José caminha noite adentro, fraco, cansado, ele esgueira pela mata, se escondendo de qualquer pessoa que pudesse o encontrar, ferido, com fome e sede, ele caminha sem parar até que desmaia no jardim de uma casa pela manhã.
Horas depois ele acorda, olha para cima e vê um teto branco, percebe que estava deitado em uma cama macia e quentinha, sem reconhecer aquele lugar ele se senta com dificuldade, todo o seu corpo dói.
José olha ao redor, estava em um quarto aconchegante e bem arrumado, havia vários brinquedos e pelúcias em um canto do quarto, uma janela ao lado da cama trazia luminosidade e ar fresco para o local, sobre uma cômoda algumas fotos de pessoas que ele não conhecia, tenta se levantar, mas de repente ele ouve um barulho na porta, que se abre em seguida.
_Oi! Você acordou, que bom uai, eu trouxe umas coisinhas pra você beliscar, deve estar faminto. _Diz uma senhora, que entra no quarto com um sorriso simpático enquanto carrega uma bandeja com alimentos.
_Quem é você? O que fez comigo? _Pergunta José assustado se jogando contra a cabeceira da cama.
_O que eu fiz? Bom eu te limpei, te coloquei roupas novas e pinguei na sua boca um remédio para a dor, você estava bem ferido. _Diz a mulher colocando a bandeja na cama.
José olha para a bandeja onde havia uma caneca com achocolatado, um pedaço de bolo de chocolate, pão e pedaços de maçã, além de um copo com água, sua barriga ronca e sua boca se enche de água, mas ele vira o rosto para o outro lado.
_Meu nome é Jacira e você, como se chama? _Pergunta a senhora.
_Jo...José. _Responde com receio.
_José, um nome bonito, assim como você, aqui, pode comer à vontade, coma e descanse mais um pouco, eu venho ver como você está mais tarde. _Diz Jacira, se virando e caminhando em direção a porta.
Assim que a porta se fecha e José se vê sozinho, ele pula sobre a bandeja e come tudo o que consegue, sem cerimônias, de barriguinha cheia e ainda cansado ele se deita na cama, o garoto se lembra do que aconteceu na noite anterior e não consegue segurar as lagrimas, ele chora em silêncio até pegar no sono novamente.
Jacira vai até a varanda onde seu esposo estava sentado, ela se junta a ele no banco de madeira, ficando em silêncio, perdida em seus pensamentos.
_Tem certeza de que quer fazer isso? _Pergunta o senhor.
_Fazer o que? _Pergunta Jacira.
_Ficar com o garoto, eu sei que está pensando em fazer isso. _Diz o homem segurando a mão de sua esposa.
_Como eu poderia deixar ele partir, um garoto dessa idade, sozinho no mundo, ferido, com fome, sem ninguém, e tenho certeza de que fizeram "maldade" com ele. _Responde Jacira com os olhos cheios de lágrimas.
_Ele não é nosso filho, deve ter algum parente por aí procurando por ele, acho que deveríamos chamar a polícia.
_Não seria bom termos uma criança na casa? Depois que perdemos nosso filho e neto naquele acidente horrível? _Pergunta Jacira, segurando o braço do seu esposo.
_O que acha de deixarmos ele decidir? _Pergunta o senhor.
_Vamos ver isso mais tarde. _Diz Jacira.
_Mas caso ele decida ir, devemos avisar a polícia, aí eles dão um jeito de encontrar ele.
_Acho que é o correto. _Concorda Jacira, com a voz baixa, quase em um sussurro.
Ao anoitecer, Jacira vai até o quarto levar o jantar do garoto, ela entra no quarto com o coração apertado, José olhava para ela com um olhar assustado, como se fosse fugir a qualquer momento, aqueles olhinhos tristes estavam ferindo o coração mulher.
_Olha meu filho, eu trouxe o jantar para você, descansou bastante? _Pergunta Jacira, entregando o alimento para ele.
_Sim, Obrigado! _Responde o garoto.
_Você parece ser um bom garoto, onde está sua família? De onde você veio? _Pergunta Jacira.
_Eu não tenho ninguém, nem pra onde voltar. _Reponde José com um semblante triste.
_Entendo, sabe, esse é o quarto do meu neto, aquele da foto, ele morreu a dois anos em um acidente de carro, desde então essa casa ficou tão vazia e triste, escuta José, quer ficar aqui com a gente? Podemos cuidar de você. _Pergunta Jacira, com cuidado.
José pensa por alguns instantes, realmente era uma casa aconchegante, mas ele não poderia se permitir confiar nas pessoas novamente, então ele responde balançando a cabeça negativamente.
_Entendo, não vou te forçar, ali naquela mochila eu coloquei água e um alguns lanches, também tem algumas roupas do meu neto, vão servir em você, deixei um pouco de dinheiro, se escolher ir embora você pode levar para se garantir por alguns dias, mas eu gostaria que considerasse ficar, ao menos por um tempo. _Diz Jacira.
_Obrigado Tia! _Agradece José, dando um abraço rápido na senhora que se emociona ainda mais.
_Eu sei que não é certo deixar uma criança sair por aí sozinha, mas você é forte José. _Diz Jacira retribuindo o abraço. _Por falar nisso eu deixei um ursinho para você abraçar quando dormir, assim não vai se sentir sozinho, meu endereço está na mochila, você pode voltar quando quiser.
_Tudo bem, obrigado de novo tia Jacira.
_Você é um bom menino meu filho, agora eu vou deixar você descansar, pense direitinho, eu quero muito que você esteja aqui pela manhã. _Diz Jacira, dando um beijo na testa do garoto e saindo do quarto em seguida.
No outro dia pela manhã ela acorda cedo e vai direto para o quarto onde o pequeno estava, mas a cama estava vazia e a mochila havia sumido, ela se senta na cama e desaba em lagrimas, seu esposo entra no quarto em seguida e a abraça por um longo tempo.
_Será que tomamos a decisão certa? Ele é apenas um garoto, como podemos deixar ele sozinho? _Diz Jacira.
_Não tinha nada que a gente podia fazer, ele estava fugindo de quem o fez mal, talvez essa fosse a única pessoa que ele tinha, como ele não quis ficar aqui e não pode voltar, a única coisa que podemos fazer é rezar para que ele encontre pessoas boas pelo caminho e consiga se virar. _Diz o senhor.
Jacira já idosa, sentindo dores nas pernas, se levanta e caminha até a janela do quarto, ela olha para o jardim enquanto chora muito, sentindo seu coração apertado.
_Você tem uma casa aqui meu menino, volte quando quiser, eu vou estar esperando por você.
...
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Limão doce; amor e sangue. (Romance gay)
RomanceConheça a história de José Limão, mais conhecido nas ruas do Rio de Janeiro apenas como "Limão". Traficante, violento, instável e preconceituoso, Limão vive intensamente, carregando na bagagem os traumas de sua vida infeliz, enquanto se autodestr...