Noite de caça

53 3 0
                                    

Limão sobe em sua moto e segue em direção a entrada da favela, onde se encontra com outras duas pessoas.

_E aí Limão, demorou parça. _Diz um dos homens, conhecido como Rato.

_E aí cria, foi mal, eu acabei cochilando a tarde. _Responde Limão, descendo da moto.

_Qual foi dessa cara amarrada aí mano? _Pergunta o outro, conhecido como John.

_E ai John, pô, tô boladão, sai de casa tinha um viado lá fazendo a unha da minha mulher, sabe aqueles bem menininha, de franjão e tudo, me deu até nojo de ver ele dentro da minha casa. _Explica Limão.

_Tô ligado mano, é foda pô, ó fica ligado nesses viado hein, ainda mais tu que tem mó mulherão, se bobear parça, já viu né. _Alerta o Rato.

_Nem me fala irmão, eu pipoco os dois na bala. _Diz limão, levantando a camisa e mostrando a arma na cintura.

_Papo reto, mas e aí, pra onde vamos hoje? _Pergunta John.

_Vamo descer pro Bancários, é mais longe do último lugar que a gente foi. _Diz Limão.

_Papo reto, bora lá. _Diz John subindo na sua moto e levando o Rato na garupa.

O trio tem um forte ideal homofóbico, todos são envolvidos no tráfico da favela do Dendê, por isso eles costumam atacar homossexuais nos demais bairros da região, agredindo e roubando as vítimas.

O plano de ação é simples, eles aproveitam da boa aparência de Limão para atrair a atenção das vítimas enquanto os outros dois a atacam quando estiver distraída.

Eles param em uma rua tranquila do bairro, próximo a uma academia, Limão fica encostado sem camisa na mureta, os outros dois aguardam do outro lado da rua escondidos, eles ficam em alerta quando um homem sai da academia e entra na rua, seguindo para casa, tudo indicava ser um gay, pelas roupas, postura e jeito de andar, essa era a deixa, para o Limão entrar em ação.

Limão vem andando em direção ao rapaz, sem camisa para chamar a atenção, quando se aproxima, ele já percebe um olhar de interesse de sua vítima, Limão se aproxima com um olhar safado e provocante.

_Nossa, que gato em! _Diz o rapaz prestando mais atenção em Limão.

_E aí delícia? _Diz Limão parando próximo.

_Oi gato, tá indo pra onde? _Pergunta o Rapaz.

_Só dando um rolê, tentando achar alguma coisa interessante pra fazer. _Responde Limão.

_Entendi, e aí, tá a fim de ir lá em casa? A gente pode fazer alguma coisa interessante juntos. _Diz o Rapaz acariciando o braço do outro.

_Bora lá. _Responde Limão.

Nesse momento Rato e John se apressam e agarram o rapaz por trás, imobilizando seus braços, Limão imediatamente começa a desferir socos no rosto e abdômen da vítima.

_Sua bicha nojenta, é isso que você merece, imundo! _Grita Limão, continuando sua sequência de agressões.

Após alguns minutos de violência extrema eles revistam o rapaz levando tudo o que ele tinha de valor, em seguida o deixam muito ferido e sem consciência caído na calçada, e fogem para se reunirem em outra rua.

_Porra de viado pobre, tinha um celular, um relógio digital e trezentos reais. _Reclama John.

_Tá bom, o último não tinha nada. _Diz o Rato.

_E aí como vamos dividir? _Pergunta John.

_Façam aí entre vocês, eu preciso ir. _Diz Limão.

_Valeu mano, vamos combinar a próxima depois. _Diz John apertando a mão de Limão, que sobe na sua moto e sai em disparada.

Ele anda pelas ruas sem rumo, sentia a cabeça pesada e estava irritado, queria espairecer, em uma dessas ruas, por volta de vinte horas, ele avista um rapaz caminhando sozinho, a rua estava tranquila, o rapaz não parecia usar nada caro, mas estava com uniforme de um supermercado próximo, e era semana de pagamento, com certeza tinha algum trocado, ele para a moto e segue o garoto a pé por alguns metros, até que resolve aborda-lo, o segurando pelo ombro e jogando contra a parede já apontando a arma para o rosto da vítima.

_Perdeu, perdeu, passa tudo. _Ordena Limão já agarrando o pescoço do rapaz.

_Que isso? Calma cara. _Pede o garoto, que aparentava ter mais ou menos dezenove anos.

_Calma o caralho, passa tudo o que tem, ou eu te mato agora filho da puta. _Diz Limão revistando rapaz com agressividade.

_Por favor, não faz isso. _Pede o menor em desespero.

_Que porra é essa? Esse caco de telefone? _Pergunta Limão, irritado ao ver que o aparelho celular do rapaz era de um modelo antigo e já estava bem gasto, enfurecido ele joga o aparelho violentamente contra o chão o destruindo.

_Não, não, por favor, eu preciso disso. _Pede o rapaz, desesperado e já começando a chorar quando percebe que Limão revista o bolso onde ele tinha dinheiro.

_Porra, quinhentão, sabia que tu não era um fodido. _Diz Limão pegando o dinheiro e guardando no bolso.

_Por favor, esse dinheiro é pra comprar comida pros meus irmãos, é para o mês todo. _Implora o garoto.

_Vá se foder, pede misericórdia pra Deus, comigo é só grana e sangue, se fode aí, otário. _Diz Limão, dando um soco no rosto do garoto que cai sentado no chão.

Quando ele se vira para ir embora, sente as mãos do rapaz abraçando suas pernas, usando toda a sua força para não deixar o criminoso escapar.

_Por favor, deixa pelo menos a metade, meus irmãos não vão ter o que comer. _Implora novamente aos prantos.

_Puta que pariu, que cara chato. _Diz Limão se virando e acertando um chute no rosto do garoto, que cai inconsciente.

Depois desse assalto, Limão vai para casa, ele chega, sua mulher já estava dormindo, liga a TV da sala e toma uma cerveja, mas não consegue tirar o olhar desesperado de sua última vítima da cabeça, por algum motivo aquilo o incomodou. 

...

Limão doce; amor e sangue.     (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora