso e Anahí são famosos e ela pode querer usar essas imagens em algum lugar, o que pode te trazer problemas.
- Ela disse que voltaria caso eu a denunciasse.
- Ela não ousaria fazer isso.
- Por que acha que não?
- Porque qualquer coisa que acontecer com você depois disso, a tornaria a principal suspeita.
- Sim, mas do que serve isso se ela me mandar direto pro céu? Reclamo com quem? Com Deus ou com São Pedro?
Sebastian começou a rir. Ele tinha esquecido como Maite pode ser absurda algumas vezes. Não sabia, mas ele sentia falta da garota que ficava sentada na cerca da sua casa o enchendo de ideias malucas.
Maite por outro lado estava chocada. Quem era aquele cara que ria tão despreocupado? Ela não se lembrava da última vez que o viu rir daquele jeito. Mas uma coisa ela recordava com absoluta certeza: foi exatamente por ele rir que ela se apaixonou e passou muitas vezes sentada na cerca que fazia a divisa das casas falando coisas bobas só pra fazê-lo rir pra ela. Ela costumava pensar que era uma colecionadora de sorrisos.
- Bem ouvi falar que o departamento dele está um pouco cheio pra receber novos moradores no céu, então é melhor consultarmos as autoridades locais mesmo.
Mai estranhou a resposta, desde quando ele tinha senso de humor? Ainda assim sorriu, tinha que aproveitar, vai que aquilo era um episódio único que nem o Cometa Halley?
- Está certo, em todo caso vou contratar uns leões ferozes pra ficar na porta do bar, só pro caso de ela querer voltar. Mas aí nesse caso é melhor deixar o Paulo lá em cima pra ele não servir de janta pros leões.
Sebastian voltou a rir, mas não por muito tempo. Ele não entendeu como as coisas aconteceram. Foi tudo muito rápido, num instante estava rindo com Maite e no outro uma pedra quebrou uma das janelas do alto que ficava na entrada.
- Você tá bem? Algum vidro pegou em você?
Sebastian passou a procurar por algum machucado nela. A janela tinha saltado estilhaços pra tudo que era lado.
- Tranquilo, eu estou bem. Por sorte estava de costas. E você?
- Nada também.
Respiraram aliviados, mas Mai soltou um grito quando uma segunda pedra foi arremessada. Essa caiu aos seus pés e não era só a pedra. Havia um bilhete amarrado. A mensagem em letras grandes e vermelhas era curta e clara:
VÁ EMBORA!
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O Jardim das Borboletas
РазноеO que afinal as borboletas significam? Pra algumas culturas antigas elas representavam as mensageiras dos deuses. Já para os indígenas americanos, as borboletas significavam esperança e de renovação espiritual. Por outro lado a mitologia grega dizia...