Limão doce; amor e sangue. (Romance gay)

Lobão

  Na manhã seguinte Joice acorda, ela olha para o lado na cama e Limão não estava, quando vai a cozinha pegar um copo de água ela encontra o rapaz sentado no sofá assistindo televisão, ele ainda estava com as mesmas roupas de ontem à noite e ainda bebendo cerveja.

_Tu não dormiu ainda? _Pergunta Joice.

_Não! _Responde seco.

_Que parada foi aquela de ontem?

_Não quero falar disso.

_Como não? Você quase matou aquele cara.

_Matar essas bixas não é grande coisa.

_Mas que caralho Limão, eu sempre soube que você era homofóbico, mas agora quer começar a matar todos os gays? O que você tem na cabeça? _Diz Joice se aproximando irritada.

_A vai se foder, não quero tomar sermão de uma "ex-puta". _Diz Limão se levantando.

_O que você falou? _pergunta Joice dando um tapa no peito de Limão. _Eu sou mulher pra caralho seu noia, ninguém fala comigo desse jeito.

_Tá achando que é quem piranha? Se não fosse por mim tu ainda tava fazendo programa naquela boate pé sujo, e eu não sei que merda me deu na cabeça, qualquer mulher dessa merda aqui é doida pra dar pra mim, e eu fui me prender logo com uma puta. _Diz Limão, indo até a cozinha irritado.

_É o que caralho? Tá maluco? Eu que me sacrifico pra ficar com um noia retardado como você, cheio de trauma, preconceituoso, agressivo, quer saber, eu já tô cansada de consolar você quando acorda gritando no meio da noite chorando igual um bebê, fala a verdade, você foi estuprado quando criança, não é?

  Ao ouvir as palavras de Joice, Limão trava, ele olha para ela com os olhos arregalados e uma expressão assustadora no rosto, pela primeira vez ela sente medo e dá um passo para trás, de repente ele se joga contra Joice, desfere um tapa no rosto dela e puxa violentamente seu cabelo a jogando contra o sofá, nesse momento ele pega sua arma e sobe sobre a mulher que estava caída no sofá.

_Vai vagabunda, repete o que tu disse, repete pra eu encher sua cara de bala. _Diz Limão pressionando o cano da arma contra a testa de Joyce.

_Pega suas coisas e sai agora da minha casa seu psicopata. _Ordena Joyce em seguida cuspindo no rosto de Limão.

_Puta! _Diz Limão indo em direção a porta e saindo pra rua.

Joice se levanta chorando de raiva e corre até o quarto pegando as roupas dele e as atirando pela janela.

_Desaparece daqui seu monstro, seu bosta, filho da puta! _Berra Joice na janela, chamando a atenção dos vizinhos.

Limão sobe em sua moto e vai até um prédio abandonado no interior da comunidade, ao chegar ele vê alguns dos homens de Lobão em frente ao local, ele desce da moto e adentra o local cumprimentando os companheiros com um aperto de mãos que eles aproximam do peito, em seguida ele sobe alguns lances de escadas até chegar ao terceiro andar da estrutura, onde Lobão estava sentado lendo um livro.

_E ai Lobão. _Diz Limão se sentando em uma cadeira perto dele.

_Limão, meu braço direito e meu melhor amigo, acho que você deve me dizer alguma coisa em relação ao problema de ontem. _Diz Lobão fechando seu livro.

  Lobão gosta de passar a imagem de um homem culto e vaidoso, com seus vinte e oito anos, desde cedo se envolveu no tráfico, cresceu nesse ramo sempre agindo de forma calculista o que lhe garantiu a fama de estrategista, vivia lendo livros e bebendo Whisky, medindo um metro e setenta e sete, branco, de cabelos pretos e curtos, ele exibe com orgulho o cavanhaque sempre bem desenhado, que junto a sua barriguinha e estilo de homem maduro faz sucesso entre as mulheres.

_Foi mal man, eu tava alto, fiquei bolado, não queria estragar o seu baile. _Diz Limão.

_Aí mano vou te falar uma coisa, eu sei que você odeia gays e tals, mas papo reto, nossa comunidade tá lotada deles, viados, sapatãos, travestis, e eles são moradores, eles trazem dinheiro pra cá porra, uma boa parte dos caras que compram da gente é viado, eu tenho mais de vinte travestis fazendo programa pra mim mano, eles são uma fatia importante de mais dos nossos lucros. _Explica Lobão enquanto acende um baseado.

_Eu sei mano, mas eu fiquei puto quando vi aqueles dois lá, eu conheço aquele viadinho, já me bati com ele algumas vezes.

_Foi bom você falar isso, vem comigo que vou te mandar o papo. _Diz Lobão se levantando.

  O gerente do tráfico local caminha em direção a outra sala no mesmo andar, Limão o segue desconfiado, quando chegam eles encontram dois homens que vigiavam um terceiro que estava caído no chão, inconsciente e muito ferido, havia acabado de ser violentamente espancado, mesmo assim Limão o reconhece de imediato e se assusta.

_Esse aqui é o tal Rato, esse filho da puta tava achando que isso aqui é a casa da porca da mãe dele e podia fazer o que quisesse, roubando na minha comunidade, acredito que você o conheça, não é? _Pergunta Lobão, chutando o abdômen do homem caído.

_Sim! Ele é um mano ai. _Responde Limão constrangido.

_Mano? Ele é seu mano? Filho da puta, acha que não sei que vocês andam assaltando e atacando gays aqui na minha comunidade? Eu tenho cara de trouxa? _Pergunta Lobão, indo até Limão e agarrando a gola da sua camisa.

_Não mano, mas...

_Mas o caralho, sabe por que nós protegemos os morador? Sabe por que eu não deixo ter assaltos aqui na minha comunidade? Por que não quero a polícia se metendo aqui, e por que nós precisamos do apoio dos morador, se essa gente se sente segura, feliz, nós fazemos nosso negócio aqui em paz, por isso que a minha justiça é implacável, entendeu? Burrão! _Pergunta Lobão aos berros.

_Tô ligado mano.

_Espero que esteja mesmo, você é o meu melhor homem, filho da puta, se não fosse por você eu tinha morrido naquele presidio, tu me salvou, e desde então tá fechado comigo, eu peguei seu amigo pra te passar essa advertência, se eu ficar sabendo de mais alguma gracinha, vai ser você ali, entendeu? _Pergunta Lobão, segurando o rosto de Limão e aproximando suas testas para se encararem.

_Sim, foi mal mano, vai rolar de novo não. _Diz Limão.

_Isso aí meu maninho, toma aqui, esse livro que tô lendo é sobre gerenciamento de equipes, pode levar, vai ser bom pra você. _Diz Lobão entregando o livro ao mais novo.

Limão agradece e se despede, em seguida ele sai da sala e desce as escadas, indo embora, quando sobe em sua moto suas mãos tremiam, ele estava em um estado de estresse mental tão grande que estava prestes a explodir, ele liga sua moto e sai em disparada.  

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