O preço da liberdade.

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  Duas semanas se passam desde o natal, a família vive um clima agradável, Limão se sente cada vez mais acolhido, aos poucos ele fica mais íntimo de Luan, que retribui com confiança, compreensão e carinho, mas por outro lado um incomodo cresce a cada dia dentro dele.

  Enquanto desenvolve fortes laços com a sua nova família, Limão vê essa relação entrar em conflito com a sua realidade nas ruas, suas atividades ao serviço do Lobão, ele monitora o tráfico, e começa cada vez mais a se sentir deslocado e enojado com tudo aquilo.

  Durante a tarde ele vai de moto até o prédio do Lobão, sobe as escadas com um pouco receio, seu coração acelera, muita coisa pode dar errado a partir daqui, mas é algo que ele precisa fazer, ele entra no "escritório" do Lobão e esse estava com outras três pessoas.

_Limão meu parça, o que tá fazendo aqui a essa hora? _Pergunta Lobão.

_E aí mano? Podemos trocar uma ideia? _Pergunta Limão, com o semblante sério e a voz baixa, encarando os demais.

Lobão entende de imediato, ele faz um sinal com as mãos ordenando a saída dos demais, quando finalmente estão a sós Lobão se levanta, dá a volta na mesa e se senta sobre ela ficando frente a frente com o outro.

_Manda o papo.

_Visão, tu sabe que trabalho aqui contigo todo esse tempo, e sabe também que sempre pode contar comigo, não é? _Pergunta Limão.

_Claro porra! Tu é meu braço direito aqui, meu homem de confiança.

_Mas a parada é a seguinte mano, eu tô começando uma vida nova, uma família nova, e o Luan disse que eu deveria voltar a estudar, ter uma profissão e tals...

_E então você veio aqui me pedir pra sair fora, certo? _Pergunta Lobão, o interrompendo.

_Si... Sim! Mas eu não vou sair de qualquer jeito, eu posso trabalhar pra tu mais uns dois meses, talvez, eu também tenho um dinheiro guardado, posso te pagar um valor como indenização. _Diz Limão.

_É sério isso mano? Você é a porra do meu braço direito, o mais brabo dos brabo, tem noção de tudo o que eu tive que fazer para botar você aqui dentro dessa porra? Pra fazer essa comunidade te aceitar? Eu tô muito decepcionado com você, filho da puta. _Diz o Lobão, se aproximando um dando um tapa rápido na cara de Limão que não reage.

_Eu... Foi mal mano, eu sei que tô pisando na bola, mas eu realmente não tô mais à vontade aqui, quero essa vida pra mim mais não. _diz Limão.

_Isso não está certo, você sempre foi o fodão aqui da comunidade, até o mais brabo da favela fica esperto quando você passa, hoje pela primeira vez eu vi tu entrar aqui de cabeça baixa, já gaguejou duas vezes, você não serve mais para esse trabalho, esse garoto aí que tu tá pegando, ele te domesticou, tu virou cadelinha, tá até de coleira no dedo. _Diz Lobão, puxando a mão do Limão.

_O que tu quer dizer?

_Quero dizer que você pode ir meu mano, tu já salvou a minha vida, me ajudou pra caralho todo esse tempo, me ajudou a pôr ordem na casa, vai ser uma grande perda, mas você pode ir, tu tá livre pra ir viver sua vida. _Responde Lobão, sorrindo e dando um leve tapa no ombro do outro.

_Sério? Achei que tu tava puto. _Diz Limão surpreso.

_O Lobão chefe está puto, mas o Lobão parceiro tá feliz por você, eu sei que tu teve uma vida fodida, merece algo bom, vai lá mano, ser feliz, obrigado por tudo, mas ó, sugiro que você vai embora com seu marido, tu tem uns inimigos aqui. _Alerta Lobão.

_Visão! Eu vou fazer isso..., puta que pariu, obrigado por tudo mano, obrigado mesmo. _Diz Limão, abrindo um largo sorriso e abraçando Lobão.

_Deixa os abraços pro seu garoto lá, vai logo pra casa rapaz, você tá demitido. _Diz Lobão, afastando Limão.

Limão doce; amor e sangue.     (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora